Dados históricos e variados temas para conhecimento


Aqui se registam vários temas, diversos dados, documentação, acontecimentos e mesmo também registos históricos. Tudo isso assuntos de certa forma de grande interesse e importantes que merecem ser do conhecimento geral, que não sendo na linha de um enquadramento em referência a Loriga, é acima de tudo um complemento inserido nesta Homepage www.loriga.de.


(1) História Círio NSNazaré

(2) Advento na Alemanha

(3) História do Pai Natal

(4) Os Paramentos na Igreja

(5) Consulado Virtual

(6) 5 Outubro Implantacao República

(7) Usos costumes alemaes - Ano Novo

(8) Significado Quaresma

(9) Semana Santa

(10) Dia Internacional Mulher

(11) 25 de Abril 1974

(12) Primeiro de Maio

(13) Cancro da Mama

(14) Equinócio em Macapá

(15) Reunificacao das Alemanhas

(16) História Prémio Nobel

(17) Barack Hussein Obama

(18) Cristo Rei em Almada

(19) A História dos Reis Magos

(20) Charles Robert Darwin

(21) A história de Fátima

(22) Gripe A (H1N1)

(23) Descoberta do Espaco

(24) Muro de Berlim

(25) História Dia Finados

(26) Resenha História Clube Português

(27) História da Electricidade

(28) Historia Emigracao Alemanha


História da Festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré (1)

No final da Idade Média, os portugueses devotos já levavam as imagens de seus santos padroeiros de uma aldeia a outra. O cortejo, que nem sempre era breve, às vezes atravessava a noite. Para iluminar o caminho e louvar ao homenageado, os fiéis levavam grandes velas. Como muitas tradições lusitanas, essa também atravessou o mar e chegou à colónia do Brasil, o hábito de fazer procissões e clarear os passos caiu no gosto do povo. Mas apenas nas terras do Grão-Pará a palavra Círio, que vem do latim cereus e, etimologicamente, significa "grande vela de cera", tornou-se sinónimo de procissão e de uma procissão específica: a de Nossa Senhora de Nazaré. Com o tempo, outras romarias ganharam essa denominação, mas o grande, o maior entre todos os Círios, é o de Nazaré.
O primeiro Círio de Nazaré foi às ruas numa tarde de quarta-feira. A história perde-se no tempo e o que se sabe é que a manifestação aconteceu para que o presidente da Província do Pará, o capitão-mor D. Francisco de Souza Coutinho, pudesse cumprir uma promessa feita à santinha, cuja imagem havia aparecido na antiga Estrada do "Maranhão", ou do "Utinga," nome como também era conhecido o caminho de terra que, hoje, estaria localizado no bairro de Nazaré.
D. Francisco planejava realizar, na capital, uma grande feira agropecuária e de artigos produzidos no interior. Do Marajó viriam bois e animais domésticos; de Mocajuba e Cametá chegariam patos, tartarugas e perus da região; do extremo Norte, das terras que hoje pertencem ao estado do Amapá, seriam trazidos cacau e castanha; o Acará mandaria cuias, guaraná, vassouras e tipitis; o Baixo Amazonas participaria com cerâmica e frutas. Seria um grande evento, ao qual Sua Excelência não poderia faltar. Três meses antes, D. Francisco adoeceu e sua ida à Feira estava praticamente cancelada.
Quase um século antes, uma imagem de madeira havia sido encontrada às margens do igarapé do "Murutucu". Esse igarapé, conhecido como "da Santa", depois chamado de "das Pedras", era afluente do igarapé das "Pedreiras", cortava a propriedade de Plácido José de Souza. Ninguém deve procurá-lo, hoje, na geografia de Belém, porque, como outros tantos, foi aterrado.

Plácido era um homem simples e devoto. Não se sabe exactamente que profissão exercia: fala-se que seria lenhador. Mas poderia ter sido caçador ou agricultor. Isso não é importante. O que conta é que, ao retornar para casa, encontrou a imagem de uma santa, esquecida (ou deixada) sobre pedras, às margens do igarapé. Como o registro pertence mais ao domínio da lenda do que propriamente ao da História, conta-se que a imagem também poderia ter sido achada entre os galhos de uma árvore. O certo é que Plácido José de Souza levou para casa a santinha, envolvida com um manto de seda brilhante. No dia seguinte, quando foi procurá-la, encontrou o pequeno altar onde a guardou completamente vazio.
Sem poder imaginar quem a havia tirado dali, (era improvável, no último ano do século XVII, em plena floresta amazónica, que os ladrões de peças sacras estivessem no activo) voltou ao local onde a encontrou e eis que estava lá, como se houvesse retornado ao lar. Plácido recuperou a santinha e levou-a, novamente, para casa.
No dia seguinte, ela não amanhecera onde fora deixada e já era possível saber seu paradeiro. Não há memória de quantas vezes o teimoso Plácido a reconduziu e ela voltava para o seu lugarzinho de origem. Certo de que sua santinha gostaria de ficar exactamente na beira do igarapé, ele construiu um pequeno oratório, que baptizou de "O Coração do Humilde".
O Governador da época, curioso, talvez descrente, mandou buscar a imagem e trancou-a, sob protecção policial, em um dos cómodos do Palácio. No dia seguinte, ela reapareceu em seu nicho original. Brotava, assim, na alma do paraense, a devoção à Virgem Maria de Nazaré.
De 1700, ano em que a imagem foi encontrada, até 1793, data da realização da Feira idealizada por D. Francisco de Souza Coutinho, a confiança em Nossa Senhora de Nazaré só fazia aumentar. As pessoas vinham de longe para pedir a ajuda da Mãe de Jesus.
O Presidente da Província sabia disso e valeu-se do auxílio de Nossa Senhora, prometendo que, se ficasse curado e pudesse participar da Feira, cujos preparativos começaram em 1791, levaria a imagem até o Palácio do Governo e, de lá, sairia em procissão até a capelinha, edificada no lugar onde Plácido, àquela época já falecido, construiu o primeiro oratório. Milagrosamente, D. Francisco ficou curado e, na noite de 7 de setembro de 1793, a senhora foi levada ao Palácio. Nascia, ali o Círio de Nazaré.
Na primeira procissão, como a diocese estivesse sem um Bispo titular, o Capelão do Palácio conduziu a imagem no colo. O cortejo seguiu pela margem do igarapé do Piri até chegar ao arraial. Consta que 1.932 soldados vinham à frente dos vereadores e do palanquim que trazia a imagem da santa, ao lado do qual seguiam o Presidente e o Vigário. Ao centro, seguiam cavaleiros fidalgos, usando casacos pretos e chapéus de três bicos e formavam alas. O esquadrão de cavalaria e seus clarins embelezavam o evento. Um agradecido D. Francisco de Souza Coutinho, já totalmente recuperado, prestigiou a Feira, durante todas as noites.
A procissão em honra de Nossa Senhora de Nazaré saia da Cidade Velha, tal como acontece hoje, e, para chegar ao local onde a santa foi achada, era preciso atravessar a cidade, através da mata. Quando escurecia, os fiéis acendiam os seus círios. Em 1800, o presidente da Província, Souza Coutinho, mandou fazer em Portugal uma grande vela, que abria a procissão. Era mais um hábito da "terrinha" que chegava ao Pará.

Nossa Senhora da Nazaré - Belém Pará

A romaria crescia de ano para ano e, em 1803, surgia a alegoria de D. Fuas Roupinho. Vinte e três anos mais tarde, era introduzido um carro com formato de castelo, onde estavam hasteadas bandeiras das nações cristãs. Esse mesmo carro levava homens que, ao longo do percurso, soltavam foguetes.
Em 1855, apareceram, de um só vez, mais três carros: a Barca dos Milagres, o Anjo Custódio e a Berlinda. A Barca dos Milagres era representada pelo brigue "São João Batista", para lembrar o ajuda de Nossa Senhora a doze marinheiros que conseguiram escapar de um naufrágio. Eles invocaram o seu nome e se salvaram, os outros não tiveram a mesma sorte, ou melhor, o mesmo amparo. O navio autêntico foi substituído por uma réplica em tamanho menor. O carro do Anjo Custódio foi construído para que a filha do primeiro vice-presidente da Província, Ângelo Custódio, pagasse uma promessa. A Berlinda, um dos mais bonitos símbolos do Círio, tinha o formato de um pequeno coche português.
Numa data não especificada, (talvez fosse 1868; talvez fosse 1885) uma tempestade quase inviabilizou a realização do Círio. Para evitar surpresas causadas pelo tempo, a procissão teve seu horário alterado e passou a sair de manhã, quando, no segundo semestre, raramente chove em, Belém. A partir de então, nunca mais se ouviu falar em Círio começando à tarde. Surgiam, ao mesmo tempo, sem que ninguém prestasse atenção, três tradições: a do Círio matinal (hoje, é verdade, devido à quantidade de pessoas, a procissão avança pela tarde. Em 2000, chegou à Praça Santuário às 16 horas!), o almoço em família e a corda, que foi usada para desatolar a berlinda do lamaçal que se formou, às proximidades do Ver-o-Peso, num dia em que o rio Pará, muito cheio, transbordou.
Até 1881, o Círio saía do Palácio do Governo. A partir de 1882, um acordo entre o bispo D. Macedo Costa e o presidente da Província, Justiniano Ferreira Carneiro, fez com que o cortejo partisse da igreja da Sé. Era mais uma tradição que se inaugurava. A data de realização do Círio, contudo, ainda não estava definida. Há registros de Círios em Setembro, Outubro ou Novembro. Em 4 de janeiro de 1886, a Sagrada Congregação dos Ritos marcou o último domingo de Outubro para a realização da festa de Nazaré. Posteriormente, fixou-se o dia do Círio no segundo domingo de outubro.
Bem diferente de hoje, quando o Círio é motivo de confraternização e não de brigas, no século XIX, mais exactamente em 1878, a procissão gerava discórdia. Questões envolvendo o bispo D. Macedo Costa e o governador José da Gama Malcher, por causa da construção da nova igreja de Nazaré, levaram a Diocese a proibir a realização do Círio. Um cortejo, de carácter puramente civil, foi às ruas, sem a presença de um religioso sequer. O mesmo aconteceu em 1979. Somente em 1880 o Estado e Igreja se entenderam e o Círio voltou a ser comandado pela Diocese, que passaria a ter o domínio do templo.

***

Mais Apontamentos *

O Círio de Nazaré, em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é um dos maiores e mais tradicionais festivos religiosos do Brasil, sendo celebrada desde 1793, na cidade de Belém do Pará. É celebrada anualmente no 2°domingo de Outubro. O Termo "Círio" tem origem na palavra latina "Cereus", que significa vela grande.
No Brasil, no início era uma romaria vespertina, e até mesmo nocturna, daí o uso de velas. No ano de 1854, para evitar a repetição da chuva torrencial como a que havia caído no ano anterior, a procissão passou a ser realizada de manhã.
O Círio foi instituído em 1793 em Belém do Pará, e até 1882, saía do Palácio do Governo. Em 1882, o bispo Dom Macedo Costa, em acordo com o Presidente da Província, Dr. Justino Carneiro, instituiu que a partida do Círio seria da Catedral da Sé, em Belém.
A introdução da devoção à Senhora da Nazaré, no Pará, foi feita pelos padres jesuítas, no século XVII. Embora o culto tenha se iniciado na povoação da Vigia, a tradição mais conhecida relata que, em 1700, Plácido, um caboclo descendente de portugueses, andava pelas imediações do igarapé Murutucu (área correspondente, hoje, aos fundos da Basílica) quando encontrou uma pequena estátua de Nossa Senhora de Nazaré. Essa imagem, réplica de outra que se encontra em Portugal, entalhada em madeira com aproximadamente 28 cm de altura, encontrava-se entre pedras lodosas e bastante deteriorada pelo tempo e pelos elementos.
Plácido levou a imagem consigo para casa, onde tendo-a limpado, improvisou um altar. De acordo com a tradição local, a imagem retornou inexplicavelmente ao lugar do achado por diversas ocasiões até que, interpretando o fato como um sinal divino, o caboclo decidiu erguer às próprias custas uma pequena ermida no local, como sinal de devoção. A divulgação do milagre da imagem santa atraiu a atenção dos habitantes da região, que passaram a acorrer à capela, para render-lhe homenagem. A atenção do então governador da Capitania, Francisco da Silva Coutinho, também foi atraída à época, tendo este determinado a remoção da imagem para a Capela do Palácio da Cidade, em Belém. Não obstante ser mantida sob a guarda do Palácio, a imagem novamente desapareceu, para ressurgir em seu nicho na capela. Desse modo, a devoção adquiriu carácter oficial, erguendo-se actualmente, no lugar da primitiva ermida, uma capela, hoje a sumptuosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.
Em 1773 o bispo do Pará, Dom João Evangelista, colocou a cidade de Belém sob a protecção de Nossa Senhora de Nazaré. No início do ano seguinte (1774), a imagem foi enviada a Portugal, onde foi submetida a uma completa restauração. O seu retorno ocorreu em Outubro desse mesmo ano, tendo a imagem sido transportada, do porto até ao santuário, pelos fiéis em romaria, acompanhada pelo Governador, pelo Bispo e pelas demais autoridades, civis e eclesiásticas, escoltadas pela tropa. Este foi considerado o primeiro Círio, que etimologicamente designa uma vela grande de cera. Desde então, o Círio de Nazaré é realizado anualmente, no segundo domingo do mês de Outubro.
Entre os milagres mais expressivos atribuídos à imagem de Belém, encontra-se o que envolveu os passageiros do brigue português São João Batista. Partindo de Belém rumo a Lisboa, no dia 11 de Julho de 1846, a embarcação de dois mastros à vela veio a naufragar decorridos poucos dias da partida, sendo os passageiros salvos por um bote que os conduziu de volta a Belém.
Este brigue seria a mesma embarcação que, anos antes ( 1774 ), havia transportado a imagem de Nossa Senhora de Nazaré a Lisboa, para ser restaurada; o bote que salvou os náufragos também seria o mesmo que tinha levado a imagem até ao brigue ancorado no porto de Belém. O bote passou a acompanhar a procissão a partir do ano de 1885.

As etapas do Círio

Romaria Rodo-Fluvial
Assim chamada, porque marca o percurso da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, da Basílica de Nazaré, pelas ruas da cidade, até a igreja matriz, no município de Ananindeua, em Belém. Percurso este, feito em carro aberto, onde Nossa Senhora recebe inúmeras homenagens. A imagem da Santa, passa a noite neste município, onde o povo fica durante toda à noite em vigília. Essa Romaria acontece de sexta para sábado, que antecede o domingo do círio.
Romaria Rodoviária
Depois de uma noite em Ananindeua, e uma missa pela manhã, a imagem parte de madrugada em mais uma procissão, agora em uma nova direcção, a Vila de Icoaraci, distrito de Belém. Mesmo sendo de madrugada, os fiéis aguardam a passagem da Santa, rendendo-lhe inúmeras homenagens. A procissão é acompanhada pelos carros da directoria do círio, carros de polícia, bombeiros, ambulâncias, carros oficiais e civis. Daí a origem do nome da romaria.
Romaria Fluvial
Nesta romaria, a imagem da Santa é levada de barco, completamente enfeitado, pela Baia do Guajará, baia esta que cerca a cidade de Belém, e é seguida por inúmeros outros, enfeitados de acordo com as condições do próprio dono. Aqui se vêem barcos, iates e simples canoas de ribeirinhos que seguem a procissão. O percurso Icoaraci-Belém pode levar até 5 hora. Ao chegar no cais do porto da cidade, é recebida por uma multidão e outras homenagens se seguem. A romaria foi introduzida em 1985, como uma forma de homenagear a todos os que vivem e dependem dos rios da região.
Moto-Romaria
Por volta das 11 horas da manhã de sábado, a imagem da Santa chega ao cais de Belém, dali a imagem segue em carro aberto, agora seguida por motoqueiros que buzinam incessantemente, anunciando a passagem da Santa, o povo para nas ruas seus afazeres, saem de suas casas, e saúdam a Virgem, com as mãos levantadas, como a pedir a bênção. A Romaria se estende pelas ruas da cidade até o Colégio Gentil Bittencourt, onde uma outra multidão de fiéis espera a Imagem. E à noite, logo após a missa, dará início a Trasladação.
Trasladação
A trasladação da imagem ocorre uma noite antes do Círio, em uma procissão à luz de velas. Simbolicamente visa recordar a lenda do descobrimento da imagem e o retorno ao local de seu primeiro achado. Nesta cerimónia somente a Berlinda (carro onde é levada a imagem de Nossa Senhora) é utilizada, num trajecto em sentido inverso ao do Círio
Procissão do Círio
Que actualmente reúne centenas de milhares de fiéis, em um cortejo de cerca de quatro horas de duração, percorrendo uma distância de cerca de cinco quilómetros entre a Catedral Metropolitana e a Basílica de Nazaré. Esta celebração é dividida em três momentos: o Círio propriamente dito evento é iniciado às seis horas da manhã com a celebração de uma missa, após a qual os fiéis se postam nas ruas ao longo do trajecto. Às sete horas, o Arcebispo conduz a imagem de Nossa Senhora até a Berlinda, para dar início ao Círio. Em torno das onze horas, a imagem chega à Basílica de Nazaré, sendo retirada da Berlinda para a celebração litúrgica.
Recírio
Duas semanas após o Círio, acontece o Recírio, uma procissão de despedida.

***

Os símbolos

O Círio tem vários objectos simbólicos que podem ser apreciados durante o seu trajecto, os principais são:
A berlinda:- Que leva a imagem da Santa.
A corda:- A corda que sustenta a fé na padroeira dos paraenses, possui a média de 400 metros de comprimento e pesa aproximadamente 700 quilos, de puro sisal torcido, que requer maior sacrifício físico e emocional. Incorporada à celebração em 1868, originalmente substituía a junta de bois que até então puxava a berlinda da imagem; posteriormente passou a ser utilizada para separar a berlinda e o carro dos milagres da multidão que a acompanha. No ano de 2005 a direcção do Círio, modificou o formato da corda, que ao invés de contornar a berlinda como normalmente era feito, a corda ainda do mesmo tamanho, veio na forma de um rosário, na tentativa de que não ocorressem atrasos no traslado, como já havia ocorrido anos antes.
O manto:- É mais um dos símbolos da Festa de Nazaré. A cada procissão, há sempre um novo manto envolvendo a figura de Nossa Senhora. O manto tem sempre uma conotação mística, relatando partes do evangelho. Confeccionado com material caro e importado. O trabalho da confecção do manto iniciou-se pelas filhas de Maria. Anos depois, assumindo a confecção do mesmo, a irmã Alexandra, da Congregação das Filhas de Sant'Ana. Com a sua morte, a confecção do manto ficou por conta de uma ex-aluna do Colégio Gentil Bittencourt, que por 19 anos o teceu, e de suas mãos saíram os mais belos mantos. A confecção do manto é toda envolvida em clima de mistério, feitas com a ajuda de doações, quase sempre anónimas.
As velas, ou círios:- Feitos de cera, em vários formatos, retratando partes do corpo humano, ou ainda, uma vara de cera da mesma altura do pagador da promessa. As velas, são um símbolo da fé dos promissórios, que através delas, 'pagam' a uma graça alcançada.
Os carros de promessas ou dos milagres, que recolhem os ex-votos ilustrativos das graças alcançadas pelos fiéis;
As crianças, tradicionalmente vestidas de anjos;
As homenagens de fogos de artifício, queimados durante a passagem da imagem pelas ruas do centro histórico de Belém.

Outros símbolos também integram a tradição:

As novenas:- Ciclos de orações realizadas durante as semanas que antecedem a festividade, por devotos que realizam pequenas romarias pelas casas de vizinhos.
O almoço com a família:- Realizado no domingo da procissão, como um acto de comunhão. Tradicionalmente é composto de:- Pato no tucupi:- Tradicional prato da culinária paraense, acompanhado de arroz branco.
Maniçoba:- Também tradicional item da culinária da região.


Outros eventos

O arraial:- No largo de Nazaré, em frente à Basílica e os brinquedos de miriti.


Algumas Datas e quantidade de pessoas

A procissão do Círio acontece a cada segundo domingo de Outubro, sua data portanto é móvel. A seguir a numeração ordinal dos Círios de Nazaré, as suas datas, e a quantidade aproximada de pessoas que participaram.

215º. Edicção - 2007, dia 14 de Outubro: 2 milhões e 700 mil pessoas, durou cerca de 7 horas
214º. Edicção - 2006, dia 8 de Outubro: 2 milhões e 250 mil pessoas, durou cerca de 5 horas e meia
213º. Edicção - 2005, dia 9 de Outubro: 2 milhões de pessoas, durou cerca de 5 horas.
212º. Edicção - 2004, dia 10 de Outubro: 1 milhão e 700 mil pessoas, (durou mais de 9 horas).
...
...
1º Edicção - 1793, 8 de Setembro (quarta-feira)

(Registado aqui - Ano de 2007) * Fonte:- Luís Paulo - Belém (Brasil)

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Veja o Video e saiba mais sobre o Círio


Celebrando o Advento na Alemanha (2)

(Coroa e calendário de Advento, dois símbolos que surgiram na Alemanha)

O clima natalino já paira no ar. É tempo de decorar as casas e contar os dias que faltam para as festas de fim de ano. O Advento, que começa quatro domingos antes do Natal, também é importante e festejado pelos alemães. A palavra Advento é de origem latina e significa chegada, vinda. É o tempo de preparação para o Natal, a chegada de Jesus. E marca também o início do Ano da Igreja.

Coroa do Adevento com velas


Para muitos, essa é uma época de renovar os sentimentos, deixar para trás as tristezas, colocar as coisas em ordem, arrumar e limpar a casa, um período de expectativa e de alegria pela comemoração do nascimento de Jesus Cristo que se aproxima.
Há relatos de que o Advento começou a ser celebrado em várias partes do mundo, entre os séculos 4º e 7º. Mas a primeira referência ao tempo de Advento vem da Espanha, quando no ano de 380 o Sínodo de Saragossa determinou uma preparação de três semanas para a Epifania, data que lembra a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus.
Coroa de Advento
Quem contribui para o encanto desta fase de preparação para o Natal são as coroas de Advento, ou guirlandas. Geralmente feitas com ramos de pinheiro e decoradas com fitas vermelhas, elas possuem quatro velas, que vão sendo acesas, uma a uma, a cada domingo do Advento.
A origem dessas coroas vem de uma tradição pagã européia. Conta-se que, na escuridão do inverno, ao redor de folhas eram acesas velas que simbolizavam o "fogo do deus sol" com a esperança de que sua luz e seu calor voltassem. E para evangelizar as pessoas, os primeiros missionários aproveitaram a tradição, dando novo significado a esse costume

Sua forma circular simboliza união, além do amor de Deus, que é eterno, sem início e nem fim, e representa o nosso amor a Deus e ao próximo, que deve ser assim também. Os ramos verdes representam a esperança da vinda de Cristo. E as quatro velas lembram as quatro semanas do Advento. A medida em que elas são acesas, representam a chegada de Jesus, luz do mundo.

Calendário de Advento

Os alemães são conhecidos por planejarem seus compromissos com antecipação. Por isso, é comum encontrar diversos tipos de calendários nas lojas da Alemanha. Mas há um calendário feito especialmente para contar de maneira divertida os dias que antecedem o Natal. É o Adventskalender, que possui janelinhas numeradas de 1 a 24 e em cada uma há uma surpresa.
Eles podem ser de madeira, tecido ou papelão, ter diversos formatos e tamanhos, podem ser confeccionados em casa ou comprados, pois são vendidos em muitos lugares. Os preços também variam - de 59 centavos a 30 euros, ou até mais.
O Adventskalender serve principalmente para que as crianças vivam aos poucos a expectativa do Natal e aprendam que tudo tem seu tempo certo, controlando a ansiedade de querer abrir todas as janelinhas ou caixinhas de uma só vez. E também ajuda a amenizar a vontade de receber o presente antes do Natal.
Sua origem não é definida, mas os primeiros exemplos de calendários de Advento surgiram nas famílias luteranas da Alemanha do século 19. O costume era fazer 24 riscos com giz na parede e ir apagando um a cada dia. Também eram feitos quadros com 24 mensagens bíblicas, para ler e refletir a cada dia sobre uma delas. No início do século 20 começaram a ser produzidos os Adventskalender impressos.
Em 1920, o alemão Gerhard Lang produziu o primeiro calendário com portinhas. A inspiração deve ter vindo de sua infância, pois a mãe dele sempre fazia um Adventskalender com 24 biscoitinhos sobre um papelão. Na década de 1950, surgiram os calendários com gavetas e chocolates. E depois, além dos doces, os calendários passaram a ter pequenos presentes.
Esta forma divertida de esperar o Natal também serve para os adultos. Há calendários feitos especialmente para os grandinhos, com chocolates recheados de licor. E até alguns prédios se transformam em gigantes calendários nessa época. Também existem cartões com pequenas janelinhas numeradas. E calendários online, que só mostram a surpresa virtual se o usuário clicar a janela no dia correto.

Outras tradições desta época

Este também é o período das feirinhas de Natal, Weihnachtsmarkt. E muitas nem esperam chegar o Advento para invadirem as praças alemãs e contagiarem a todos com suas luzes, tendinhas decoradas e guloseimas deliciosas.
O mês de dezembro na Alemanha também traz um aroma especial de biscoitos caseiros feitos em família, com ajuda indispensável das crianças. Este doce costume faz parte do Advento. Há diversos tipos de Weihnachtsplätzchen, por exemplo os Springerle, biscoitos de anis que são uma das receitas alemãs mais antigas; os Butterplätzchen, biscoitos de manteiga; os Zimtsterne, em forma de estrela com sabor de canela e um toque de amêndoas e nozes.
Um dia importante também é 6 de dezembro, dia de São Nicolau, Nikolaustag, considerado o verdadeiro Papai Noel. No dia anterior, as crianças deixam os sapatinhos fora de casa para que ele coloque presentes ou guloseimas. E em homenagem ao bom velhinho, nesse mesmo dia, são assados os biscoitos Spekulatius, que têm esse nome por causa do apelido de São Nicolau, "especulador". Os formatos podem ser de moinho, elefante, cisnes, e outros elementos que fazem parte da história de São Nicolau.

E como o inverno europeu começa nesse período, para espantar o frio, as pessoas tentam deixar seus lares mais aconchegantes, enfeitando-os com luzes, velas e colocando adesivos com motivos natalinos nas janelas que podem ser vistos por quem passa na rua.
Os pinheiros enfeitados aparecem no comércio e nos escritórios, mas em casa a decoração do pinheirinho é uma tarefa para a véspera de Natal. Esses são alguns costumes mantidos por diversas gerações. Tudo para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, celebrando também a paz, o amor e a união.

(Registado aqui - Ano de 2008)


História do Pai Natal (3)

Segundo os relatos históricos, São Nicolau, também conhecido por Santa Claus, nome que deriva de Santus Nicolaus, terá sido Bispo de Mira, em Dembre, na actual Turquia. Nasceu em Lycia, no sudoeste da Ásia Menor, entre o século III e IV. Os relatos apontam os anos 270 (século III) ou 350 (século IV). A disparidade de datas é frequente quando falamos de relatos muito antigos referentes a pessoas célebres na sua época. Nicolau fez viagens para o Egipto e Palestina onde se formou bispo.
A data da sua morte também não é certa. Há relatos que apontam a sua morte para o ano 342 o que torna impossível o seu nascimento em 350. Nessa altura era um homem muito respeitado em todo o mundo cristão. Foi sepultado durante o século VI num santuário e no local surgiu uma nascente de água. Já no século XI, em 1087, os restos mortais e relíquias de Nicolau foram transladados para Bari na Itália e então passou a ser conhecido como São Nicolau de Bari. Rapidamente o local se transformou num centro de peregrinação e a ele se associaram muitos milagres relacionados com a oferta de presentes. A sua popularidade aumentou e o santo viu-se transformado em símbolo, estando directamente relacionado com o nascimento de Jesus Cristo, já que os princípios de dar sem pedir em troca são também máximas de cristo.

Ficou também como um dos santos mais populares da história da cristandade, sendo o protector não só dos mais pequenos. Também marinheiros, escravos, pobres e presos se dizem protegidos pelo santo, isto porque São Nicolau esteve preso no reinado de Diocleciano, durante a perseguição aos cristãos, ficando encarcerado por muito tempo. Mas mais tarde Constantino, O Grande ordenou a libertação de vários presos religiosos entre os quais se encontrava Nicolau.
A sua fama vem-lhe da sua generosidade com os mais desfavorecidos, em particular crianças que protegia com toda a dedicação. As lendas e histórias que se associam à vida deste homem são muitas, mas todas se prendem com a sua bondade e protecção dos mais desprotegidos. Assim, há uma lenda que diz que Nicolau ressuscitou três crianças, convertendo-as em fiéis dedicados e seguidores. Outra ainda refere que o pai de Nicolau era senhor de grande fortuna, que lhe deixou em herança, na altura da sua morte. Assim o santo pode continuar a ajudar as pessoas. Conta a lenda que Nicolau ajudou uma família sua vizinha que vivia tempos de necessidade. Quando uma das filhas resolveu casar, o seu pai sem dinheiro chorava o dia inteiro pois não tinha meios para dar um casamento digno à sua filha. Assim São Nicolau encheu uma bolsa de moedas de ouro e, de noite, sem ser visto, depositou-a na janela do vizinho. A jovem casou com um belo dote e ficaram todos felizes. Um pouco mais tarde a história repetiu-se a com a segunda filha do vizinho. Mas, desconfiado, o vizinho de Nicolau, quando se preparava para casar a terceira filha, escondeu-se durante a noite, próximo da dita janela e descobriu o seu protector. Espalhou-se a notícia aos pobres e crianças.
Mas esta lenda apresenta outra versão que diz que São Nicolau salvou três jovens da prostituição, filhas de um homem pobre. Encheu uma bolsa de ouro e atirou-a pela janela da casa vizinha, acabando com os problemas económicos da família e dando a cada jovem a possibilidade de casar dignamente, com um dote apropriado.

Pai Natal simbolo do Natal

Assim, com o passar dos anos e com as ajudas que dava a todos os que o rodeavam, principalmente crianças sem protecção e abandonadas, São Nicolau ficou para a história como um homem bom e generoso. Nuns locais dizia-se que se deslocava num trenó puxado por oito renas, noutros a figura do velhinho de longas barbas brancas aparecia num burrinho, trazendo um saco cheio de presentes. Mais tarde a lenda e as palavras do povo acreditavam que este santo homem descia pelas chaminés das casas, de noite, para deixar os seus presentes, nas meias e sapatinhos das crianças (principalmente na Suécia e Nortuega). A sua figura viveu até aos nossos dias, por diversas razões, como o Pai Natal, símbolo de dádiva, amor e fraternidade, que também caracteriza o Natal Cristão.


Os Paramentos na Igreja Católica (4)

Os trajes oficiais do culto cristão, ao contrário do que muitos pensam, têm uma origem orgânica e simples. As perseguições ao cristianismo dos primeiros tempos fizeram com que a Igreja nascente fosse marcada pelos magníficos testemunhos de fé dos mártires, ao lado de uma elementar prudência. Desse modo, as catacumbas passaram a ser os recônditos mais seguros para os cristãos e as cerimonias e os dogmas da fé eram ocultados aos pagãos. Evidentemente, no vestuário a vigilância não era menor: sob esse aspecto, os eclesiásticos em nada se distinguiam dos leigos, pois assim se evitava que os agentes governamentais descobrissem quem eram os ministros de Deus.

***

Se hoje em dia existem uma grande diversidade de Paramentos, muito mais usuais nos tempos actuais e já pouco utilizados aqueles mais comuns em outros tempos, é de relevo o empenho dos fabricantes em introduzir neles todo um saber e beleza, que faz em todos nós ter uma admiração abalizada, sem no entanto, se esquecer os tempos passados. De qualquer das formas as cores e o simbolismo das vestes paramentais continuam a ter um registo preponderante na história da igreja e da religião católica.

***

As cores litúrgicas são seis, como veremos a seguir

- Branco - Usado na Páscoa, no Natal, nas Festas do Senhor, nas Festas de Nossa Senhora e dos Santos, exceto dos mártires. Simboliza alegria, ressurreição, vitória e pureza.
- Vermelho - Lembra o fogo do Espírito Santo. Por isso é a cor de Pentecostes. Lembra também o sangue. É a cor dos mártires e da sexta-feira da Paixão e do Domingo de Ramos.
- Verde - Se usa nos domingos e dias da semana do Tempo Comum. Está ligado ao crescimento, à esperança.
- Roxo - Usado no Advento e na Quaresma. É símbolo da penitência e da serenidade. Também pode ser usado nas missas dos defuntos e na celebração da penitência.
- Rosa - O rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento (Gaudete) e 4º domingo da Quaresma (Laetare). Simboliza uma breve pausa, um certo alívio no rigor da penitência da Quaresma e na preparação do Advento.
- Preto - É sinal de tristeza e luto. Hoje está praticamente em desuso na liturgia.
- Azul- Usa-se ou não na Solenidade da Imaculada Conceição; representa o manto azul de Nossa Senhora.

***

Paramentos ou Vestes Litúrgicas

- Amito -

- É um lenço de linho, branco, que recobre as costas, os ombros e o pescoço do sacerdote. Era a peça do vestuário que os povos antigos usavam para cobrir a cabeça, quando saíam ao ar livre. Recorda o pano com que os soldados vendaram os olhos de Jesus, para melhor ludibriarem-No. Simboliza o capacete da fé, com o qual venceremos os nossos inimigos. Ao vesti-la, o sacerdote faz a seguinte oração: "Colocai, Senhor, sobre a minha cabeça, o capacete da salvação, para que eu possa resistir às ciladas do demônio".

- Alva -

Esta palavra vem do vocábulo "albus", que significa branco. É uma túnica talar, de linho branco, que recobre todo o corpo. Era usada pelos nobres gregos e romanos, e também pelos povos de climas quentes, como se vê, ainda hoje, em alguns países do Oriente tropical. Recorda a túnica branca de escárnio com que Herodes mandou vestir Jesus. Simboliza a pureza do coração. Ao vesti-la, o sacerdote reza: "Fazei-me puro, Senhor, e santificai o meu coração, para que , purificado com o Sangue do Cordeiro, mereça fruir as alegrias eternas".

- Cíngulo -

É um cordão branco ou da cor dos paramentos, de seda, linho ou algodão, com que o sacerdote se cinge à cintura. Os antigos o usavam para maior comodidade, a fim de que a alva, comprida, não os estorvasse nos trabalhos ou nas longas caminhadas. Recorda as cordas com que Jesus foi atado pelos algozes. Simboliza o combate às paixões e a pureza do coração. Ao cingir-se com o cíngulo, o sacerdote reza: "Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza e extingui em meu coração o fogo da concupiscência, para que floresça em meu coração a virtude da caridade.

- Manípulo -

É uma faixa de pano, do mesmo tecido e cor da casula. Tem uns 40 cm de comprimento e uns 12 de largura. É preso ao braço esquerdo. Antigamente, servia para limpar o pó ou suor da fronte durante as caminhadas e trabalhos, ou ainda, com suas dobras, fazia-se as vezes de algibeira. Recorda as cordas com que Jesus foi manietado. Simboliza o amor ao trabalho, ao sacrifício e às boas obras. Ao acomodá-la ao braço, o sacerdote reza: "Que eu mereça, Senhor, trazer este manípulo de dor e penitência, para que possa, com alegria, receber os prêmios dos meus trabalhos

- Estola -

É uma faixa de pano, do mesmo tecido e cor da casula e do manípulo. Mede uns oito palmos de comprimento e uns 12 cm de largura. Dá a volta ao pescoço, cruzando ao peito e passando sob o cíngulo, à altura da cintura. Os antigos a usavam como sudário ou como símbolo de autoridade e condecoração honorífica. Recorda as cordas com que Jesus foi puxado ao Calvário. Simboliza o poder espiritual do sacerdote, bem como a nossa dignidade de cristão e penhor de imortalidade. Ao vesti-la, o sacerdote reza: "Restituí-me, Senhor, a estola da imortalidade que perdi pelo pecado dos nossos primeiros pais; e ainda que eu seja indigno de acercar-me aos vossos Santos Mistérios, possa, contudo, merecer a felicidade eterna.

- Casula -

a última veste que o sacerdote usa, por cima de todas as outras. Tem, geralmente, atrás, uma grande Cruz. Os antigos a usavam como uma capa, nas estações chuvosas. Casula, em latim, significa "pequena casa". Recorda a túnica inconsútil de Nosso Senhor, tecida, segundo a tradição, por Nossa Senhora. No Calvário, os soldados não quiseram retalhá-la, mas sortearam-na entre si. Simboliza o suave jugo da Lei de Deus que devemos levar, e que se torna leve para as almas generosas. Ao vesti-la, o sacerdote reza: "Ó Senhor, que dissestes: ' o meu jugo é suave e o meu fardo é leve' (Mt 11, 30); fazei que eu possa levar a minha cruz de tal modo que possa merecer a vossa graça".

- Dalmática -

É uma túnica originária da Dalmácia. É usada pelo diácono nas Missas solenes. O subdiácono usa, nas Missas solenes, a tunicela, bastante parecida com a dalmática, mas que deve ser um pouco mais curta e menos adornada que esta.

- Pluvial -

É uma capa comprida, usada pelos antigos em tempos de chuva, como indica o seu mesmo nome. Atrás, em cima, há uma dobra ou capucho, com que os antigos se cobriam a cabeça, à semelhança de algumas capas impermeáveis modernas. O sacerdote a usa nas Bênçãos do Santíssimo Sacramento, nas procissões e outras funções litúrgicas solenes.

- Batina ou hábito-

Veste talar dos abades, padres e religiosos, cujo uso diário é aconselhado pelo Vaticano. Alguns sacerdotes fazem o uso do Clerical ou "Clericman" como meio de identificação, sendo esta uma peça única de vestuário, ou seja, um colarinho circular que envolve o pescoço com uma pequena faixa branca central.

- Tonsura -

Corte circular, rente, do cabelo, na parte mais alta e posterior da cabeça, que se faz nos clérigos, também denominado cercilho ou coroa, em desuso. A "Prima Tonsura" consiste em cerimônia religiosa em que o prelado, conferindo ao ordinando o primeiro grau de clericato, lhe dá a tonsura.


Portugueses no estrangeiro (5)
(Consulado Virtual - Online)

Com a criação do Consulado Virtual, foi dado um passo de gigante que vem facilitar em muito a vida dos muitos portugueses residentes no estrangeiro, onde estão incluídos uma vasta comunidade loriguense espalhada pelas quatro partes do mundo e, que com este nova enovação online permite a partir de agora, ter uma vida muito mais facilitada. O Consulado Virtual pretende facilitar o acesso aos serviços da Administração Pública disponíveis nos consulados portugueses de uma forma rápida e simples.
Através de
www.consuladovirtual.pt, o emigrante português, poderá aceder directamente ao consulado virtual, através da introdução do seu código de utilizador e respectiva palavra passe, que o cidadão poderá solicitar no Consulado da sua área de residência para a partir de então ter acesso.
No
www.consuladovirtual.pt, pode iniciar o seu processo de registo caso se encontre já inscrito num Consulado ou secção consular, sendo-lhe enviado para a morada indicada o código de utilizador e a palavra passe. Caso o cidadão não se encontre ainda inscrito no posto ou secção consular da sua área de residência, poderá através do mesmo site iniciar o seu processo de inscrição provisória.

O que é o Consulado Virtual?

O Consulado Virtual consiste num sistema que, via Internet, permite disponibilizar um conjunto de serviços e informações até agora apenas acessíveis directamente nos postos e secções consulares portugueses.

Quem pode usufruir do Consulado Virtual?

Todos os utentes dos serviços prestados pelos postos e secções consulares portugueses, em especial os nacionais residentes no estrangeiro e inscritos no posto ou secção consular da sua área de residência.

Quais as vantagens na utilização do Consulado Virtual?

Desde logo, no consulado virtual é possível realizar integralmente um conjunto de serviços/actos que anteriormente apenas podiam ser realizados fisicamente num posto consular ou secção consular. Adicionalmente, no caso de serviços/actos que exigem a presença física do cidadão, é possível no Consulado Virtual proceder à marcação do serviço/acto, enviando em simultâneo um conjunto de informações que possibilitarão uma tramitação mais rápida do serviço/acto e um atendimento mais rápido e eficaz, aquando da deslocação ao posto ou secção consular.

O que é possível fazer no Consulado Virtual?

No Consulado Virtual, sempre que o serviço não exija a presença física do cidadão no posto ou secção consular, é possível a realização integral do serviço/acto solicitado, devendo ser enviados pelo requerente os dados necessários à sua execução e efectuado o pagamento do mesmo. Caso o serviço/acto solicitado exija a presença física no posto ou secção consular, será possível ao cidadão no Consulado Virtual proceder à sua marcação. Neste caso poderá ainda, adicionalmente, enviar antecipadamente a informação necessária ao seu processo, o que permitirá um atendimento e processamento do pedido mais célere aquando da deslocação ao posto ou secção consular.

Como sei o estado actual dos meus pedidos?

O Consulado Virtual disponibiliza uma área específica em que cada cidadão poderá a qualquer momento consultar o estado dos seus pedidos pendentes, bem como o histórico de pedidos já concluídos. Através do Consulado Virtual, o cidadão receberá as informações registadas pelo posto ou secção consular sobre as acções que são necessárias à conclusão do serviço/acto.

Como obtenho a documentação final referente ao serviço/acto que iniciei no Consulado Virtual?

Para os pedidos de serviços/actos em que tal seja aplicável (por exemplo, certidões ou certificados), os documentos finais são enviados para a morada indicada pelo cidadão aquando do pedido, ficando o serviço/acto concluído. Para os pedidos de serviços/actos que exijam a presença física nas instalações consulares do interessado, a documentação será entregue da forma habitual

Como é tratado o meu pedido de serviço/acto?

O pedido introduzido pelo cidadão no Consulado Virtual será tratado no posto ou secção consular da sua área de residência, da mesma forma que seria caso o cidadão se deslocasse ao posto ou secção consular.

Como efectuo o pagamento do serviço/acto?

Para os casos em que é exigido o pagamento do serviço/acto no Consulado Virtual, este é realizado através da utilização de cartão de crédito.

O pagamento através de cartão de crédito na Internet é seguro?

No Consulado Virtual, quando o cidadão realiza um pagamento é accionado o processo que verifica se o cartão utilizado é válido. Caso se confirme a sua validade, é verificada a identidade do cliente, recorrendo em tempo real ao Emissor do Cartão de Crédito. Este valida a identidade do cliente e informa o Consulado Virtual que o cartão utilizado para pagamento é legítimo. A protecção dada por este protocolo nomeadamente em compras de origem fraudulenta, é totalmente garantida.
Adicionalmente, o Consulado Virtual encontra-se protegido por um certificado digital, que permite a identificação inequívoca no mundo virtual, a realização de trocas de informação com confidencialidade, a certeza de que as mensagens enviadas não são alteradas e uma total declaração da autoria de mensagens.

(Registado aqui - Ano de 2006)


5 de Outubro - Implantação da República - Feriado Nacional (6)

A Proclamação da República Portuguesa foi o resultado da Revolução de 5 de Outubro de 1910 que naquela data pôs termo à monarquia em Portugal. No dia 5 de Outubro de 1910 um grupo de republicanos conseguiu derrubar a monarquia.

Antecedentes

O movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910 deu-se em natural sequência da acção doutrinária e política que, desde a criação do Partido Republicano, em 1876, vinha sendo desenvolvida.

Aumentando a contraposição entre a República e a Monarquia, a propaganda republicana fora sabendo tirar partido de alguns factos históricos de repercussão popular, as comemorações do terceiro centenário da morte de Camões, em 1880, e o Ultimato inglês, em 1890, fora aproveitados pelos defensores das doutrinas republicanas que se identificaram com os sentimentos nacionais e aspirações populares. Elias Garcia, Manuel Arriaga, Magalhães Lima, tal com o operário Agostinho da Silva, foram personagens importantes dos comícios de propaganda republicana, em 1880.
O terceiro centenário da morte de Camões, foi comemorado com actos significativos - como o cortejo cívico que percorreu as ruas de Lisboa, no meio de grande entusiasmo popular e, também, a transladação dos restos mortais de Camões e Vasco da Gama para o Panteão Nacional.
As luminárias e o ar de festa nacional que caracterizaram essas comemorações complementaram esse quadro de exaltação patriótica.
Partira a ideia das comemorações camonianas da Sociedade de Geografia de Lisboa, mas a execução coube a uma comissão de representantes da Imprensa de Lisboa, constituída pelo Visconde de Jorumenha, por Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Batalha Reis, Magalhães Lima e Pinheiro Chagas.
E o Partido Republicano, ao qual pertenciam as figuras mais representativas da Comissão Executiva das comemorações do tricentenário camoniano, ganhou grande popularidade.

Quadro - Simbolo da República

A revolta

Durante o breve reinado de D. Manuel II - que ascendeu ao trono logo após o atentado a D. Carlos, donde resultou também a morte do seu filho herdeiro Luís Filipe, Duque de Bragança - o movimento republicano acentuou-se, chegando mesmo a ridicularizar a monarquia. A 5 de Outubro de 1910 estalou a revolta republicana que já se avizinhava no contexto da instabilidade política.
Embora muitos envolvidos tenham-se esquivado à participação - chegando mesmo a parecer que a revolta tinha falhado - foi também graças à incapacidade de resposta do Governo em reunir tropas que dominassem os cerca de duzentos revolucionários que resistiam de armas na mão.
Comandava as forças monárquicas, em Lisboa, o General Manuel Rafael Gorjão Henriques, que se viu impotente para impedir a progressão das forças comandadas por Machado Santos.
Com a adesão de alguns navios de guerra, o Governo rendia-se, os republicanos proclamavam a República, e D. Manuel II era exilado.

Os desenvolvimentos na Implantação da República

A República Portuguesa foi proclamada em Lisboa a 5 de Outubro de 1910. Nesse dia foi organizado um governo provisório, que tomou o controlo da administração do país, chefiado por Teófilo Braga, um dos teorizadores do movimento republicano nacional. Iniciava-se um processo que culminou na implantação de um regime republicano, que definitivamente afastou a monarquia.
Este governo, pelos decretos de 14 de Março, 5, 20 e 28 de Abril de 1911, impôs as novas regras da eleição dos deputados da Assembleia Constituinte, reunida pela primeira vez a 19 de Junho desse ano, numa sessão onde foi sancionada a revolução republicana; foi abolido o direito da monarquia; e foi decretada uma república democrática, que veio a ser dotada de uma nova Constituição, ainda em 1911.
A implantação da República é resultante de um longo processo de mutação política, social e mental, onde merecem lugares de destaque os defensores da ideologia republicana, que conduziram à formação do Partido Republicano Português (PRP), no final do século XIX.
O Ultimato inglês, de 11 de Janeiro de 1890, e a atitude da monarquia portuguesa perante este acto precipitaram o desenvolvimento deste partido no nosso país. De 3 de Abril de 1876, quando foi eleito o Directório Republicano Democrático, até 1890, altura em que se sentia a reacção contra o Ultimato e a crítica da posição da monarquia, a oposição ao regime monárquico era heterogénea e desorganizada. Contudo a "massa eleitoral" deste partido conseguiu uma representação no Parlamento em 1879, apesar de pouco significativa, numa altura em que a oposição ao regime era partilhada nomeadamente com os socialistas, também eles pouco influentes entre a população.
Em 1890, o partido surgiu quase do vazio, para um ano depois do Ultimato publicar um manifesto, elaborado pelo Directório, em que colaboraram: Azevedo e Silva; Bernardino Pinheiro; Francisco Homem Cristo; Jacinto Nunes; Manuel de Arriaga e Teófilo Braga. Este manifesto saiu a 11 de Janeiro de 1891, umas semanas antes da tentativa falhada de implantar a República de 31 de Janeiro.
Após o desaire desta tentativa, o partido enfrentou grandes dificuldades; no entanto, a 13 de Outubro de 1878, fora eleito o primeiro representante republicano, o deputado José Joaquim Rodrigues de Freitas.
Os representantes republicanos, no primeiro período da sessão legislativa de 1884, eram José Elias Garcia e Manuel de Arriaga. No segundo período foi a vez de Elias Garcia e Zéfimo Consiglieri Pedroso. Estes dois últimos estiveram também nas sessões de 1885 a 1889.
Para o primeiro período da sessão legislativa de 1890 foram eleitos os deputados Rodrigues de Freitas e José Maria Latino Coelho, e para o segundo período dessa sessão Bernardino Pereira Pinheiro, Elias Garcia, Latino Coelho e Manuel de Arriaga.
Na sessão de 1891, ano em que faleceram Elias Garcia (22 de Abril) e Latino Coelho (29 de Agosto) pontificavam os quatro deputados da sessão anterior; na de 1892 foram Bernardino Pinheiro, Manuel de Arriaga e Eduardo de Abreu; na de 1893 Eduardo Abreu, Francisco Teixeira de Queirós e José Jacinto Nunes; e passado um ano, em 1894, o mesmo Eduardo de Abreu e Francisco Gomes da Silva. Desta data e até 1900 não houve mais representação republicana. Nesta fase, em que esteve afastado do Parlamento, o partido empenhou-se na sua organização interna.
Nos últimos quinze anos de vida da monarquia portuguesa o Directório do Porto e o P.R.P., apesar de algumas divergências, trabalharam em conjunto. Na cidade do Porto o periódico A Voz Pública desempenhou um papel importante em prol da propagação dos ideais republicanos, tal como os de Duarte Leite, lente da Academia Politécnica. Em Lisboa circulavam O Mundo, desde 1900, e A Luta, desde 1906.
Após um período de grande repressão, o movimento republicano entrou de novo na corrida das legislativas em 1900, conseguindo quatro deputados: Afonso Costa, Alexandre Braga, António José de Almeida e João Meneses.
Nas eleições de 5 de Abril de 1908, a última legislativa na vigência da monarquia, foram eleitos, além dos quatro deputados das eleições transactas, Estêvão Vasconcelos, José Maria de Moura Barata e Manuel de Brito Camacho. A implantação do republicanismo entre o eleitorado crescia de forma evidente.
Nas eleições de 28 de Agosto de 1910 o partido teve um resultado arrasador, elegendo dez deputados por Lisboa. E a 5 de Outubro desse ano era proclamada a República Portugal

(Registado aqui - Ano de 2007)


Usos e costumes alemães de Ano Novo (7)

Fogos de artifício, carne de porco ou carpa, ferraduras, trevos de quatro folhas e o limpador de chaminés fazem parte dos usos e costumes mais tradicionais do Ano Novo alemão.
A maioria dos costumes de Ano Novo na Alemanha vem de rituais germânicos e da Roma antiga. Beber, comer e festejar sempre fazem parte de uma festa alemã de réveillon, seja em família, ao ar livre ou num baile social. Na passagem de ano também é tradicional o badalar dos sinos. Especialmente nesta ocasião, pode-se ouvir o "Dicke Peter", o maior sino do campanário da Catedral de Colónia.
Os fogos de artifício, para espantar os maus espíritos com muito barulho e receber o Ano Novo com muitas luzes, são um costume praticado nas ruas e parques de todo o país, seja em família ou entre vizinhos. Como não poderia deixar de ser no país das regulamentações, os fogos têm hora para começar e para terminar.
Antigamente, eram usados guizos e chicotes para fazer barulho. Na Idade Média, os maus espíritos eram afastados com sinos, tambores e trombetas. Mais tarde, com o descobrimento da pólvora, o barulho passou a ser feito também através de tiros de morteiro e de espingarda. Esta tradição ainda é seguida no norte da Alemanha, para que as árvores tragam bons frutos no ano que se inicia.
Um costume em extinção é o do derretimento de chumbo para adivinhar o futuro. Ele consiste em derreter o metal e deixar cair pequenas porções dele numa bacia com água. A partir da figura formada pelo metal solidificado, há os que tentam adivinhar o que irá acontecer no ano que começa.

Simbologia dos alimentos

A grande variedade de pratos típicos servidos no final do ano está relacionada directamente às superstições e crenças. Quando se deseja abundância e fertilidade no ano que se aproxima, deixa-se na mesa até o dia seguinte os restos da ceia de Ano Novo.
Na lista de pratos típicos para a ocasião, aparecem as sopas de lentilhas, de ervilhas, de feijão de vagem ou até mesmo de cenoura. Segundo a crença popular, isto traz bênçãos e riqueza. Ou ainda chucrute com costelinhas de porco. Mas este prato só dá sorte se, antes de comer, a pessoa expressar o desejo de no ano seguinte dispor de tantos bens e dinheiro quantos fios de repolho estão na panela.
Enquanto as aves estão banidas do cardápio de reveillon, pois podem voar com nossa sorte pela janela, as tradicionais vítimas são o peixe - mais precisamente a carpa, preparada de diversas maneiras - e o porco, um importante símbolo de sorte na Alemanha.
Por ser um alimento raro antigamente, a carpa tornou-se objecto de uma crendice: para ganhar dinheiro no ano seguinte, deve-se guardar na carteira uma escama do peixe comido na ceia. Ou então espalhar suas escamas pela casa. Mas ele só trará sorte se permanecer ali todo o ano seguinte. Já as famílias mais modernas costumam servir raclete ou fondue na noite de Ano Novo.
Também na Alemanha, são confeccionados pães e bolos para presentear no final de ano. Quando oferecidos a alguém, representam o desejo de fartura, saúde e sorte. Geralmente, trata-se de receitas comuns, de pães, bolos ou biscoitos, só que a massa recebe uma forma especial. Seja trançado ou em círculo, o produto final representa união e infinidade.

Símbolos da sorte

Quem oferece ao anfitrião da festa de reveillon um porquinho de marzipã ou um vasinho com trevos de quatro folhas, lança mão de símbolos seculares, que representam desejos de sorte e fartura. Vejamos por quê:
- Porco - Porquinhos da sorte modernos são cor-de-rosa e de marzipã. Há muitos séculos, este animal era venerado como sagrado. Entre os germanos, o porco era símbolo de fertilidade e sinal de riqueza. Possuir um porco, significava em tempos passados estar bem abastecido.
- Limpador de chaminé - Na Alemanha é sinal de sorte encontrar na rua um limpador de chaminés, com suas roupas pretas e seu chapéu típico. A profissão é associada com a chaminé, o elo de ligação entre dois mundos: o céu e a terra. É seu trabalho limpar as impurezas, abrindo caminho ao ar puro. Esta limpeza tinha uma profunda importância antigamente, quando o fogo podia se alastrar rapidamente e destruir uma cidade inteira em pouco tempo.
- Trevo de quatro folhas - Sinal de sorte pela sua raridade. Outros tentam justificar o símbolo com a associação à cruz de Cristo. Ou ainda a cruz celta, usada para a protecção dos druidas. Pode também representar os quatro pontos cardeais ou a ligação entre os quatro elementos essenciais.
- Ferradura - Antigamente era um objecto de muito valor. Serve tradicionalmente para proteger as propriedades da invasão por estranhos. Todavia, a abertura tem de apontar para cima, para abocanhar a sorte que cair nela. Outra credice reza justamente o contrário: colocada com a abertura para baixo, representa a letra omega, do alfabeto grego, símbolo de sorte.
- Cogumelo vermelho de pintinhas brancas - Embora impróprio para o consumo, era considerado sagrado pelos povos germânicos.
- Joaninha - seu nome, Marienkäfer, em alemão, tem origem no nome da mãe de Jesus. Segundo a crença popular, ele é ao mesmo tempo mensageiro divino, protector das crianças e curador dos doentes. Nunca se pode espantá-lo e muito menos matá-lo, pois dá azar.
- Fênigue - antes do advento do euro, a centésima parte de um marco alemão era guardada com carinho pelos alemães, por ser símbolo de sorte. Já os antigos romanos presenteavam os deuses com moedas na passagem do ano.

(Registado aqui - Ano de 2006)


O significado da Quaresma (8)

Durante este tempo especial de purificação, contamos com uma série de meios concretos que a Igreja nos propõe e que nos ajudam a viver a dinâmica quaresmal.
Antes de tudo, a vida de oração, condição indispensável para o encontro com Deus. Na oração, se o cristão ingressa o diálogo íntimo com o Senhor, deixa que a graça divina penetre seu coração e, a semelhança de Santa Maria, se abra à ação do Espírito cooperando com ela com sua resposta livre e generosa (ver Lc. 1,38).
Como também devemos intensificar a escuta e a meditação atenta à Palavra de Deus, a assistência frequente ao Sacramento da Reconciliação e a Eucaristia, e mesmo a prática do jejum, segundo as possibilidades de cada um.
A mortificação e a renúncia nas circunstâncias ordinárias de nossa vida também constituem um meio concreto para viver o espírito de Quaresma. Não se trata tanto de criar ocasiões extraordinárias, mas bem, de saber oferecer aquelas circunstâncias quotidianas que nos são incomodas, de aceitar com alegria os diferentes contratempos que nos apresenta o dia - dia. Da mesma maneira, o saber renunciar a certas coisas legítimas nos ajuda a viver o desapego e o desprendimento. Dentre as diversas práticas quaresmais que a Igreja nos propõe, a vivência da caridade ocupa um lugar especial. Assim nos recorda São Leão Magno: "estes dias de quaresma nos convidam de maneira primária ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Pascoa santificados em nosso ser, devemos por um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si as demais e cobre multidão de pecados".
Esta vivência da caridade devemos vivê-la de maneira especial com aqueles a quem temos mais próximos, no ambiente concreto em que nos movemos. Assim, vamos construindo no outro "o bem mais precioso e efectivo, que é o da coerência com a própria vocação cristã" (João Paulo II).

Como viver a Quaresma

1. Arrependendo-me de meus pecados e confessando-me:
Pensar em quê ofendi a Deus, Nosso Senhor, se me dói tê-lo ofendido, se realmente estou arrependido. Este é um bom momento do ano para realizar um confissão preparada e de coração. Revise os mandamentos de Deus e da Igreja para poder fazer uma boa confissão. Sirva-se de um livro para estruturar sua confissão. Busque o tempo para realizá-la.
2. Lutando para mudar:
Analise sua conduta para conhecer em que esta falhando. Faça propósitos para cumprir dia a dia e revise à noite se os alcançou. Lembre-se de não colocar muitos propósitos porque será muito difícil cumpri-lo todos . Deve-se subir as escadas de degrau em degrau, não se pode subir toda ela de uma só vez. Conheça qual é o teu defeito dominante e faça um plano para lutar contra ele. Teu plano deve ser realista, prático e concreto para poder cumpri-lo.
3. Fazendo sacrifícios:
A palavra sacrifício vem do latim sacrum-facere, significa "fazer sagrado". Então, fazer um sacrifício é fazer alguma coisa sagrada, quer dizer, oferecê-la por amor a Deus, porque o ama, coisas que dão trabalho. Por exemplo, ser amável com um vizinho com quem você não simpatiza ou ajudar alguém em seu trabalho. A cada um de nós há algo que nos custa fazer na vida de todos os dias. Se oferecemos isto a Deus por amor, estamos fazendo sacrifício.
4. Fazendo oração:
Aproveite estes dias para rezar, para conversar com Deus, para dizê-lo que o ama e que quer estar com Ele. Pode ser útil um bom livro de meditação para Quaresma. Você pode ler na Bíblia passagens relacionadas com a quaresma.

(Registado aqui - Ano de 2006)


Liturgia da Semana Santa (9)

O DOMINGO DE RAMOS: - JESUS EM JRUSALÉM
O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava "Rei dos Judeus", "Hosana ao Filho de Davi", "Salve o Messias". E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte e morte de cruz.
O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.
Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.
Por isso, na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.
O Domingo de Ramos pode ser chamado também de "Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor", nele, a liturgia nos relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte. Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente, é proclamar, como nos diz São Paulo: "Jesus Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai' (Fl 2, 11).
Começa a Semana Santa e recordamos a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. Escreve São Lucas. "Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto ao monte chamado das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos dizendo-lhes: "Ide a essa aldeia que está em frente e, ao entrar, encontrareis um burrico amarrado que nunca ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. Se alguém vos perguntar porque o soltais, dir-lhe-eis: o Senhor tem necessidade dele". Foram e encontraram tudo como o Senhor lhes tinha dito".
SEGUNDA-FEIRA SANTA: - JESUS EM BETÂNIA
No Domingo foi a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. A multidão dos discípulos e outras pessoas aclamaram-no como Messias e Rei de Israel. No fim do dia, cansado, voltou a Betânia, aldeia situada muito próximo da capital, onde costumava alojar-se nas suas visitas a Jerusalém.
Ali, uma família amiga tinha sempre disponível um lugar para Ele e para os seus. Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos, é o chefe da família; vivem com ele Marta e Maria, suas irmãs, que esperam cheias de entusiasmo a chegada do Mestre, contentes por poder oferecer-lhe os seus serviços.
Nos últimos dias da sua vida na terra, Jesus passa longas horas em Jerusalém, dedicado a uma pregação intensíssima. À noite, recupera as forças em casa dos seus amigos. E em Betânia tem lugar um episódio recolhido pelo Evangelho da Missa de hoje.
Seis dias antes da Páscoa - relata São João -, foi Jesus a Betânia. Ali lhe ofereceram uma ceia; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa. Maria tomou então uma libra de perfume de nardo autêntico, muito caro, ungiu os pés de Jesus com ele e enxugou-os com os seus cabelos, e a casa encheu-se com a fragrância do perfume.
Imediatamente salta à vista a generosidade desta mulher. Deseja manifestar o seu agradecimento ao Mestre, por ter devolvido a vida ao seu irmão e por tantos outros bens recebidos, e não repara em gastos. Judas, presente na cena, calcula exatamente o preço do perfume.
Mas, em vez de louvar a delicadeza de Maria, entregou-se à crítica: por que não se vendeu este perfume por trezentos denários para dá-los aos pobres? Na realidade, como faz notar São João, não lhe importavam os pobres; interessava-lhe ter acesso ao dinheiro da bolsa e furtar o seu conteúdo.
TERÇA-FEIRA SANTA: - COMO É A NOSSA FÉ?
A liturgia diz que neste dia anuncia-se que os Apóstolos deixariam Cristo só durante a Paixão. A Simão Pedro que, cheio de presunção, afirmava: eu darei a minha vida por ti, o Senhor respondeu: tu darás a tua vida por mim? Eu te asseguro que não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes.
Em poucos dias cumpriu-se a predição. Todavia, poucas horas antes, o Mestre tinha-lhes dado uma lição clara, preparando-os para os momentos de escuridão que se avizinhavam.
Ocorreu no dia seguinte ao da entrada triunfal em Jerusalém. Jesus e os Apóstolos tinham saído muito cedo de Betânia e, com a pressa, talvez não tivessem comido nada. O caso é que, como relata São Marcos, o Senhor sentiu fome. Vendo ao longe uma figueira com folhas, foi ver se nela encontraria alguma coisa; mas, ao chegar junto dela, não encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos. Disse então: "Nunca mais ninguém coma fruto de ti." E os discípulos ouviram isto.
Ao entardecer regressaram à aldeia. Devia ser já tarde avançada e não repararam na figueira amaldiçoada. Mas no dia seguinte, terça-feira, ao voltar de novo a Jerusalém, todos contemplaram aquela árvore, antes frondosa, que mostrava os ramos nus e secos. Pedro fê-lo notar a Jesus: "Olha, Mestre, a figueira que amaldiçoaste secou!" Jesus disse-lhes: "Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: 'Sai daí e lança-te ao mar', e não vacilar em seu coração, mas acreditar que o que diz vai se realizar, assim acontecerá."
Durante a sua vida pública, para realizar milagres, Jesus pedia uma só coisa: fé. Aos cegos que lhe suplicavam a cura, tinha-lhes perguntado: credes que posso fazer isso? - Sim, Senhor, responderam-lhe. Então tocou-lhes os olhos dizendo: que se faça em vós conforme a vossa fé. E abriram-se-lhes os olhos.
QUARTA-FEIRA SANTA: - JUDAS ATRAIÇOA JESUS
Na Quarta-Feira Santa recordamos a triste história daquele que foi Apóstolo de Cristo: Judas. Assim conta São Mateus no seu evangelho: Um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse-lhes: "Quanto me dareis, se eu vo-lo entregar?" Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. E, a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
Por que a Igreja recorda este acontecimento? Para que nos convençamos de que todos podemos comportar-nos como Judas. Para que peçamos ao Senhor que, da nossa parte, não haja traições, nem distanciamentos, nem abandonos. Não somente pelas consequências negativas que isso poderia trazer às nossas vidas pessoais, o que já seria muito; mas porque poderíamos arrastar outros, que necessitam da ajuda do nosso bom exemplo, do nosso ânimo, da nossa amizade.
Em alguns lugares da América, as imagens de Cristo crucificado mostram uma chaga profunda na face esquerda do Senhor. E contam que essa chaga representa o beijo de Judas. Tão grande é a dor que os nossos pecados causam a Jesus! Digamos-lhe que desejamos ser-lhe fiéis: que não queremos vendê-lo - como Judas - por trinta moedas, por uma ninharia, pois isso são todos os pecados: a soberba, a inveja, a impureza, o ódio, o ressentimento... Quando uma tentação ameaça atirar-nos para o chão, pensemos que não vale a pena trocar a felicidade dos filhos de Deus, que é o que somos, por um prazer que logo acaba e deixa o gosto amargo da derrota e da infidelidade.
Grandes foram os pecados de Judas e de Pedro. Os dois atraiçoaram o Mestre: um entregando-o nas mãos dos perseguidores, outro negando-o por três vezes. E, no entanto, que diferente reação teve cada um! Para os dois o Senhor guardava torrentes de misericórdia.
Pedro arrependeu-se, chorou o seu pecado, pediu perdão, e foi confirmado por Cristo na fé e no amor; com o tempo, chegaria a dar a sua vida por Nosso Senhor. Judas, pelo contrário, não confiou na misericórdia de Cristo. Até o último momento teve abertas as portas do perdão de Deus, mas não quis entrar por elas através da penitência.
QUINTA-FEIRA SANTA: - INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
Aproximava-se o momento em que Jesus ia oferecer a sua vida pelos homens. Tão grande era o seu amor, que na sua Sabedoria infinita encontrou o modo de ir e de ficar, ao mesmo tempo. São Josemaria, ao considerar o comportamento dos que se vêem obrigados a deixar a sua família e a sua casa, para procurar emprego em outro lugar, comenta que o amor humano costuma recorrer aos símbolos. As pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, talvez uma fotografia.
Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não deixa um símbolo, mas uma realidade. Fica Ele mesmo. Embora vá para o Pai, permanece entre os homens. Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente, com o seu Corpo, o seu Sangue, a sua Alma e a sua Divindade.
Como responderemos a esse amor imenso? Assistindo com fé e devoção à Santa Missa, memorial vivo e atual do Sacrifício do Calvário. Preparando-nos muito bem para comungar, com a alma bem limpa. Visitando Jesus com freqüência, escondido no Sacrário.
São João relata que Jesus lavou os pés dos discípulos, antes da Última Ceia. Temos de estar limpos, na alma e no corpo, e aproximarmos para recebê-lo com dignidade. Para isso nos deixou o Sacramento da Penitência.

SEXTA-FEIRA SANTA: - CRISTO NA CRUZ
Hoje queremos acompanhar Cristo na Cruz. Recordo umas palavras de São Josemaria, numa Sexta-Feira Santa. Convidava-nos a reviver pessoalmente as horas da Paixão: desde a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras até à flagelação, a coroação de espinhos e a morte na Cruz. Dizia: atada a omnipotência de Deus por mão de homem levam o meu Jesus de um lado para outro, entre os insultos e os empurrões da multidão.
Cada um de nós pode se ver no meio daquela multidão, porque foram os nossos pecados a causa da imensa dor que se abate sobre a alma e o corpo do Senhor. Sim: cada um de nós leva Cristo, convertido em objeto de troça, de uma a outra parte. Somos nós que, com os nossos pecados, reclamamos aos gritos a sua morte. E Ele, perfeito Deus e perfeito Homem, deixa-nos agir. Tinha-o predito o profeta Isaías: maltratado, não abriu a sua boca; como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante os tosquiadores.
Que grande é o poder da Cruz! Quando Cristo é objeto de riso e de escárnio para todo o mundo; quando está no Madeiro sem querer arrancar os cravos; quando ninguém daria nem um centavo pela sua vida, o bom ladrão - um como nós - descobre o amor de Cristo agonizante, e pede perdão. Hoje estarás comigo no Paraíso. Que força tem o sofrimento, quando se aceita junto de Nosso Senhor! É capaz de tirar - das situações mais dolorosas - momentos de glória e de vida. Esse homem que se dirige a Cristo agonizante, encontra a remissão dos seus pecados, a felicidade para sempre.
Nós temos de fazer o mesmo. Se perdermos o medo da Cruz, se nos unirmos a Cristo na Cruz, receberemos a sua graça, a sua força, a sua eficácia. E encher-nos-emos de paz.
Ao pé da Cruz descobrimos Maria, Virgem fiel. Peçamos-lhe, nesta Sexta-Feira Santa, que nos empreste o seu amor e a sua força, para que também nós saibamos acompanhar Jesus. Dirigimo-nos a Ela com umas palavras de São Josemaria, que ajudaram milhões de pessoas. Diz: Minha Mãe (tua, porque és seu por muitos títulos), que o teu amor me ate à Cruz do teu Filho; que não me falte a Fé, nem a valentia, nem a audácia, para cumprir a vontade do nosso Jesus.

Simbologia da Quadra da Páscoa

SÁBADO SANTO: - SILÊNCIO E CONVERSÃO
Hoje é um dia de silêncio: Cristo jaz no sepulcro e a Igreja medita, admirada, o que fez este Senhor nosso por nós. Guarda silêncio para aprender do Mestre, ao contemplar o seu corpo destroçado.
Cada um de nós pode e deve unir-se ao silêncio da Igreja. E ao considerar que somos responsáveis por essa morte, esforçar-nos-emos para que as nossas paixões, as nossas rebeldias, tudo o que nos afaste de Deus, guardem silêncio. Mas sem estarmos meramente passivos: é uma graça que Deus nos concede quando a pedimos diante do Corpo morto do seu Filho, quando nos empenhamos por tirar da nossa vida tudo o que nos afasta d'Ele.
O Sábado Santo não é um dia triste. O Senhor venceu o demônio e o pecado, e dentro de poucas horas vencerá também a morte com a sua gloriosa Ressurreição. Reconciliou-nos com o Pai celestial: já somos Filhos de Deus! É necessário fazer propósitos de agradecimento, que tenhamos a segurança de superar todos os obstáculos, sejam de que tipo for, se nos mantivermos bem unidos a Jesus pela oração e pelos sacramentos.
O mundo tem fome de Deus, ainda que muitas vezes não o saiba. As pessoas estão desejando que se lhes fale desta realidade gozosa - o encontro com o Senhor -, e para isso viemos nós os cristãos. Tenhamos a valentia daqueles dois homens - Nicodemos e José de Arimateia -, que durante a vida de Jesus Cristo mostravam respeitos humanos, mas que, no momento definitivo, se atrevem a pedir a Pilatos o corpo morto de Jesus, para lhe dar sepultura. Ou a daquelas mulheres santas que, sendo Cristo já um cadáver, compram aromas e acodem para embalsamá-lo, sem ter medo dos soldados que guardam o sepulcro.
À hora da debandada geral, quando todo o mundo se sentiu com direito de insultar, rir e mofar-se de Jesus, eles vão dizer: dá-nos esse Corpo, que nos pertence. Com que cuidado o desceriam da Cruz e iriam olhando as suas Chagas! Peçamos perdão e digamos, com palavras de São Josemaria: eu subirei com eles ao pé da Cruz, apertar-me-ei ao Corpo frio, cadáver de Cristo, com o fogo do meu amor..., despregá-Lo-ei com os meus desagravos e mortificações..., envolvê-Lo-ei com o lençol novo da minha vida limpa e enterrá-Lo-ei no meu peito de rocha viva, onde ninguém mo poderá arrancar; e, aí, Senhor, descansai!
Compreende-se que pusessem o corpo morto do Filho nos braços da Mãe, antes de dar-lhe sepultura. Maria era a única criatura capaz de lhe dizer que entende perfeitamente o seu Amor pelos homens, pois Ela não foi causadora dessas dores. A Virgem Puríssima fala por nós; mas fala para nos fazer reagir, para que experimentemos a sua dor, feita uma só coisa com a dor de Cristo.
Tiremos propósitos de conversão e de apostolado, de identificar-nos mais com Cristo, de estar totalmente centrados nas almas. Peçamos ao Senhor que nos transmita a eficácia salvadora da sua Paixão e da sua Morte. Consideremos o panorama que se nos apresenta por diante. As pessoas que nos rodeiam esperam que nós os cristãos lhes descubramos as maravilhas do encontro com Deus. É necessário que esta Semana Santa - e depois todos os dias - seja para nós um salto de qualidade, um dizer ao Senhor que se meta totalmente nas nossas vidas. É preciso comunicar a muitas pessoas a Vida nova que Jesus Cristo nos conseguiu com a Redenção.
Recorramos a Santa Maria: Virgem da Solidão, Mãe de Deus e Mãe nossa, ajuda-nos a compreender - como escreve São Josemaria - que é preciso fazer vida nossa a vida e a morte de Cristo. Morrer pela mortificação e pela penitência, para que Cristo viva em nós pelo Amor. E seguir então os passos de Cristo, com ânsia de corredimir todas as almas. Dar a vida pelos outros. Só assim se vive a vida de Jesus Cristo e nos fazemos uma só coisa com Ele.
DOMINGO DE PÁSCOA: - JESUS VENCEU
Transcorrido o sábado, Maria Madalena, Maria a Mãe de Tiago, e Salomé, compraram perfumes para ir embalsamar Jesus. Muito de madrugada, no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, dirigiram-se ao sepulcro. Assim começa São Marcos a narração do sucedido naquela madrugada de há dois mil anos, na primeira Páscoa cristã. Jesus tinha sido sepultado. Aos olhos dos homens, a sua vida e a sua mensagem tinham terminado com o mais profundo dos fracassos. Os seus discípulos, confusos e atemorizados, tinham-se dispersado. As próprias mulheres que acodem para realizar um gesto piedoso, perguntam-se umas às outras: quem nos tirará a pedra da entrada do sepulcro? "No entanto, faz notar São Josemaria, seguem adiante... Tu e eu, como andamos de vacilações? Temos esta decisão santa, ou temos de confessar que sentimos vergonha ao contemplar a decisão, a intrepidez, a audácia destas mulheres?".
Cumprir a Vontade de Deus, ser fiéis à lei de Cristo, viver coerentemente a nossa fé, pode parecer às vezes muito difícil. Apresentam-se obstáculos que parecem insuperáveis. No entanto, não é assim. Deus vence sempre.
A epopéia de Jesus de Nazaré não termina com a sua morte ignominiosa na Cruz. A última palavra é a da Ressurreição gloriosa. E os cristãos, no Batismo, somos mortos e ressuscitados com Cristo: mortos para o pecado e vivos para Deus. "Oh Cristo - dizemos com o Santo Padre João Paulo II -, como não te dar graças pelo dom inefável que nos ofereces nesta noite! O mistério da tua Morte e da tua Ressurreição infunde-se na água batismal que acolhe o homem velho e carnal, e o faz puro, com a mesma juventude divina" (Homilia, 15-IV-2001).
Hoje a Igreja, cheia de alegria, exclama: este é o dia que o Senhor fez: regozijemo-nos e alegremo-nos com ele! Grito de júbilo que se prolongará durante cinqüenta dias, ao longo do tempo pascal, como um eco das palavras de São Paulo: posto que vós ressuscitastes com Cristo, procurai os bens do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus. Ponham todo o coração nos bens do céu, não nos da terra; porque morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Temos de permanecer sempre junto à Nossa Senhora, mas mais ainda no tempo de Páscoa, e aprender d'Ela. Com que ânsias tinha esperado a Ressurreição! Sabia que Jesus tinha vindo salvar o mundo e que, portanto, devia padecer e morrer; mas também conhecia que não podia ficar sujeito à morte, porque Ele é a Vida.
Uma boa forma de viver a Páscoa consiste em esforçar-nos por fazer os outros participantes da vida de Cristo, cumprindo com primor o mandamento novo da caridade, que o Senhor nos deu na véspera da sua Paixão: nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros. Cristo ressuscitado repete agora a cada um de nós. Diz-nos: amem-se de verdade uns aos outros, esforcem-se todos os dias por servir os outros, estejam atentos aos detalhes mais pequenos, para fazer a vida agradável aos que convivem convosco.
Mas voltemos ao encontro de Jesus com a sua Santíssima Mãe. Que contente estaria Nossa Senhora, ao contemplar aquela Humanidade Santíssima - carne da sua carne e vida da sua vida - plenamente glorificada! Peçamos-lhe que nos ensine a sacrificar-nos pelos outros sem o fazer notar, sem esperar sequer que nos agradeçam: que tenhamos fome de passar inadvertidos, para assim possuirmos a vida de Deus e comunicá-la a outros.

Hoje dirigimos-lhe a oração do Regina Caeli, saudação própria do tempo pascal. Rainha do Céu alegrai-vos, aleluia / Porque aquele que merecestes trazer em vosso seio, aleluia / Ressuscitou como disse, aleluia. / Rogai por nós a Deus, aleluia. / Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia / Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.

(Registado aqui - Ano de 2006)


Dia Internacional da Mulher (10)

O Dia Internacional da Mulher, teve como origem as manifestações das mulheres russas por "Pão e Paz" - por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.

Dia internacional da Mulher

O dia 8 de Março para celebrar o Dia Internacional da Mulher, é em comemoração à data de 8 de Março de 1857, em que teve lugar aquela que terá sido, em todo o mundo, uma das primeiras acções organizadas por trabalhadores do sexo feminino. Centenas de operárias de fábricas de tecidos, situadas na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve iniciaram uma marcha de protesto contra os baixos salários, o período de 12 horas diárias e as más condições de trabalho. A manifestação foi violentamente dispersada pela polícia. As mulheres envolvidas nestes movimentos foram as mesmas que fundaram, dois anos depois, os sindicatos.
A ideia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na viragem do século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão económica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho e no contexto da Segunda Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, quando ocorre a incorporação da mão-de-obra feminina, em massa, na indústria. As condições de trabalho, frequentemente insalubres e perigosas, eram motivo de frequentes protestos por parte dos trabalhadores. Muitas manifestações ocorreram nos anos seguintes, em várias partes do mundo, destacando-se Nova Iorque, Berlim, Viena (1911) e São Petersburgo (1913).
Recorde-se que o primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América, em memória da greve das operárias da indústria do vestuário de Nova York, em protesto contra as más condições de trabalho.

O Dia Internacional da Mulher, é também um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher e ainda comemorar o trágico incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist (Nova Iorque, 1911) em que 140 mulheres perderam a vida.
Através dos tempos foram registados muitos protestos, que tinham sempre referência ao episódio de 8 de Março, destacando-se um outro em 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução de horário, melhores salários, e o direito ao voto. Em 1910, a primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em Copenhaga, dirigida pela Internacional Socialista, e o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido. No ano seguinte, esse dia foi celebrado por mais de um milhão de pessoas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. No entanto, logo depois, um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist mataria 140 costureiras; o número elevado de mortes foi atribuído às más condições de segurança do edifício. Além disto, ocorreram também manifestações pela Paz em toda a Europa nas vésperas da Primeira Guerra Mundial.
A história do Dia Internacional das Mulheres representa acima de tudo com a inserção das mulheres no mercado de trabalho após a Revolução Industrial. As mulheres saíram dos lares, mas não conseguiram os mesmos direitos que os homens. Até hoje as pesquisas revelam que as mulheres ganham menos ocupando o mesmo cargo. Mas já foi bem pior.

Marcos das Conquistas das Mulheres na História:

- 1788 - o político e filósofo Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.
- 1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.
- 1859 - Surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
- 1862 - Durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.
- 1865 - Na Alemanha Louiso Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
-1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas
- 1869 - É criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres
- 1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.
- 1874 - Criada no Japão primeira escola normal para moças.
- 1878 - Criada na Rússia uma Universidade Feminina
- 1901 - O deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres

O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher.

(Registado aqui - Ano de 2005)

***

Dia Internacional da Mulher em Loriga

Hoje em dia o Dia Internacional da Mulher é muito festejado um pouco por todo o lado e em Loriga não foge à regra, que começou a ser também festejado já algum tempo, quando já alguns anos a esta parte, algumas mulheres loriguenses e com espírito de iniciativa, idealizaram levar em frente festejar também na sua terra, este Dia Internacional da Mulher.
Ao princípio apenas com aderência de algumas mulheres, talvez mais liberais, ou talvez ainda na altura a existir alguns preconceitos, mas com a continuação dos anos foram rapidamente ultrapassados e foi de relevo cada vez mais as mulheres loriguenses aderirem aos festejos da celebração do Dia Internacional da Mulher na harmoniosa e hospitaleira vila serrana.
Este dia dedicado à mulher é pois celebrado em Loriga, com a realização de um jantar comemorativo ao Dia Internacional da Mulher, que de certa forma organizado, juntam-se as mulheres loriguenses em comunidade, num verdadeiro espírito de amizade, fraternidade e divertimento, reclamando assim para si um dia verdadeiramente especial e que nós o homens devemos apoiar.
O dia 8 de Março Dia Internacional da Mulher comemorado com certa relevância em Loriga, parece mesmo ser já uma tradição, sendo de elogiar ver hoje nesses festejos mulheres de todas as faixas etárias, que temos com por dever enaltecer.

Celebraçã do Dia Internacional da Mulher - Foto Ano 2009

(Registado aqui - Ano de 2010)


História do 25 de Abril (11)

No dia 25 de Abril é comemorado a Revolução dos Cravos que pôs fim ao período salazarista com a derrubada de Marcelo Caetano. Portugal, hoje membro da Comunidade Europeia, era um país atrasado em relação ao continente. O país de Camões não vivia o melhor momento de sua história, o último império colonial da Europa pagava caro por este título. Angola, Moçambique e Guiné estavam em guerras de libertação da matriz desde os anos 60, além do desprestígio causado pelas conquistas de Goa, Damão e Diu pela Índia. Portugal era integrante da ONU e da OTAN, mesmo assim era condenado por seus aliados, inclusivo pela sua política colonialista e ditatorial.
O esforço de guerra colonial produzia um serviço militar de quatro anos de duração, repressão às opiniões contrárias à guerra, partidos e movimentos políticos, exílio de líderes da oposição e controle da imprensa e sindicatos. Todos eram suspeitos aos olhos do governo considerado fascista.
A revolução de 25 de Abril de 1974 representa muito mais que uma mudança na história do Portugal. Ela é o marco do fim do ciclo imperial iniciado com a expansão marítima no século XV. A revolução portuguesa deu esperanças aos país latinos a lutar contra as suas ditaduras.
No Chile havia sido imposto uma ditadura em nome da "liberdade", "democracia" e "mundo livre" em 11 de Setembro de 1973 com apoio do governo estadunidense. Ou seja, seis meses apenas antes da Revolução dos Cravos.
O motivo da revolução é simples e pode ser resumido nos três dês: democratizar, descolonizar e desenvolver, que só seriam possíveis com o fim do salazarismo. António de Oliveira Salazar assumiu o cargo de Presidente do Conselho de 1932 até 1968. Governou o país com mão-de-ferro até à sua retirada por incapacitação física. Marcelo Caetano assume o seu lugar e mantém o regime por mais seis anos. Salazar tentou manter a todo o custo o fim do período colonial e dirigiu Portugal sob linha dura até a sua morte.

Com a substituição de Salazar por Marcelo Caetano, a expectativa pela liberalização do país aumentou, muito embora a demanda por mudanças superasse a meta do governo de fazer uma transição lenta, gradual e segura; para eles, obviamente.
Nos anos 70, os portugueses estavam descontentes com a decadência económica produzida pelo atraso da nação e do financiamento às guerras coloniais. Os sectores de médio e baixo escalão das forças armadas estavam ainda menos satisfeitos com guerras inúteis e governos que não os representavam.
Surge o "Movimento dos Capitães". Eles conviviam com o sentimento de exploração, antipatia popular e o medo de serem culpados por uma nova derrota nas colónias, assim como, ocorreu nos territórios indianos. O Movimento cresce no verão de 1973/1974 e, desta vez, o povo passa a apoiar a causa dos militares como única via para acabar com o salazarismo.
O regime de 48 anos cai quase sem derramamento de sangue em poucas horas com a adesão da população. O golpe não foi uma surpresa. Em 16 de Março, oficiais de vários quartéis realizaram u golpe frustrado contra o regime. O "putsch das Caldas da Rainha" serviu de ensaio para o golpe fatal contra o regime salazarista.
Meia-noite e vinte minutos de 25 de Abril de 1974, neste horário era dada a senha para o início do fim. A Rádio Renascença executa "Grândola, Vila Morena" de Zeca Afonso, uma música proibida pela ditadura. Marcelo Caetano é "convidado" a retirar-se e se exila no Brasil, que vivia os anos negros da ditadura militar. A população festeja o fim da ditadura distribuindo cravos, a flor nacional, aos soldados rebeldes.
A revolução dos cravos teve três fases distintas. Até o golpe de 11 de Março de 1975 não se sabia quem controlava o país. O general António de Spínola assume a Presidência e toma atitudes polémicas como legalizar todos os partidos políticos, inclusive o Partido Comunista.
As forças de esquerda ganham cada vez mais força no país e em Setembro a MFA (Movimento das Forças Armadas) passa a dominar o governo. A MFA era influenciada pelo PCP. No mesmo ano de agitações políticas, as colónias africanas de Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau conseguem suas soberanias políticas.
Era um desejo popular acabar com a ditadura, mas ao mesmo tempo era um golpe militar de facto. A peculiaridade aumenta com a segunda fase do golpe, iniciada pela tentativa frustrada de golpe de Spínola. O novo governo passa a ser controlado pelos generais Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Gonçalves.
Depois do 11 de Março 1975 o país começou a tomar de vez o rumo da esquerda. Bancos, indústrias e empresas de média foram nacionalizados, além do início da reforma agrária. Neste período é registado uma migração em massa para o Brasil. Em menos de um ano, cerca de meio milhão de portugueses se mudam para o continente americano num novo processo migratório.

Simbolo do 25 Abril

A vitória do moderado Partido Socialista de Mário Soares nas eleições para a Assembleia Constituinte em Abril de 1975, traz um novo momento ao período revolucionário. Inconformados com esta reviravolta, oficiais de extrema-esquerda tentam, sem sucesso, um novo golpe em 25 de Novembro de 1975. Esta tentativa frustrada põe fim ao período revolucionário.
Mesmo assim, a revolução portuguesa foi um marco para a redemocratização da península Ibérica e da América Latina. Ela foi decisiva para as eleições que trouxeram derrotas aos governos "democráticos" no Brasil e em outros países latino-americanos sem cheiro nem sabor.
A revolução mudou de vez a vida dos portugueses. A Carta Magna de 1976 incluiu temas sociais, garantiu o processo de reforma agrária e a independência das colónias. No mesmo ano, o general António Ramalho Eanes é eleito presidente da República. Este foi o mesmo comandante que esmagou a rebelião de oficiais de esquerda. Com a derrota, Mário Soares tem de governar com a minoria no congresso. Em 1978 renuncia ao cargo devido a grave crise económica.
Mesmo atravessando instabilidades políticas, como a do fim da década de 70, a democracia sobreviveu em Portugal com a alternância entre os partidos de direita e esquerda. Actualmente, os portugueses comemoram o 25 de Abril como uma data que fez o país renascer do obscurantismo e do fascismo.

Dia 24 de Abril - véspera da Revolução dos Cravos

Otelo Saraiva de Carvalho por volta das 22 horas do dia 24/4/1974 fardado com blusão de cabedal chega ao Regimento de Engenharia Nº1, na Pontinha. É ali que o major acompanhado de outros oficiais: Os tenentes-coronéis Garcia dos Santos e Lopes Pires, o comandante Victor Crespo, os majores Sanches Osório e José Maria Azevedo, o capitão Luís de Macedo.
Ali instalam o posto de comando num pequeno anexo com as janelas tapadas por alguns cobertores, sobre a mesa uns papéis manuscritos e um mapa de estradas do Automóvel Clube de Portugal edição de 1973 que fazia de carta operacional com os esboços das movimentações, sendo a base do "plano geral das operações" que se dividia em duas zonas.
Zona Norte que começava no eixo a sul do Porto e Lamego para norte. Zona Sul desse eixo para sul, dividido em quatro sectores; Sector Norte, até a sul de Coimbra, Sector Centro até norte de Santarém, Sector Sul daí para sul, Sector Lisboa que também incluía Santarém. Dali do Posto de Comando com o nome de código "Óscar" dão o conhecimento da situação e as instruções às unidades militares de todo o país envolvidas nas operações.
O primeiro sinal como combinado seria dado pelo então posto "Emissores Associados de Lisboa" às 22:55. João Paulo Dinis era lá locutor e fizera a tropa em Bissau sob as ordens de Otelo, daí a escolha de Otelo. E cabe a Dinis às 22:55 dar voz e escolher a canção
"E Depois Do Adeus" de Paulo de Carvalho, canção vencedora desse ano do Festival da Canção RTP e que iria a alguns dias representar Portugal no Festival da Eurovisão. A segunda senha é dada na "Rádio Renascença". Otelo fazia ponto de honra que fosse uma canção do Zeca Afonso e estava indeciso entre "Venham Mais Cinco" e "Trás Outro Amigo Também" eram as suas preferidas mas logo os seus camaradas fizeram notar que seriam canções muito óbvias e que iriam suscitar desconfiança.
Foi assim que o jornalista Carlos Albino sugeriu
"Grândola Vila Morena" e é esta que acaba por ir para o ar no programa "Limite" de Paulo Coelho e Leite de Vasconcelos que antes de pôr o disco recita a primeira quadra de "Grândola Vila Morena". São 0:20 e grande parte das forças envolvidas põe-se em movimento.
O Quartel-General da Região Militar de Lisboa é o centro nevrálgico das "Forças do Regime". O edifício é tomado pelo Batalhão de Caçadores 5 com o código "Canadá". A mesma unidade também se encarrega de proteger a residência do general António de Spínola, o general Francisco Costa Gomes não foi alvo de protecção porque não dormiu em casa.
Importante é também o aeroporto da Portela, operação com o código "Nova Iorque" que fica encarregue à Escola Prática de Infantaria (EPI) de Mafra que às portas de Lisboa a coluna militar perde-se nas ruas e becos escuros de Camarate.
Junto ao aeroporto o capitão Costa Martins esperava a coluna da Escola Prática de Infantaria (EPI) de Mafra e desesperava e decide neutralizar sozinho de pistola em punho a guarda do aeroporto e entrou mesmo na torre de controlo fazendo "bluff" durante mais duma hora dizendo que o aeroporto estava cercado e para se interditar o espaço aéreo português imediatamente.
A Escola Prática de Infantaria (EPI) de Mafra, quando chega toma de imediato conta do aeroporto e ainda neutraliza o Regimento de Artilharia Ligeira 1 em Lisboa junto ao aeroporto. A Escola Prática de Transmissões fazia as escutas telefónicas militares das forças do regime que depois transmitia ao Posto de Comando.
O Regimento de Cavalaria 3 de Estremoz vem a Lisboa com a missão de controlar a Ponte Sobre o Tejo, tomando posições do lado sul do Tejo (Pragal). Enquanto nas colinas adjacentes à ponte de ambos os lados a Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas toma posições apontando baterias junto ao Cristo Rei, para o Terreiro do Paço e Monsanto. A mesma unidade depois vai lá baixo à Trafaria libertar os militares que tentaram a 16 de Março o "golpe das Caldas da Rainha" e que se encontravam presos na Casa de Reclusão da Trafaria.
Os órgãos de comunicação social também eram de crucial importância controla-los. Para isso coube à RTP (única emissora televisiva da época) ser tomada pela então, Escola Prática de Administração Militar, (operação; código Mónaco) já que se situava na mesma rua, (Alameda das Linhas de Torres em Lisboa).
A antiga Emissora Nacional, actual RDP na rua do Quelhas foi tomada com meios limitados pelos capitães Oliveira Pimentel e Frederico de Morais mais 40 praças de especialidades diversas do Campo de Tiro da Serra da Carregueira. Na rua Sampaio Pina à porta da Rádio Clube Português estão estacionados homens do BC5 dali perto (Campolide) chefiados pelo capitão Santos Coelho e pelo Major Costa Neves da Força Aérea o qual no momento da tomada do RCP é questionado pelo porteiro; se não podiam aparecer após as 9 horas da manhã, que sempre já lá estaria mais gente para os receber!
Costa Neves e seus camaradas forçam a entrada e é esse o posto escolhido para emissor do MFA. Como previram que as forças do regime pudessem cortar as ligações às antenas do RCP do Porto Alto, tal como vieram a tentar, então a guarda das antenas ficaram a cargo da Escola Prática de Engenharia, de Tancos que também controlou a ponte de Vila Franca de Xira e a casa da moeda em Lisboa.
Então através do RCP o MFA apresenta-se ao país pela 1ª vez às 4:26 (estava previsto ser às 4 horas mas o engano de percurso da EPI em Camarate atrasou o comunicado) a voz é do jornalista Joaquim Furtado: "Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas...".
A programação é alterada e passa o hino nacional, marchas militares e canções de protesto e de contestação. Sucedem-se os comunicados escritos por Victor Alves e Lopes Pires no quartel da Pontinha, que eram lidos aos microfones do RCP. Mediante esta situação os ouvintes ficam a par do desenrolar dos acontecimentos.
Mas a missão principal cabe ao capitão Salgueiro Maia e seus homens da Escola Prática de Cavalaria, vindos de Santarém ficam-lhes encarregues várias acções desde de "despiste" ou seja; chamar a atenção das forças fiéis ao regime através dum itinerário ostenta tório no sentido de dispersar as capacidades inimigas. E ainda de controlar o Banco de Portugal, a Rádio Marconi e o Terreiro do Paço.
Ali, o ministro do Exército, general Andrade e Silva perante a situação manda abrir à picareta um buraco na parede do gabinete por onde foge mais os ministros da Marinha, da Defesa e do Interior acompanhados de militares de altas patentes.
Antes do golpe a Marinha e a Força Aérea haviam sido contactadas para aderirem mas garantiram a neutralidade. Mas o capitão-de-fragata Seixas Louçã que comandava a fragata "Almirante Gago Coutinho" integrada na NATO e com grande poder de fogo, resolve, ameaçar disparar sobre o Terreiro do Paço.Ao que é posta ao corrente das baterias de artilharia, já prontas a disparar, posicionadas nas colinas junto ao Cristo Rei. A tripulação ao saber rebela-se e ao fim da manhã a fragata retira-se e vai fundear-se no Alfeite.
Momento importante, quando a coluna EPC é interceptada na Avenida Ribeira das Naus por tropas fieis ao regime comandadas pelos brigadeiro Junqueira dos Reis e o tenente-coronel Ferrand d'Almeida, com tanques Patton M47. É o próprio Salgueiro Maia que vai tentar dialogar, saindo a pé e de lenço branco na mão hasteado e uma granada escondida na outra, ao que o brigadeiro dá ordens para disparar sobre o capitão mas que ninguém obedece! E depois mesmo alguns tanques de Cavalaria 7 passam-se para o lado de Salgueiro Maia.
Outro momento muito importante dá-se às 5 horas quando o Major Silva Pais director-geral da PIDE/DGS dá conhecimento ao presidente do Conselho (função que equivale actualmente à de primeiro-ministro), Marcelo Caetano dos acontecimentos que este ainda desconhecia.
Referindo que a situação era grave e dando instruções para se refugiar o mais depressa possível no Comando-Geral da GNR no Largo do Carmo porque era um dos sítios que não se encontrava sitiado e que passava mais despercebido. Mas que veio a revelar-se uma grande armadilha! Primeiro porque soube-se da sua entrada no Quartel do Carmo às 6 horas, ao que o major Otelo deu ordens para Salgueiro Maia se dirigir para o Largo do Carmo e sitiar completamente o quartel para que não houvesse fugas pelas traseiras. Na ida da coluna de Salgueiro Maia para o Largo do Carmo, uma companhia do RI 1 comandada pelo capitão Fernandes tenta bloquear a passagem mas após curto diálogo, passam-se para o lado dos revoltosos.
Embora em telefonemas mais tarde tentassem convencer Otelo que Caetano não se encontrava lá mas Otelo sabia que era para as forças do regime ganharem tempo. E segundo porque quando as individualidades mais importantes ligadas ao regime foram socorridas pelo ar, por um helicóptero como no caso do Regimento de Lanceiros 2, esse mesmo helicóptero tentou ajudar a fuga de Marcelo Caetano, só que não havia sítio para o helicóptero aterrar e por isso Marcelo Caetano receoso permaneceu encurralado no Quartel do Carmo com blindados apontados e ouvindo uma multidão crescente que tinha acordado dum sono profundo ou que tinha aprendido ou descoberto nesse dia que existiam outras coisas como democracia e liberdade. E gritavam: Por vingança e palavras de ordem contra a ditadura e guerra colonial e outras coisas. Salgueiro Maia depois terá mesmo pedido calma ao povo de megafone em punho.
Mesmo que o regime não caísse as coisas já não seriam mais como antes, o povo nesse dia tinha ouvido coisas novas e ficou a saber em que tipos de regime e que tipos de politicos governavam o país por isso aderiram de imediato ao Movimento das Forças Armadas! O tempo passava a GNR não reagia numa tentativa de ganhar tempo. Maia dá um ultimato à GNR mas nada!
No Posto de Comando desesperavam e Otelo envia um bilhete escrito a Maia: "Com metralhadoras rebenta com as fechaduras do portão, que é para saberem que é a sério!" Ás 15:10 são dados 10 minutos. (Temia-se que um helicóptero afecto às Forças do Regime pudesse largar uma bomba sobre as forças revoltosas no Largo do Carmo). Após o prazo esgotado, às 15:25 as metralhadoras duma viatura chaimite disparam contra a frontaria do quartel. Como não houvera reacção da parte do quartel, passado algum tempo um blindado toma posição de canhão apontado e é nesse momento que surgem dois civis: Pedro Feytor Pinto e Nuno Távora, quadros da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, medianeiros entre Spínola e Caetano, este último melindrado com a situação dizia: "Não quero que o poder cai na rua".
Feytor Pinto telefona a Otelo que em nome do MFA, mandata o general Spínola para receber a rendição de Caetano. Às 18 horas, chega Spínola de automóvel com farda Nº 1. Caetano submete-se e entrega a Spínola o poder e pede protecção. Spínola transmite a Caetano a intenção do MFA de o enviar para o Funchal. (Iria partir para o Funchal no dia seguinte pelas 7 horas, a ele juntaram-lhe também entre outros o Presidente da Republica Almirante Américo Tomás que durante a longa noite da revolução não deu sinal de vida, como se não fosse nada com ele, passou o dia na sua casa no Restelo, saindo sobre escolta para o aeroporto).
E assim às 19:30 sai do quartel o chaimite "Bula", no interior vão Marcelo Caetano e António Spínola em direcção à Pontinha, por entre uma multidão eufórica que celebra a "Liberdade" com cravos vermelhos. Às 19:50 é emitido o comunicado: "O Posto de Comando do MFA informa que se concretizou a queda do Governo, tendo Sua Excelência o Professor Marcelo Caetano apresentado a sua rendição incondicional a sua Excelência o General António de Spínola". Logo após as 20 horas é lida no RCP a "Proclamação do Movimento das Forças Armadas". E à 1:30 já do dia 26/4/74 aparecem na televisão as novas caras do poder: A Junta de Salvação Nacional, como presidente, António de Spínola, em que lê uma proclamação ao país: Um novo regime. A democracia. A paz.

PORTUGAL - Anterior ao 25/4/74 e suas causas

Desde as lutas liberais na primeira metade do século XIX que o país vive divisões e conflitos internos. Ainda assim foi um período de progresso sobretudo na segunda parte do século XIX, contudo a tensão foi enorme nas últimas décadas da monarquia e que se acentuara após a república, com sucessivos governos a "caírem" e inflações descontroladas. É neste cenário de instabilidade e marasmo que na sequência dum golpe militar (de generais a 28/05/1926) que inicia-se o "estado novo" e que viria a terminar também através dum golpe militar (mas de capitães em 25/04/1974).
António Oliveira Salazar que no inicio era ministro das finanças, teve o dom de controlar a inflação, passou a presidente do conselho aquando da remodelação do governo em 1933, começando aí a designação "Estado Novo". De inspiração fascista (como em alguns países na Europa à época).
Regime fortemente centralizado pelo governo/estado e ditatorial. Para isso conseguiu impor finalmente uma acalmia e uma ordem social no país, contando para isso com uma polícia específica para o efeito. Primeiramente PVDE (Policia de Vigilância e de Defesa do Estado).
Depois alteraram o nome para PIDE (Policia Internacional e de Defesa do Estado) este foi o nome que perdurou mais tempo, por fim DGS (Direcção Geral de Segurança) já com Marcelo Caetano em presidente do conselho de ministros (1968) após saída de Salazar por incapacidade sobretudo física provocada por uma queda quando sentado numa cadeira em São Pedro do Estoril que também lhe provocou lesões cerebrais.
Após a 2ª guerra mundial o mundo transformava-se enquanto Portugal mantinha-se estático e inabalável como se o tempo tivesse parado. As potências coloniais começavam a desfazer os seus impérios enquanto Portugal mantinha o seu império através da força de defesa militar, que teve inicio em 1961 na Guiné-Bissau e que depressa se estendeu à Angola e Moçambique. (Já nesse ano de 1961 Portugal tinha perdido as praças de Goa, Damão e Diu para a União Indiana).
A guerra em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau aumentava, o inimigo cada vez mais bem apetrechado belicamente sobretudo com armas Soviéticas mas também Americanas. O inimigo actuava em guerrilha no mato. Os anos sucediam-se e a guerra sem fim à vista cansava o sector militar que já mostrava algum cansaço.
Na Guiné-Bissau a situação era já tão descontrolada que na reunião da ONU de 25/9/73, 47 países reconheceram a Guiné-Bissau como independente! A sociedade civil também descontente em que as famílias Portuguesas viam os seus filhos partirem para uma guerra longe com um tempo de serviço militar obrigatório quase sempre superior a três anos! A fadiga e o descontentamento militar levaram os militares a fazerem reuniões secretas que começaram em Agosto e Setembro de 1973 e que se prolongaram pelo inicio de 1974. (Em 22/2/74 sai o livro "Portugal e o futuro" de A. Spínola).
No inicio de 1974 Marcelo Caetano em visita a Londres foi recebido em ambiente hostil e de contestação devido à situação colonial. Das reuniões secretas nasce a ideia do golpe de 16/4/74 do Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha (cerca de 200 homens entre praças, sargentos e oficiais), que mal planeado, a 3 quilómetros de Lisboa souberam que estavam sozinhos e voltaram para trás, vindo a ser detidos. 11 ficaram detidos na Trafaria.
Ficou no pensamento dos militares amigos dos detidos irem salva-los mas sem serem presos, daí o golpe de estado "25 de Abril" ter-se dado pela questão militar do Ultramar e não pela razão do regime ser uma ditadura anti-democrática e contra a liberdade de expressão, já que politicamente os opositores ao regime estavam exilados ou presos e não tinham qualquer poder ou forma de fazer face ao regime pela força. A sua força era a cultura de outros ideais que irritavam o governo fascista que queria manter a situação imutável e o povo na ignorância.

(Registado aqui - Ano de 2006)


1º de Maio - Dia Mundial do Trabalho (12)

O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de Maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época.
Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.
Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de Maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho.

Chicago, Maio de 1886

O retrocesso vivido nestes primórdios do século XXI remete-nos directamente aos piores momentos dos primórdios do Modo de Produção Capitalista, quando ainda eram comuns práticas ainda mais selvagens. Não apenas se buscava a extracção da mais-valia, através de baixos salários, mas até mesmo a saúde física e mental dos trabalhadores estava comprometida por jornadas que se estendiam até 17 horas diárias, prática comum nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos no final do século XVIII e durante o século XIX. Férias, descanso semanal e aposentadoria não existiam. Para se protegerem em momentos difíceis, os trabalhadores inventavam vários tipos de organização - como as caixas de auxílio mútuo, precursoras dos primeiros sindicatos.

Simbologia do Primeiro de Maio

Com as primeiras organizações, surgiram também as campanhas e mobilizações reivindicando maiores salários e redução da jornada de trabalho. Greves, nem sempre pacíficas, explodiam por todo o mundo industrializado. Chicago, um dos principais pólos industriais norte-americanos, também era um dos grandes centros sindicais. Duas importantes organizações lideravam os trabalhadores e dirigiam as manifestações em todo o país: a AFL (Federação Americana de Trabalho) e a Knights of Labor (Cavaleiros do Trabalho). As organizações, sindicatos e associações que surgiam eram formadas principalmente por trabalhadores de tendências políticas socialistas, anarquistas e social-democratas. Em 1886, Chicago foi palco de uma intensa greve operária. À época, Chicago não era apenas o centro da máfia e do crime organizado era também o centro do anarquismo na América do Norte, com importantes jornais operários como o Arbeiter Zeitung e o Verboten, dirigidos respectivamente por August Spies e Michel Schwab.
Como já se tornou praxe, os jornais patronais chamavam os líderes operários de cafajestes, preguiçosos e canalhas que buscavam criar desordens. Uma passeata pacífica, composta de trabalhadores, desempregados e familiares silenciou momentaneamente tais críticas, embora com resultados trágicos no pequeno prazo. No alto dos edifícios e nas esquinas estava posicionada a repressão policial. A manifestação terminou com um ardente comício.
No dia 3, a greve continuava em muitos estabelecimentos. Diante da fábrica McCormick Harvester, a policia disparou contra um grupo de operários, matando seis, deixando 50 feridos e centenas presos, Spies convocou os trabalhadores para uma concentração na tarde do dia 4. O ambiente era de revolta apesar dos líderes pedirem calma.
Os oradores se revezavam; Spies, Parsons e Sam Fieldem, pediram a união e a continuidade do movimento. No final da manifestação um grupo de 180 policiais atacou os manifestantes, espancando-os e pisoteando-os. Uma bomba estourou no meio dos guardas, uns 60 foram feridos e vários morreram. Reforços chegaram e começaram a atirar em todas as direcções. Centenas de pessoas de todas as idades morreram.
A repressão foi aumentando num crescendo sem fim: decretou-se "Estado de Sítio" e proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas, criminosos e gangsters pagos pelos patrões invadiram casas de trabalhadores, espancando-os e destruindo seus pertences.

A justiça burguesa levou a julgamento os líderes do movimento, August Spies, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab, Louis Lingg e Georg Engel. O julgamento começou dia 21 de Junho e desenrolou-se rapidamente. Provas e testemunhas foram inventadas. A sentença foi lida dia 9 de Outubro, no qual Parsons, Engel, Fischer, Lingg, Spies foram condenados à morte na forca; Fieldem e Schwab, à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão.

Spies fez a sua última defesa:

"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, espera a redenção - se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!".

Parsons também fez um discurso:

"Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o pão". Fez um relato da acção dos trabalhadores, desmascarando a farsa dos patrões com minúcias e falou de seus ideais. A propriedade das máquinas como privilégio de uns poucos é o que combatemos, o monopólio das mesmas, eis aquilo contra o que lutamos. Nós desejamos que todas as forças da natureza, que todas as forças sociais, que essa força gigantesca, produto do trabalho e da inteligência das gerações passadas, sejam postas à disposição do homem, submetidas ao homem para sempre. Este e não outro é o objectivo do socialismo".

No dia 11 de Novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons foram levados para o pátio da prisão e executados. Lingg não estava entre eles, pois suicidou-se. Seis anos depois, o governo de Illinois, pressionado pelas ondas de protesto contra a iniquidade do processo, anulou a sentença e libertou os três sobreviventes.
Em 1888 quando a AFL realizou o seu congresso, surgiu a proposta para realizar nova greve geral em 1º de Maio de 1890, a fim de se estender a jornada de 8 horas às zonas que ainda não haviam conquistado.
No centenário do início da Revolução Francesa, em 14 de Julho de 1889, reuniu-se em Paris um congresso operário marxista. Os delegados representavam três milhões de trabalhadores. Esse congresso marca a fundação da Segunda Internacional. Nele Herr Marx expulsou os anarquistas, cortou o braço esquerdo do movimento operário num momento em que a concordância entre todos os socialistas, comunistas e anarquistas residia na meta: chegada a uma sociedade sem classes, sem exploração, justa, fraterna e feliz. Os meios a empregar-se para atingir aquele objectivo constituíam os principais pontos de discordância: Herr Marx, com toda a sua genialidade incontestável, levou adiante a tese de que somente através de uma "Ditadura do Proletariado" se poderia ter os meios necessários à abolição da sociedade de classes, da exploração do homem pelo homem. Mikhail Bakunin, radical libertário, contrapondo-se a Marx, criou a nova máxima: "Não se chega à Luz através das Trevas." Segundo o Anarquista russo, deve-se buscar uma sociedade feliz, sem classes, sem exploração e sem "ditadura" intermediária de espécie alguma! A tendência maioritária do Congresso ficou em torno de Herr Marx e os Anarquistas foram, vale repetir, expulsos. Muitos têm apontado nesta ruptura de 1890 os motivos do fracasso do socialismo dito "real": enfatizou-se mais do que o necessário a questão da "ditadura" e o "proletariado" acabou esquecido. A própria China de hoje é disso exemplo: uma pequenina casta de empresários lidera ditatorialmente uma nação equacionada à força aproximando perigosamente aquela tendência do neoliberalismo.
Fechando este parêntese que já vai longo, voltemos à reunião do Congresso Operário de 1890: na hora da votar as resoluções, o belga Raymond Lavigne encaminhou uma proposta de organizar uma grande manifestação internacional, ao mesmo tempo, com data fixa, em todos os países e cidades pela redução da jornada de trabalho para 8 horas e aplicação de outras resoluções do Congresso Internacional. Como nos Estados Unidos já havia sido marcada para o dia 1º de Maio de 1890 uma manifestação similar, manteve-se o dia para todos os países.
No segundo Congresso da Segunda Internacional em Bruxelas, de 16 a 23 de Setembro de 1891, foi feito um balanço do movimento de 1890 e no final desse encontro foi aprovada a resolução histórica: tornar o 1º de Maio como "um dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objectivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade".
Como vemos, a greve de 1º de Maio de 1886 em Chicago, nos Estados Unidos, não foi um fato histórico isolado na luta dos trabalhadores, ela representou o desenrolar de um longo processo de luta em várias partes do mundo que, já no século XIX, acumulavam várias experiências no campo do enfrentamento entre o capital (trabalho morto apropriado por poucos) versus trabalho (seres humanos vivos, que amam, desejam, constroem e sonham!).
O incipiente movimento operário que nascera com a revolução industrial, começava a atentar para a importância da internacionalização da luta dos trabalhadores. O próprio massacre ao movimento grevista de Chicago não foi o primeiro, mas passou a simbolizar a luta pela igualdade, pelo fim da exploração e das injustiças.
Muitos foram os que tombaram na luta por mundo melhor, do massacre de Chicago aos dias de hoje, um longo caminho de lutas históricas foi percorrido. Os tempos actuais são difíceis para os trabalhadores, a nova revolução tecnológica criou uma instabilidade maior, jornadas mais longas com salários mais baixos, cresceu o número de seres humanos capazes de trabalhar, porém para a nova ordem eles são descartáveis. Essa é a modernidade neoliberal, a realidade do século que iniciamos, a distância parece pequena em comparação com a infância do capitalismo, parecemos muito mais próximos dela do que da pseudo racionalidade neoliberal, que muitos ideólogos querem fazer crer.
A realidade nos mostra a face cruel do capital, a produção capitalista continua a fazer apelo ao trabalho infantil, somente na Ásia, seriam 146 milhões nas fábricas, e segundo as Nações Unidas, um milhão de crianças são lançadas no comércio sexual a cada ano

O 1º de Maio em Portugal

Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo a comemoração deste dia era reprimida pelas polícias. O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, nomeadamente com mais incidência em Lisboa e no Porto, promovidas pelas centrais sindicais CGTP- (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical) e UGT- (União Geral das Trabalhadores).

O 1º. de Maio em Loriga

O 1º. de Maio foi também comemorado e pela primeira vez em Loriga, no ano de 1974, com as pessoas a manifestarem-se pelas ruas da vila como nunca se tinha visto igual, ficando na história como a maior manifestação politica já mais realizada nesta pitoresca vila serrana, onde se podiam ver patrões, comerciantes, empregados, velhos e novos, todos unidos no mesmo ideal da liberdade.
O local conhecido por "Praça" lugar central de Loriga na época e ruas adjacentes, esteve durante longas horas apinhado de gente e também muitos outros a manifestarem-se percorrendo as ruas principais da vila dando largas ao seu contentamento por finalmente poderem respirar uma LIBERDADE que à muito se ambicionavam.

(Registado aqui - Ano de 2005)


Cancro da Mama (13)

A importância do cancro da mama deve-se à sua frequência e à sua mortalidade, constituindo um problema de saúde pública. Nos países europeus, calcula-se que, uma mulher em cada onze virá a contrair o cancro da mama. Apesar dos progressos no diagnóstico precoce e no tratamento, a sobre vida após dez anos, é de 50 por cento

A incidência aumenta com a idade, revelando dois picos na distribuição etária. Um em cada quatro casos de cancro da mama ocorre no primeiro pico do grupo etário a partir dos 45. Três quartos dos casos ocorrem no segundo pico a partir dos 65 anos. No entanto, o cancro da mama ocorrendo muito antes do primeiro pico do grupo etário, ou seja, muito antes dos 45 anos, ocorre neste caso com menos incidência, em relação aos primeiros e segundos picos etários, em cima referenciados. Segundo estudos na península ibérica, o pico máximo dos cancros da mama é aos 69/70 anos.
Muito da acção do cancro da mama, está centralizada na sua prevenção, no diagnóstico cada vez mais precoce e em novas formas de tratamentos. Para prevenir o cancro da mama, há que conhecer os seus factores de risco. Estes factores devem ser conhecidos das utentes, se bem que nem todos estes factores de risco são possíveis de alterar mas muitos deles são possíveis de evitar, contribuindo para a prevenção desta doença.
Conhecidos os factores de risco, compete aos médicos (clínicos gerais e ginecologistas) realizar anualmente a observação clínica com anamenese, inspecção e palpação mamária. Devem decidir da necessidade dos exames complementares de diagnóstico cuja escolha deverá ser feita em função da idade e da realidade das anomalias clínicas observadas. Estes exames complementares constituem a "chave" do diagnóstico em senologia e a mamografia tem aqui um papel decisivo.
A incidência é variável de país para país e aumenta quatro por cento ao ano nos países industrializados, atingindo sobretudo as mulheres após a menopausa. A taxa de mortalidade tem-se mantido estável, o que significa uma melhoria na sobre vida que poderá ser devida a vários factores: detecção mais precoce e eficácia dos tratamentos.

Toda a patologia mamária assenta num exame mamográfico. Daqui a necessidade que este seja de elevada qualidade e que seja correctamente realizado. Há várias mamografias mas, a mamografia digital directa em campo inteiro como aquela que se possui, é sem dúvida uma ajuda preciosa na observação de pequenos detalhes, nomeadamente nos seios densos, que levam a permitir fazer um diagnóstico correcto.

Prevenção do Cancro da Mama

O que é prevenção de um tipo de cancro? Prevenir o aparecimento de um tipo de cancro é diminuir as possibilidades de que uma pessoa desenvolva essa doença através de acções que a afastem de factores que propiciem o desarranjo celular que acontece nos estágios bem iniciais, quando apenas algumas poucas células estão sofrendo as agressões que podem transformá-las em malignas. São os chamados factores de risco.
Além disso, outra forma de prevenir o aparecimento de cancro é promover acções sabidamente benéficas à saúde como um todo e que, por motivos muitas vezes desconhecidos, estão menos associadas ao aparecimento desses tumores.
Nem todos os cancros têm esses factores de risco e de protecção identificados e, entre os já reconhecidamente envolvidos, nem todos podem ser facilmente modificáveis, como a herança genética (história familiar), por exemplo.

Como se faz prevenção do cancro de mama

A mama é uma glândula composta de conjuntos celulares que se organizam em lobos, lóbulos e ductos, todos compostos de tipos específicos de células. Essas células podem sofrer uma transformação maligna e, se não forem destruídas pelo sistema imunológico, podem evoluir para um cancro de mama.
Esse, junto com o cancro de colo uterino, é o tipo de cancro mais comum nas mulheres (com excepção do cancro de pele não-melanoma). Os homens também podem ter cancro de mama porém muito menos frequentemente.
O cancro de mama, como a maioria dos tipos de cancro, tem factores de risco identificáveis, alguns desses factores de risco são modificáveis, ou seja, pode-se alterar a exposição que cada pessoa tem a esse determinado factor, diminuindo a sua chance de desenvolver esse tipo de cancro.
Há também os factores de protecção. Ou seja factores aos quais, se a pessoa está exposta, a sua chance de desenvolver esse tipo de cancro diminui. Entre esses factores de protecção também há os que se pode modificar, se expondo mais a eles.
Os factores de risco e protecção para cancro de mama mais conhecidos e que podem ser modificados são:

Exposição a hormonas

Terapia de reposição hormonal (hormonas usados para combater os sintomas da menopausa) pode aumentar o risco de cancro de mama. Anticoncepcional oral (pílula) também pode aumentar discretamente este risco. Retirar os ovários cirurgicamente ou usar medicações que diminuam a hormona feminina estro génio circulante, diminui este risco. Deixar de usar a terapia de reposição hormonal ou usar medicações que bloqueiam a acção do estro génio é uma decisão pessoal, baseada no risco de cada mulher para desenvolver cancro ou alguma outra doença. Esta decisão deve ser discutida com o seu médico de confiança.

Dieta

Mulheres que ingerem alimentos ricos em gordura animal (carne, manteiga, leite integral, queijos, natas, banha, creme de leite, linguiça, salame, presunto, frituras, pele de frango, carne gorda) têm mais possibilidade de desenvolver esse tipo de cancro.
Mulheres obesas têm mais chance de desenvolver cancro de mama, principalmente quando o aumento de peso se dá após a menopausa e/ou após os 60 anos.
Ingerir bebidas alcoólicas está associado a um discreto aumento no risco de desenvolver cancro de mama. Tomar menos que uma dose de bebida por dia ajuda a prevenir esse tipo de cancro (um copo de vinho, uma garrafa de cerveja ou uma dose de uísque são exemplos de uma dose de bebida alcoólica).
Comer legumes, verduras e frutas, pode diminuir o risco para esse tipo de cancro.
Manter-se dentro da faixa de peso ideal, principalmente após a menopausa, comer dieta sem excesso de gordura e rica em alimentos de origem vegetal e ingerir bebidas alcoólicas com moderação diminui as possibilidades de desenvolver esse tipo de cancro.

Exercício físico

Exercício físico normalmente diminui a quantidade de hormonas femininas circulantes. Como esse tipo de tumor está associado a essas hormonas, fazer exercício físico diminui o risco para esse tipo de tumor, principalmente em mulheres jovens.

História ginecológica

Amamentar pode diminuir o risco de uma mulher desenvolver o cancro de mama.
Amamentar por mais de um ano somando todos os períodos de amamentação já é o suficiente para ter o efeito protector da amamentação.
Ter dois filhos ou mais é um factor de protecção para cancro de mama.

História familiar

Mulheres que têm mãe ou irmã que tiveram cancro de mama, principalmente se eram jovens na época do diagnóstico também são um grupo de risco.
Essas pessoas devem-se aconselhar com o seu médico para definir a necessidade de fazer exames para identificar esses genes e para seguir medidas preventivas mais directas como adenomastectomia preventiva (retirada das glândulas da mama) ou uso de medicações como o Tamoxifen.
Só a avaliação individual feita por um profissional da área da saúde, pesando prós e contras é que pode definir a melhor conduta nesse caso.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico

A mamografia feita regularmente pode diminuir a chance de eu morrer de cancro de mama?
Várias mulheres na minha família tiveram cancro de mama, algumas até antes dos 50 anos. O que posso fazer para não ter também?
Não amamentei os meus filhos porque "não tinha leite". Isso aumenta o meu risco de ter cancro de mama?

(Registado aqui - Ano de 2009)


Equinócio em Macapá - Brasil (14)

Macapá, no Amapá, é a única capital brasileira cortada pela linha do Equador. Por conta disso, pelo menos duas vezes ao ano, os moradores da cidade têm o privilégio de assistirem ao fenómeno chamado de Equinócio, uma manifestação em que os raios do sol, no seu movimento aparente, incidem directamente sobre a linha do Equador. Nesse período, os dias e as noites têm a mesma duração em todo o planeta. A ocorrência desse fenómeno se dá em dois momentos: em Março, conhecido como equinócio da Primavera; e em Setembro, chamado de equinócio de Outono.
A palavra "aequinoctium", vem do latim, quer dizer "dia igual a noite". Representa a passagem do sol pelo Trópico de Câncer (Hemisfério Norte), atravessando a linha do Equador e indo incidir pelo Trópico de Capricórnio (Hemisfério Sul), onde é realizado um movimento de vai-e-vem. Por causa da inclinação de 13º 27' que a Terra sofre, se tem a impressão de que o sol é que se movimenta, mas na verdade é o planeta quem faz essa evolução. Esse vai-e-vem dura, aproximadamente, no período de 21 de Junho a 21 de Dezembro.
Para os povos antigos, como os caldeus, fenícios, astecas, maias, incas e egípcios, a posição que o sol ocupa na linha do horizonte tinha uma grande importância para o dia-a-dia deles. Era nesta data e nesta exacta posição do sol que eles marcavam o calendário. Era dele que se contava o início para os 365 dias do ano.
Actualmente, é através da ajuda do GPS- Sistema de Posicionamento Global Carmin, instrumento que determina posições geográficas (latitude e longitude) por meio de 24 satélites, que se consegue chegar aos dados astronómicos de localização. Antes, o homem só conseguia esses dados com a ajuda do sol e das estrelas.
Em Macapá, o Equinócio pode ser observado do Monumento do Marco Zero. Além dos moradores da capital amapaense, o fenómeno costuma atrair estudiosos e turistas. Em 2001, o fenómeno aconteceu dia 20 de Março. No Amapá, devido a estação chuvosa, o equinócio de Março foi baptizado como Equinócio das Águas, que se justifica pelo aumento do nível das águas favorecido pela atracção astral.

Local de observação: Monumento Marco Zero, Rod. JK, Km 02 s/n, Bairro do Zerão.

Marco Zero do Equador - ZERÃO

Macapá, juntamente com outras cidades de expressão, são "cortadas", "atravessadas" pela Linha do Equador.
A Linha do Equador tem como referencial um marco correspondendo à linha imaginária, o qual divide o Planeta em dois Hemisférios e privilegia Macapá como a única capital brasileira cortada por esse paralelo.
Para contemplação do fenómeno natural "Equinócio", onde pode ser observado através de um obelisco. O fenómeno acontece nos meses Março e Setembro.

Algumas cidades onde passa a Linha do Equador
- Macapá, capital do Estado de Amapá, localizada na região norte do Brasil.
- Pontinak, em Bornéu, na República da Indonésia.
- Mbandaka (ex-Coquilhaville), actual capital da Província do Equador, localizada na região norte da República Democrática do Congo.
- Entebbe, localizada às margens do Lago Vitória, próxima a Campala, capital da República de Uganda.
- Quito, a capital da República do Equador.

O Monumento Marco Zero de Macapá no Brasil, com no seu terraço, espaço para show's, além de salão para exposição, tem café, livraria, lojas para venda de produtos artesanais, etc. Completando todo o cenário, o obelisco, o relógio do sol e um amplo terraço para observações.
O Marco Zero de Macapá está localizado à 5 quilómetros do centro da cidade, com acesso pela Avenida JK. O conjunto é composto por um complexo turístico chamado "Parque Meio do Mundo".

(Registado aqui - Ano de 2007)


Reunificação das Alemanhas (15)

A reunificação da Alemanha ocorreu em 3 de Outubro de 1990, quando o território da antiga República Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental) foi incorporado à República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental).
Após as primeiras eleições livres na RDA, em 18 de Março de 1990, as negociações entre as duas Alemanhas culminaram no Tratado de Unificação, celebrado em 31 de Agosto de 1990, enquanto que os entendimentos entre a RDA e a RFA e as quatro potências de ocupação Estados Unidos da América, França, Reino Unido e União Soviética resultaram no chamado "Tratado Dois Mais Quatro" (celebrado em 12 de Setembro de 1990), que outorgava independência plena ao Estado alemão reunificado.
A Alemanha reunificada continuaria a integrar a Comunidade Europeia (posteriormente, União Europeia) e a NATO.
O termo "reunificação" é utilizado para designar este processo, que é distinto da unificação da Alemanha, em 1871.
A 3 de Outubro de 1990 ocorreu a reunificação dos territórios alemães, com o triunfo do capitalismo, por isso algumas pessoas consideram que a RDA foi efectivamente anexada à RFA.
A reintegração das duas Alemanhas teve um alto custo económico, que gerou inflação e recessão. Um dos problemas sociais provocados pela reunificação foi a necessidade de estender a toda a população o nível de vida e poder de compra alcançado pelos habitantes do lado ocidental.
Após a Unificação a União Democrata Cristã (CDU), de Helmut Kohl, venceu com folga as primeiras eleições na nova Alemanha, em Dezembro de 1990, mas o governo enfrentou graves problemas, como o aumento da dívida pública, o alto índice de desemprego e a actuação de grupos neonazistas e de extrema-direita, cujos ataques visavam sobretudo o grande contingente de imigrantes do país.
Apesar das dificuldades, Kohl manteve-se no governo em 1994, à frente de uma coligação da CDU com a União Social Cristã (CSU) e o Partido Liberal (FDP).
O governo alemão foi o que mais se esforçou pela formação da União Europeia (UE), um grande projecto político do partido dirigido por Kohl e, anteriormente, por Konrad Adenauer. Os democratas-cristãos determinaram que a contribuição da Alemanha à UE fosse a maior de todas e lutaram incansavelmente para concluir o Tratado de Maastricht, que deu origem à nova entidade política. Contudo, as medidas de ajuste da economia, sobretudo os cortes de benefícios do generoso sistema providenciaria, e o aumento do desemprego geraram muitos protestos no país.
Desgastado pelos dezasseis anos consecutivos como chanceler (primeiro-ministro), Kohl foi derrotado nas eleições de 1998 pelo Partido Social Democrata (SPD), sob a liderança de Gerhard Schröder, que formou um governo com o Partido Verde Alemão. O desemprego continuou a ser um desafio para o governo, mas Schröder firmou sua reputação política ao fazer a Alemanha participar, depois de muitos anos, de importantes decisões internacionais, como a intervenção na Macedônia e a guerra contra o terrorismo promovida pelos Estados Unidos. Em 2000, completou-se a mudança da sede de governo de Bonn para Berlim e, em 2002, a social-democracia de Schröder voltou a triunfar nas eleições.

Breve história da Alemanha Oriental

A Alemanha Oriental, Alemanha do Leste (ou RDA, sigla utilizada para designar a antiga República Democrática Alemã; em alemão Deutsche Demokratische Republik ou DDR) foi um Estado nacional criado em 1949 com o fim da ocupação da Alemanha pelos aliados, após a II Guerra Mundial, quando o território alemão foi repartido entre os sectores estadunidense, britânico, francês e soviético. O sector soviético daria origem à República Democrática Alemã (RDA), enquanto a junção dos outros três formou a República Federal Alemã (RFA), ou Alemanha Ocidental.
A RDA foi proclamada em Berlim Oriental no dia 7 de Outubro de 1949. Estabeleceu-se um regime socialista amplamente controlado pela União Soviética. Em Junho de 1953, após a morte de Stalin, dá-se a violenta repressão da Revolta de 1953 na Alemanha Oriental. Este facto fez com que cerca de três milhões de habitantes da Alemanha Oriental fugissem para a Alemanha Ocidental. Foi declarada totalmente soberana em 1954. Tropas soviéticas continuaram no terreno com base nos acordos de Potsdam, tendo em vista contrabalançar a presença militar dos Estados Unidos da América na República Federal Alemã durante a Guerra Fria. A RDA foi um membro do Pacto de Varsóvia.
A capital da Alemanha Oriental manteve-se em Berlim, enquanto que a capital da RFA foi transferida para Bonn. No entanto, Berlim foi também dividida em Berlim Ocidental e Berlim Oriental, com a parte ocidental controlada pela RFA, apesar da cidade estar totalmente situada em território da RDA. Esta divisão foi reforçada pela existência do muro de Berlim entre 1961 e 1989.
Antes de 1945, a parte oriental da Alemanha era essencialmente uma região agrícola. Tinha poucos recursos naturais, à parte a lenhite (carvão de madeira) e a potassa cáustica, e não estava equipada para pôr em prática os planos do pós-guerra criados pela URSS para o desenvolvimento da indústria pesada na década de 1950 e princípios de 1960.
Foi criada em Eisenhüttenstadt (anteriormente Stalinstadt), a leste, nas margens do rio Óder, uma indústria siderúrgica - bem como em Calber, a oeste - para tornar a RDA auto-suficiente em gusa e aço. No entanto, foi necessário recorrer a onerosas importações de minério de ferro, carvão e coque, transportados da Polónia ou, por comboio, da Ucrânia, a 1600 km de distância. Nas décadas de 1960 e 1970, as importações de petróleo e gás natural, por conduta forçada, das regiões do Volgae Urales aumentaram a dependência da RDA em relação à URSS.
A divisão da Alemanha privara a RDA dos grandes portos de Hamburgo (na Alemanha Ocidental - RFA) e Stettin (hoje Szczecin, na Polónia). Os portos de Rostock e Stralsund tiveram de ser ampliados e melhoradas as ligações ferroviárias e rodoviárias. Iniciou-se um novo surto de progresso económico quando, em 1959, a URSS alterou as determinações anteriores. Nikita Krushchev, novo líder soviético depois da morte de Stalin, cancelou as políticas que obrigavam os países do Bloco Soviético à auto-suficiência. No futuro, a RDA tinha de concentrar-se em produções especializadas para os mercados comunistas: os alemães do leste tinham de utilizar as suas capacidades de produção para pagar o que importavam da URSS.
O rápido incremento na extracção de lenhite de enormes minas a céu aberto contribuiu para a expansão da produção de energia eléctrica. A indústria química desenvolveu-se produzindo adubos, corantes, borracha sintética e fibras de vidro. Na região de Stassfurt, desenvolveu-se uma importante indústria de potassa cáustica.
Os alemães, trabalhadores incansáveis, em breve fizeram renascer as suas velhas técnicas e adoptaram novas. As indústrias pertencentes ao Estado produziam maquinaria, ferramentas e instrumentos, artigos ópticos, eléctricos e electrónicos. As fábricas e os laboratórios de pesquisa para estes artigos estavam instalados em cidades com excelente apetrechamento desportivo e cultural, como Berlin, Leipzig, Dresden, Jena, Dessau, Eisenach e Erfurt. Perto da sua dissolução, a indústria alastrou-se aos centros da zona rural do Norte, como Schwerin.
A língua comum tornou acessíveis à RDA os trabalhos tecnológicos e científicos publicados na RFA. As manufacturas, a agricultura, os transportes e outras indústrias beneficiaram dos progressos da Alemanha Ocidental, através de uma espantosa espionagem industrial. Na década de 1970, os líderes Willy Brandt e Erich Honecker estabeleceram contactos mais estreitos entre as duas Alemanhas, em resultado dos quais os mercados da RFA e da CEE foram abertos à RDA.
Em 1984, os alemães do leste já tinham ganho uma vantagem tecnológica sobre os outros países do Conselho para a Assistência Económica Mútua (COMECON).
A RDA sublinhava sempre a sua natureza comunista. Toda a produção, comércio, serviços, acção social, desportos e a maioria da habitação urbana estavam nas mãos do Estado. As cidades contrastavam notoriamente com as da Alemanha Ocidental pela sua arquitectura mais simples e repetitiva, os seus mais amplos espaços abertos, os seus importantes centros culturais.
Os alemães de leste, segundo dados de 1988, usufruíam de um rendimento anual per capita de 6000 US$. A Alemanha Oriental estava em pleno crescimento e desenvolvimento. Em 1987, a taxa de crescimento do PIB encontrava-se nos 4%, enquanto que a da RFA encontrava-se, em 1988, nos 1,8%.

(Registado aqui - Ano de 2008)


A história do Prémio Nobel (16)

Em 1978, Menachem Begin, então primeiro-ministro israelita e Anuar El Sadat, presidente egípcio, receberam o prémio visando incentivá-los a resolver o conflito egípcio-israelense, iniciado em 1948, logo após a criação do Estado de Israel. Em 1994, Yasser Arafat, então líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Shimon Peres, que ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores de Israel, e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro, receberam o prémio em conjunto apesar dos desacordos dentro do comité de decisão. Um dos membros do comité preferiu se demitir para não apoiar a escolha de Arafat, a quem considerava terrorista. Nota-se claramente nessa indicação o estímulo à paz, já que o prémio foi atribuído logo após a assinatura do acordo de paz entre Israel e os palestinos, exortando ambos à busca por uma paz definitiva. O tratado, assinado em 1993, tornou-se conhecido como Acordos de Oslo.

Nobel tornou-se milionário por causa de suas numerosas descobertas na área de explosivos, em especial a dinamite, a qual descobriu em 1866 e que passou a ser comercializada em grande escala no final do século XIX. Detentor de mais de 350 patentes, fundou companhias e laboratórios em cerca de 20 países. Escreveu poesia e drama e chegou a pensar em se tornar escritor. Idealista e consciente dos perigos que envolviam o uso indevido de sua invenção, sempre apoiou os movimentos em prol da paz.
Dono de um gigantesco império industrial, Nobel deixou, ao falecer em 1896, uma grande fortuna destinada à criação de uma fundação que deveria financiar, anualmente, cinco grandes prémios internacionais. Dentre esses prémios, quatro deveriam destinar-se àqueles que se destacassem em suas descobertas em Física, Química, Medicina e Literatura. Seu testamento especificava também um prémio para quem mais se empenhasse em prol da paz e da amizade entre as nações. Em 1969, foi acrescentado mais um prémio, para as Ciências Económicas.
A cerimónia da entrega dos prémios é realizada anualmente em Oslo, Noruega, e em Estocolmo, Suécia, em 10 de Dezembro, dia do aniversário da morte de Nobel. Várias instituições participam da escolha dos premiados, entre as quais a Academia Real de Ciências da Suécia para a Física, Química e Economia; a Academia de Literatura da Suécia; e o Comité Nobel da Noruega, este último responsável pela entrega do Prémio da Paz. Anualmente, cada comité manda convites aos meios científicos de vários países, pedindo-lhes para nomear seus eventuais candidatos. As nomeações são recebidas pelos comités e, depois de serem estudadas e analisadas por especialistas, são transmitidas às instituições que votam em escolher os vencedores. Os escolhidos recebem uma medalha de ouro com a efígie de Alfred Nobel, gravada com o seu nome, um diploma e um prémio em dinheiro.
Os laureados têm o direito de recusar os prémios. Entretanto, fatos assim só ocorreram por pressões políticas, como em 1937, quando Hitler proibiu os alemães de receber o Prémio Nobel, pois ficara furioso quando o Prémio da Paz de 1935 fora concedido a um jornalista antinazista, Carl Von Ossietz, que havia revelado os planos secretos de rearmamento da Alemanha.
De acordo com a filosofia de Nobel, a política do comité Nobel da Paz visa recompensar os esforços daqueles que lutam em favor do entendimento entre as nações. Os prémios simbolizam o reconhecimento àqueles que conseguem solucionar crises internacionais. Assim, de uma forma às vezes paradoxal, inimigos eternos se encontram associados no reconhecimento por seus esforços, com o intuito de estimular a resolução de conflitos.

Os laureados, a cada ano, com o Prémio Nobel devem sua glória e sucesso ao inventor e filantropo Alfred Nobel. Nascido em 1833, em Estocolmo, Suécia, filho de um casal de engenheiros que descendiam de Olof Rudbeck, o mais conhecido génio da tecnologia na Suécia, no século XVII. Aos nove anos, sua família emigrou para a Rússia, onde Alfred e seus irmãos receberam excelente educação ministrada por tutores particulares tanto no campo de ciências humanas quanto no das naturais.

O Nobel da Paz é um dos cinco Prémios Nobel, legado pelo inventor da dinamite, o sueco Alfred Nobel. Enquanto os prémios para a Física, Química, Medicina e Literatura são entregues anualmente em Estocolmo, o Nobel da Paz é atribuído em Oslo, capital da Noruega. O Comité Nobel norueguês, cujos membros são nomeados pelo Parlamento norueguês, tem a função de escolher o laureado pelo prémio, que é entregue pelo seu presidente (actualmente, o Dr. Ole Danbolt Mjøs).
Na altura da morte de Alfred Nobel, a Suécia e a Noruega estavam em união pessoal, pela qual o parlamento sueco ficava responsável pela política internacional, estando o Stortinget (Parlamento norueguês) apenas encarregado da política interna norueguesa. Alfred Nobel decidiu, assim, que fosse a Noruega a decidir o laureado pelo Nobel da Paz, de forma a prevenir a influência de poderes políticos internacionais no processo de atribuição do Nobel.
De acordo com a vontade de Alfred Nobel, o prémio deveria distinguir "a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor acção pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz".
Ao contrário dos outros prémios Nobel, o Nobel da Paz pode ser atribuído a pessoas ou organizações que estejam envolvidas num processo de resolução de problemas, em vez de apenas distinguir aqueles que já atingiram os seus objectivos em alguma área específica. É, portanto, um prémio Nobel com características próprias.

(Registado aqui - Ano de 2008)


Barack Hussein Obama (17)

Nasceu em 4 de Agosto de 1961 em Honolulu, no estado americano do Havaí, filho de Barack Obama, um economista queniano, nascido em Nyang'oma Kogelo, distrito de Siaya, Quénia e de Ann Dunham, antropóloga americana, branca, nascida em Wichita, no estado do Kansas, EUA. Seus pais conheceram-se enquanto frequentavam a Universidade do Havaí em Manoa, onde seu pai era um estudante estrangeiro.
Eles separam-se quando Obama tinha dois anos de idade, divorciando-se em seguida. Seu pai retornou ao Quênia, encontrando-se com o filho apenas mais uma vez antes de falecer em um acidente de automóvel em 1982, quando seu filho Obama tinha 21 anos.
Após o seu divórcio, Ann Duham casou-se com o indonésio Lolo Soetoro. A família mudou-se para o país natal de Soetoro em 1967, tendo Obama frequentadas escolas em Jakarta até os dez anos de idade. Ele então retornou para Honolulu para morar com seus avós maternos. Em Honolulu, frequentou a escola Punahou, desde a quinta série do ensino elementar americano, em 1971, até a graduação no ensino secundário, em 1979, com 18 anos.
A mãe de Obama retornou ao Havaí em 1972, quando o filho tinha 11 anos, lá permanecendo por muitos anos. Voltou à indonésia por alguns períodos para o desenvolvimento de trabalho de campo.
Ela defendeu tese de doutoramento em antropologia pela Universidade do Havaí em 1992. Faleceu de câncer nos ovários em 1995, quando Obama tinha 34 anos.
Já adulto, Obama admitiu ter usado cocaína, maconha e álcool durante o ensino secundário, tendo classificado, em evento na actual campanha eleitoral como seu maior erro do ponto de vista moral.
Após concluir o ensino secundário, com 18 anos, Barack Obama mudou-se para Los Angeles, onde estudou no Occidental College por dois anos. Ele então transferiu-se para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde graduou-se em ciência política com especialização em relações internacionais. Obama obteve o título de bacharel de artes em 1983, com 22 anos, quando foi trabalhar por um ano na empresa Business International Corporation, hoje parte do grupo que publica a revista The Economist e em seguida para a organização sem fins lucrativos New York Public Interest Research Group.
Após quatro anos na cidade de Nova Iorque, Obama mudou-se para Chicago com 24 anos, para trabalhar como agente comunitário entre Junho de 1985 a Maio de 1988 como director da Developing Communities Project (DCP), uma associação comunitária religiosa originalmente composta por oito paróquias católicas, na região da grande Roseland (Roseland, West Pullman, e Riverdale) ao sul de Chicago.
Nos seus três anos como director da DCP, sua equipe passou de 1 para 13 pessoas e seu orçamento anual cresceu de 70 mil dólares para 400 mil dólares, tendo conseguido, entre outros resultados, auxiliar :
- a criação de um programa de educação para o trabalho, - a criação de um programa de mentora para a preparação para o estudo universitário, e - o estabelecimento de uma organização de defesa dos direitos de inquilinos na região de Altgeld Gardens, em Chicago.
Obama também trabalhou como um consultor e instrutor para a fundação Gamaliel, um instituto que dá consultoria e treinamento para associações comunitárias. Em meados de 1988, com 27 anos, ele viajou pela primeira vez para a Europa, onde permaneceu por três semanas, indo em seguida ao Quênia, onde permaneceu por cinco semanas, lá encontrando-se pela primeira vez com alguns de seus parentes.
Obama ingressou na escola de direito de Harvard no final do mesmo ano de 1988. Ao final do seu primeiro ano na escola, foi escolhido como editor da revista Harvard Law Review, em função das suas notas e de uma competição de redacção. Em seu segundo ano na escola, foi escolhido presidente da revista, uma posição voluntária de tempo integral, assumindo as responsabilidades de editor chefe e supervisionando a equipe de 80 editores.
A eleição de Obama como primeiro presidente afro-americano da revista teve ampla cobertura jornalística, sendo objecto de longas reportagem sobre ele. Ele obteve o título de doutor em direito por Harvard em 1991, com 30 anos, graduando-se com louvor. Retornou então para Chicago onde já havia trabalhado, inclusive nos períodos de férias de verão de 1989 e 1990, para os escritórios de direito Sidley & Austin e Hopkins & Sutter, respectivamente.

Vida política

Graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade Columbia em Nova Iorque, para depois cursar Direito na Universidade de Harvard, graduando-se em 1991. Foi o primeiro afro-americano a ser presidente da Harvard Law Review.
Obama actuou como líder comunitário e como advogado na defesa de direitos civis até que, em 1996, foi eleito ao Senado de Illinois (Órgão integrante da Assembleia Geral de Illinois, que constitui o poder legislativo local), mandato para o qual foi reeleito em 2000.
A publicidade associada à sua eleição como primeiro afro-americano presidente da Harvard Law Review resultou em um contrato e adiantamento para que ele escrevesse um livro sobre questões relacionadas à raça. Em um esforço para contratar Obama para o seu corpo docente, a escola de direito da Universidade de Chicago ofereceu a ele uma posição em pesquisa e um escritório onde poderia trabalhar no seu livro.

Ele planejara terminar o livro em um ano, no entanto a tarefa consumiu muito mais tempo à medida que evoluiu para um livro de memórias. A fim de trabalhar sem interrupções, Obama e sua esposa, viajaram para Bali, onde passou meses escrevendo. O manuscrito foi finalmente publicado como Dreams from My Father em meados de 1995, quando Obama estava com 34 anos.
Obama dirigiu a iniciativa Project Vote em Illinois entre Abril e Outubro de 1992. O projecto, voltado para o registo de eleitores, contava com 10 funcionários e 700 voluntários. Ele atingiu seu objectivo de registar 150 mil dos 400 mil afro-americanos não registados do Estado, motivando a revista Crain's Chicago Business a incluir, em 1993, Obama na sua lista de líderes promissores com menos de 40 anos.
Obama ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago por doze anos. Em 1993, Obama juntou-se à firma Davis, Miner, Barnhill & Galland, um escritório de direito composto por 12 advogados especializado em casos de direitos individuais e desenvolvimento económico de vizinhanças, actuando como advogado associado por três anos, entre 1993 e 1996. Entre 1996 a 2004 possuiu o título de Counsel, posição de maior independência, não tendo porém actuado entre 2002 e 2004.
Em 1992, Obama foi membro fundador da mesa directora da organização sem fins lucrativos Public Allies, renunciando ao cargo antes de sua esposa tornar-se a primeira directora executiva da Public Allies, Chicago, no início de 1993.
Entre 1993 e 2002, foi membro da mesa directora da fundação filantrópica Woods Fund of Chicago, que, em 1985, foi a primeira fundação a financiar o trabalho de Obama no DCP.
Participou da mesa directora da fundação Joyce entre 1994 e 2002. Entre 1995 e 2002 actuou na mesa directora do Chicago Annenberg Challenge, tendo sido fundador e presidente. Participou também da mesa directora das seguintes organizações: Chicago Lawyers' Committee for Civil Rights Under Law, Center for Neighborhood Technology, e Lugenia Burns Hope Center.
Entre 1992 e 2004, ensinou também direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago. Tendo tentado, em 2000, eleger-se, sem sucesso, ao Congresso Americano, anunciou, em Janeiro de 2003, sua candidatura ao Senado dos Estados Unidos. Após vitória nas eleições primárias, foi escolhido como orador de honra para a Convenção Nacional do Partido Democrata em Julho de 2004. Em Novembro, foi eleito Senador dos Estados Unidos pelo estado de Illinois com 70% dos votos. Em 4 de Janeiro de 2005 assumiu o actual mandato, o qual tem duração até 2011.
Senador dos Estados Unidos da América, com o mandato até 2011. Pertence ao Partido Democrata. Tem a profissão de Advogado.
Como membro da minoria democrata no período entre 2005 e 2007, ajudou a criar leis para controlar o uso de armas de fogo e para promover maior controlo público sobre o uso de recursos federais. Neste período, fez viagens oficiais para o leste europeu, o oriente médio e África. Na actual legislatura, contribuiu para a adopção de leis que tratam de fraude eleitoral, da actuação de lobitas, mudança climática, terrorismo nuclear e assistência para militares americanos após o período de serviço.
Fez sua carreira política em Chicago, Illinois, cidade onde trabalhou, conheceu sua esposa, constituiu família e onde durante anos foi líder comunitário e professor de Direito Constitucional numa universidade local.
Em 1996, Obama foi eleito Senador por Illinois. Em 2004, fez campanha pelo lugar que o senador anterior, Peter Fitzgerald, deixara. Nas eleições primárias para a candidatura democrata, os seus opositores foram Blair Hull, um homem de negócios, e Dan Hynes, procurador do estado de Illinois.

Barack Hussein Obama

Obama começou abaixo de Hull nas sondagens de opinião, mas isso mudaria depois de um escândalo de violência doméstica que implicava Hull. A partir daí, melhorou notavelmente a sua imagem, começando a liderar nas sondagens. Foi recebendo apoios dos líderes democráticos. Nas primárias, Obama somou mais votos que os outros seis candidatos combinados, ganhando com 52% dos sufrágios.
Obama enfrentou o candidato Jack Ryan, o vencedor da primária republicana. Durante a campanha, contudo, um escândalo sexual implicou Ryan (foi acusado de levar a sua mulher a clubes de sexo). Devido a isso, Ryan retirou-se da campanha. O partido republicano no Illinois então escolheu como candidato conservador Alan Keyes para substituir Ryan. Finalmente, Obama venceu as eleições por uma diferença considerável: 69,97% contra 27,05% de Keyes.
Casou em 1992 com Michelle Obama, é pai de duas meninas, Malia e Natasha.

Candidatura à Presidência dos Estados Unidos da América

Em 16 de Janeiro de 2007, anunciou a criação de um comité exploratório para recolha de fundos para uma candidatura à presidência; a 10 de Fevereiro de 2007, declara-se candidato às primárias embora a sua pouca experiência governativa e a grande concorrência no seu partido, por parte de Hillary Clinton, sejam grandes obstáculos. A 15 de Dezembro de 2007, recebeu o apoio do prestigiado jornal diário nacional The Boston Globe.
Obama ganhou a primeira eleição primária pelo Partido Democrata, em Iowa, no dia 3 de Janeiro de 2008, saindo na frente de Hillary Clinton e John Edwards. Já na segunda, Hillary Clinton bateu Obama por três pontos percentuais nas primárias do Nova Hampshire.
Obama venceu em 26 de Janeiro de 2008 com uma larga vantagem as primárias do partido democrata na Carolina do Sul, onde recebeu o dobro dos votos da senadora Hillary Clinton, devido ao grande apoio recebido dos negros que representaram metade dos cidadãos que foram votar.
Durante os cinco primeiros meses de 2008, Obama e a Sra. Clinton protagonizaram uma renhida disputa pela nomeação que ficou decidida em fins de Maio, quando o senador ultrapassou os 2118 delegados necessários para lhe garantir a nomeação (2156 de Obama contra 1923 de Hillary Clinton). A 4 de Junho, depois de vencer as primárias do partido no estado de Montana, Barak Obama assumiu-se como o candidato dos democratas para as eleições de 4 de Novembro, embora tenha ainda de aguardar pela convenção do Partido Democrata, a ter lugar em Agosto, em que será formalmente nomeado.
No dia 7 de Junho Hillary Clinton desiste a sua candidatura apoiando Obama a concorrer às presidenciais. Em 28 de Agosto de 2008, Obama foi nomeado oficialmente para concorrer à Casa Branca contra o republicano John McCain.
Devido à sua história pessoal (pai negro, mãe branca e padrasto asiático) é visto por muitos como um unificador, alguém que consegue transpor a barreira racial. O próprio Obama, já brincou com isso no programa da popular apresentadora estado-unidense Oprah Winfrey, quando disse que jantares de sua família "são sempre uma mini-ONU, com parentes de todas as etnias".
Recebeu o importante apoio da Família Kennedy, sendo comparado muitas vezes ao ex-presidente John Kennedy na sua capacidade de animar os eleitores e oferecer uma nova liderança.
Ainda recebeu o apoio de artistas como o cantor Will.I.Am e a líder das Pussycat Dolls, Nicole Scherzinger, que chegaram a gravar um vídeo denominado Yes We Can para a campanha do senador.
Sua candidatura foi formalizada pela Convenção do Partido Democrata em 28 de Agosto de 2008. É senador pelo estado de Illinois. Obama foi o primeiro afro-americano a ser nomeado candidato a presidente por um dos principais partidos políticos estado-unidenses. É também o único senador afro-americano na actual legislatura.

***

Na madrugada de quarta-feira, dia 05 de Novembro de 2008, Barack Hussein Obama (nascido no Honolulu, a 4 de Agosto de 1961) senador dos Estados Unidos da América, foi eleito o 44º presidente de seu país, pelo Partido Democrata,
com uma margem de 338 contra 163 votos no Colégio Eleitoral, venceu seu adversário John McCain. É o primeiro presidente negro eleito no país. Nos votos populares, Obama conquistou 52% das intenções, contra 47% de John McCain.

(Registado aqui - Ano de 2009)


O Cristo Rei em Almada (18)

O Cristo-Rei é um monumento religioso localizado na freguesia do Pragal, no concelho de Almada, em Portugal.
Situa-se a uma altitude de 113 metros acima do nível do Tejo, sendo constituído por um pórtico projectado pelo arquitecto António Lino, com 75 metros de altura, encimado pela estátua do Redentor de braços abertos voltado para a cidade de Lisboa, com 28 metros de altura, obra do escultor português Francisco Franco de Sousa. O pedestal, incluindo o pórtico, eleva-se a 82 metros de altura.
O monumento a Cristo-Rei constitui a maior atracção turística do concelho de Almada, a seguir às famosas praias da Costa de Caparica. É de visita obrigatória a todo o turista que visite Lisboa.
Este monumento é o melhor miradouro da cidade de Lisboa, oferecendo uma ampla vista sobre a capital e sobre a Ponte 25 de Abril. Em numerosas reportagens turísticas sobre Lisboa, surge o monumento a Cristo-Rei, ex-líbris de Almada. É uma das mais altas construções de Portugal, com 110 metros de altura.

A estátua de Cristo Redentor, existente no Rio de Janeiro, no Brasil, inspirou, em 1934, durante uma visita àquela cidade, o Cardeal Patriarca de Lisboa de então, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, a construir um monumento de cariz similar em Lisboa.
No ano de 1936, transmitiu esta ideia ao chamado Apostolado da Oração, com uma recepção entusiástica. Seguiu-se a sensibilização de todos os bispos do país, tendo sido obtida a proclamação oficial do desígnio no ano seguinte, na Pastoral Colectiva da Quaresma.
O monumento a Cristo-Rei foi também edificado em cumprimento de um voto formulado pelo Episcopado Português reunido em Fátima a 20 de Abril de 1940, pedindo a Deus que livrasse Portugal de participar na Segunda Guerra Mundial.
Salazar, não quis violar a velha amizade com o Reino Unido, que data do século XIV, e preferiu manter a neutralidade, não tendo Portugal participado na referida guerra.
A primeira pedra da construção do monumento foi lançada em 18 de Dezembro de 1949, após o fim da guerra. Foi inaugurado a 17 de Maio de 1959, dia de Pentecostes, na presença dos cardeais do Rio de Janeiro, de Lourenço Marques e de cerca de 300 mil pessoas, entre autoridades oficiais e cidadãos anónimos.
O Papa João XXIII não esteve presente na cerimónia, mas enviou uma mensagem de rádio, que foi então transmitida. Na altura, o Cardeal Cerejeira afirmou que o monumento seria sempre um sinal de gratidão pelo dom da paz.
Por altura da celebração do 25º aniversário, em 1984, foi aprovado um plano de ordenamento dos terrenos circundantes, do qual resultou a construção do edifício de acolhimento do santuário hoje existente. Nesse edifício, funcionam ainda a reitoria e os serviços administrativos, possuindo o mesmo uma capela e diversas salas para exposições e reuniões.
Em 1999, a Diocese de Setúbal passou a tutelar o santuário. Entre Maio de 2001 e 1 de Fevereiro de 2002, foi submetido a obras de restauro.
Em 17 de Maio de 2007, foi inaugurada a chamada Sala Beato João XXIII, contendo 8 quadros inspirados pela encíclica Pax in Terris, da sua autoria. No mesmo dia, foi colocado diante do monumento a Cruz Alta, antigamente pertencente ao Santuário de Fátima, na sequência da construção da nova basílica daquele local de peregrinação.

Dia da Inauguração do Cristo Rei (1959)

(Registado aqui - Ano de 2007)


A História dos Reis Magos (19)

Os Três Reis Magos ou simplesmente os Magos de seus nomes, Melchior, Baltazar e Gaspar, são personagens da narrativa cristã que visitaram Jesus após seu nascimento (Evangelho de Mateus). A Escritura diz uns magos, que não seriam, portanto, reis nem necessariamente três e, sim, talvez, sacerdotes da religião zoroástrica da Pérsia ou conselheiros. Como não diz quantos eram, diz-se três pela quantia dos presentes oferecidos.
Talvez fossem astrólogos ou astrónomos, pois, segundo consta, viram uma estrela e foram, por isso, até a região onde nascera Jesus, dito o Cristo. Assim os magos sabendo que se tratava do nascimento de um rei, foram ao palácio do cruel rei Herodes em Jerusalém na Judeia.
Perguntaram eles ao rei sobre a criança. Este disse nada saber. Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado, e pediu aos magos que, se o encontrassem, falassem a ele, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo. Até que os magos chegassem ao local onde estava o menino, já havia se passado algum tempo, por causa das distâncias percorridas, assim a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de Janeiro.

A estrela, conta o evangelho, os precedia e parou por sobre onde estava o menino Jesus. "E vendo a estrela, alegraram-se eles com grande e intenso júbilo" (Mt 2, 10). "Os Magos ofereceram três presentes ao menino Jesus: ouro, incenso e mirra, cujo significado e simbolismo espiritual é, juntamente com a própria visitação dos magos, ser um resumo do evangelho e da fé cristã, embora existam outras especulações respeito do significado das dádivas dadas por eles.
O ouro pode representar a realeza (além providência divina para sua futura fuga ao Egipto, quando Herodes mandaria matar todos os meninos até dois anos de idade de Belém).
O incenso pode representar a fé, pois o incenso é usado nos templos para simbolizar a oração que chega a Deus assim como a fumaça sobe ao céu (Salmos 141:2).
A mirra, resina anticéptica usada em embalsamamentos desde o Egipto antigo, nos remete ao género da morte de Jesus, o martírio, sendo que um composto de mirra e aloés foi usado no embalsamamento de Jesus (João 19: 39 e 40), sendo que estudos no Sudário de Turim encontraram estes produtos.
"Entrando na casa, viram o menino (Jesus), com Maria sua mãe. Postando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra." (Mt 2, 11).
"Sendo por divina advertência prevenidos em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2, 12). Nada mais a Escritura diz sobre essa história cheia de poesia, não havendo também quaisquer outros documentos históricos sobre eles.
Devemos aos Magos a tradição de trocar presentes no Natal. Dos seus presentes dos Magos surgiu essa tradição em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de Janeiro, e os pais muitas vezes se fantasiam de reis magos.
A melhor descrição dos reis magos foi feita por São Beda, o Venerável (673-735), que no seu tratado "Excerpta et Colletanea" assim relata: "Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz".
Quanto a seus nomes, Gaspar significa "Aquele que vai inspeccionar", Melchior quer dizer: "Meu Rei é Luz", e Baltazar se traduz por "Deus manifesta o Rei".
Como se pretendia dizer que representavam os reis de todo o mundo, representando as três raças humanas existentes, em idades diferentes. Assim, Melchior entregou-lhe ouro em reconhecimento da realeza; Gaspar, incenso em reconhecimento da divindade; e Baltazar, mirra em reconhecimento da humanidade.

Na antiguidade, o ouro era um presente para um rei, o olíbano (incenso) para um sacerdote, representando a espiritualidade e a mirra, para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade).
Durante a Idade Média começa a devoção dos Reis Magos (e que são "baptizados"), tendo as suas relíquias sido transladadas no séc. VI desde Constantinopla (Istambul) até Milão. Em 1164, com os três já a serem venerados como santos, estas foram colocadas na catedral de Colónia (Alemanha), onde ainda se encontram.
A tradicional crença de que Jesus foi visitado aquando do seu nascimento não é consensual entre todas as pessoas. Há pessoas que acreditam que Jesus já possuía uma certa idade.

Segundo seus defensores há quatro linhas de evidência para acreditar que Jesus já não era mais um bebé quando recebeu a visita: a tradução para o texto de Mat. 2.11 usa a expressão "uma criancinha", "um menino", e não um bebe em diversas traduções de respeito, como a Mat 2.11 também cita que quando Jesus foi encontrado estava em uma casa e não em uma manjedoura; o facto de Herodes mandar matar as crianças de até dois anos.

(Registado aqui - Ano de 2008)


Charles Robert Darwin (20)

Charles Darwin nasceu em Shrewsbury, em 12 de Fevereiro de 1809. Faleceu em Downe, Kent, em 19 de Abril de 1882.
Foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da selecção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenómeno na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859.
Darwin começou-se a interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Selecção Natural.
Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objecções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das suas teorias em 1858.
Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de selecção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Selecção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872).

Infância e educação

Charles Darwin nasceu na casa da sua família em Shrewsbury, Shropshire, Inglaterra, em 12 de Fevereiro de 1809. Ele foi o quinto dos seis filhos do médico Robert Darwin e sua esposa Susannah Darwin. Seu avô paterno foi Erasmus Darwin e seu avô materno, o famoso ceramista Josiah Wedgwood, ambos pertencentes à proeminente e abastada família Darwin-Wedgwood e à elite intelectual da época.
Sua mãe morreu quando ele tinha apenas oito anos. No ano seguinte, em 1818, Darwin foi enviado para a escola Shrewsbury. Ali, ele só se interessava em coleccionar minerais, insectos e ovos de pássaros, caça, cães e ratos.
Em 1825, depois de passar o verão como médico aprendiz ajudando o seu pai no tratamento dos pobres de Shropshire, Darwin foi estudar medicina na Universidade de Edimburgo. Contudo, sua aversão à brutalidade da cirurgia da época levou-o a negligenciar os seus estudos médicos. Na universidade, ele aprendeu taxidermia com John Edmonstone, um ex-escravo negro, que lhe contava muitas histórias interessantes sobre as florestas tropicais na América do Sul.
N0 seu segundo ano, Darwin se tornou um activo participante de sociedades estudantis para naturalistas. Participou, por exemplo, da Sociedade Pliniana, onde se liam comunicações sobre história natural. Durante esta época, ele foi pupilo de Robert Edmund Grant, um pioneiro no desenvolvimento das teorias de Jean-Baptiste Lamarck e do seu avô Erasmus Darwin sobre a evolução de características adquiridas.
Darwin tomou parte das investigações de Grant a respeito do ciclo de vida de animais marinhos. Tais investigações contribuíram para a formulação da teoria de que todos os animais possuem órgãos similares e diferem apenas em complexidade. No curso de história natural de Robert Jameson, ele aprendeu sobre geologia estratigráfica. Mais tarde, ele foi treinado na classificação de plantas enquanto ajudava nos trabalhos com as grandes colecções do Museu da Universidade de Edimburgo.
Em 1827, seu pai, decepcionado com a falta de interesse de Darwin pela medicina, matriculou-o em um curso de Bacharelado em Artes na Universidade de Cambridge para que ele se tornasse um clérigo. Nesta época, clérigos tinham uma renda que lhes permitia uma vida confortável e muitos eram naturalistas uma vez que, para eles, "explorar as maravilhas da criação de Deus" era uma de suas obrigações.
Em Cambridge, entretanto, Darwin preferia cavalgar e atirar a ficar estudando. Ele também passava muito do seu tempo colectando besouros com o seu primo William Darwin Fox. Este o apresentou ao reverendo John Stevens Henslow, professor de botânica e especialista em besouros que, mais tarde, viria a se tornar o seu tutor. Darwin ingressou no curso de história natural de Henslow e se tornou um de seus alunos favoritos.
Durante esta época, Darwin se interessou pelas ideias de William Paley, em particular, a noção de projecto divino na natureza. Em suas provas finais em Janeiro de 1831, ele se saiu muito bem em teologia e, mesmo tendo feito apenas o suficiente para passar no estudo de clássicos, matemática e física, foi o décimo colocado entre 178 aprovados.
Seguindo os conselhos e exemplo de Henslow, Darwin não se apressou em ser ordenado. Inspirado pela narrativa de Alexander von Humboldt, ele planejou se juntar a alguns colegas e visitar a Tenerife para estudar história natural dos trópicos. Como preparação, Darwin ingressou no curso de Geologia do reverendo Adam Sedgwick, um forte proponente da teoria de projecto divino, e viajou com ele como um assistente no mapeamento estratigráfico no País de Gales. Contudo, seus planos de viagem à Ilha da Madeira foram subitamente desfeitos ao receber uma carta que lhe informava a morte de um dos seus prováveis colegas de viagem. Outra carta, entretanto, recebida ao retornar para casa, o colocaria novamente em viagem.
Henslow havia recomendado que Darwin fosse o acompanhante de Robert FitzRoy, capitão do barco inglês HMS Beagle, em uma expedição de dois anos que deveria mapear a costa da América do Sul. Isto lhe daria a oportunidade de desenvolver a sua carreira como naturalista. Esta se tornaria uma expedição de quase cinco anos que teria profundo impacto em muitas áreas da Ciência.

"HMS Beagle" na Austrália

A viagem do Beagle durou quatro anos e nove meses, dois terços dos quais Darwin esteve em terra firme. Ele estudou uma rica variedade de características geológicas, fósseis, organismos vivos e conheceu muitas pessoas, entre nativos e colonos. Darwin colectou metodicamente um enorme número de espécimes, muitos dos quais novos para a ciência. Isto estabeleceu a sua reputação como um naturalista e fez dele, um dos precursores do campo da Ecologia, particularmente a noção de Biocenose. Suas anotações detalhadas mostravam seu dom para a teorização e formaram a base para seus trabalhos posteriores, bem como forneceram visões sociais, políticas e antropológicas sobre as regiões que ele visitou.
Durante a viagem, Darwin leu o livro "Princípios da Geologia" de Charles Lyell, que descrevia características geológicas como o resultado de processos graduais ocorrendo ao longo de grandes períodos de tempo. Ele escreveu para casa que via formações naturais como se através dos olhos de Lyell: degraus planos de pedras com o aspecto característico de erosão por água e conchas na Patagônia eram sinais claros de praias que haviam se elevado;[ no Chile, ele experimentou um terramoto e observou pilhas de mexilhões encalhadas acima da maré alta o que mostrava que toda a área havia sido elevada; e mesmo no alto dos Andes ele foi capaz de colectar conchas.
Darwin ainda teorizou que atóis de coral iam se formando gradualmente em montanhas vulcânicas à medida que estas afundavam no mar, uma ideia confirmada posteriormente quando o Beagle esteve nas ilhas Cocos (keeling).
Na América do Sul, ele descobriu fósseis de animais extintos como o megaterium e o gliptodonte em camadas que não mostravam quaisquer sinais de catástrofe ou mudanças climáticas. Naquele tempo, ele pensava que aquelas eram espécimes similares às encontradas na África mas, após a sua volta, Richard Owen lhe mostrou que os fósseis encontrados eram mais similares a animais não extintos que viviam na mesma região (preguiças e tatus).
Na Argentina, duas espécies de ema viviam em territórios separados mas compartilhavam áreas comuns. Nas ilhas Galápagos, Darwin descobriu que cotovias (mockingbirds) diferiam de uma ilha para outra. Ao retornar à Inglaterra, foi lhe mostrado que o mesmo ocorria com as tartarugas e tentilhões.
O rato-canguru e o ornitorrinco, encontrados na Austrália, eram animais tão estranhos que levaram Darwin a pensar que "Um incrédulo... poderia dizer que 'seguramente dois criadores diferentes estiveram em acção'". Todas estas observações o deixaram muito intrigado e, na primeira edição de "A Viagem do Beagle", ele explicou a distribuição das espécies à luz da teoria de Charles Lyell de "centros de criação". Em edições posteriores, ele já dava indicações de como via a fauna encontrada nas Ilhas Galápagos como evidência para a evolução: "é possível imaginar que algumas espécies de aves neste arquipélago derivam de um número pequeno de espécies de aves encontradas originalmente e que se modificaram para diferentes finalidades".
Três nativos foram trazidos de volta pelo Beagle para a Terra do Fogo. Eles tinham sido "civilizados" na Inglaterra nos dois anos anteriores, ainda que os seus parentes parecessem à Darwin selvagens pouco acima de outros animais. Num ano, entretanto, aqueles missionários voltaram ao que eram e, de fato, preferiam esta condição uma vez que não quiseram retornar à Inglaterra.
Esta experiência somada a repulsa de Darwin pela escravidão e outros abusos que ele viu em vários lugares, tais como o tratamento desumano dos nativos por colonos ingleses na Tasmânia, o persuadiram de que não há justificativa moral para maltratar outros homens baseado no conceito de raça. Ele passou então a acreditar que a humanidade não se encontrava tão distante dos outros animais como diziam seus amigos do clero.
A bordo do barco, Darwin sofria constantemente de enjoo. Em Outubro de 1833 ele pegou uma febre na Argentina e em Julho de 1834, enquanto retornando dos Andes a Valparaíso, adoeceu e ficou um mês de cama. De 1837 em diante, Darwin passou a sofrer repetidamente de dores estomacais, vómitos, graves tremores, palpitações, e outros sintomas. Estes sintomas se agravavam particularmente em épocas de muito trabalho, tais como quando tinha de lidar com as controvérsias relacionadas à sua teoria.
A causa da doença de Darwin foi desconhecida durante a sua vida e tentativas de tratamento tiveram pouco sucesso. Uma ideia esposada por Kettlewell e Julian Huxley, no início da década de 1960, defende que ele contraiu a Doença de Chagas ao ser picado por um insecto na América do Sul. No entanto, os autores reconhecem que especialistas nessa doença indicam que não há concordância dos sintomas de Darwin com os da doença. Outras possíveis causas incluem problemas psicológicos e a doença de Ménière

Carreira como cientista e concepção da teoria

Enquanto Darwin ainda estava em viagem, Henslow cuidadosamente cultivou a reputação de seu antigo pupilo fornecendo a vários naturalistas os espécimes fósseis e cópias impressas das descrições geológicas que Darwin fazia. Quando o Beagle retornou em 2 de Outubro de 1836, Darwin era uma celebridade no meio científico. Ele visitou a sua casa em Shrewsbury e descobriu que seu pai havia feito vários investimentos de forma que Darwin pudesse ter uma vida tranquila. Mais que isto, ele poderia ter uma carreira científica auto financiada.
Darwin foi então a Cambridge e convenceu Henslow a fazer descrições botânicas das plantas que ele havia colectado. Depois se dirigiu a Londres onde procurou os melhores naturalistas para descrever as suas outras colecções de forma a poder publicá-las posteriormente. Um entusiasmado Charles Lyell encontrou Darwin em 29 de Outubro e o apresentou ao jovem e promissor anatomista Richard Owen.
Depois de trabalhar na colecção de ossos fossilizados de Darwin no Royal College of Surgeons, Owen surpreendeu a todos ao revelar que alguns dos ossos eram de tatus e preguiças gigantes extintas. Isto melhorou a reputação de Darwin. Com a ajuda entusiasmada de Lyell, Darwin apresentou seu primeiro artigo na Geological Society de Londres em 4 de Janeiro de 1837, afirmando que a massa terrestre da América do Sul estava se erguendo lentamente. No mesmo dia, Darwin apresentou seus espécimes de mamíferos e aves à Zoological Society.
Os mamíferos ficaram aos cuidados de George R. Waterhouse. Embora, em princípio, os pássaros parecessem merecer menos atenção, o ornitólogo John Gould revelou que o que Darwin pensara serem corroídas (wrens), melros e tentilhões levemente modificados de Galápagos eram de fato tentilhões, mas cada um de uma espécie distinta. Outros no Beagle, incluindo o capitão FitzRoy, também tinham colectado estes pássaros mas haviam sido mais cuidadosos com suas anotações, o que permitiu a Darwin determinar de que ilha cada espécie era originária.
Em Londres, Darwin ficava com o seu irmão e livre pensador Erasmus e, em jantares, eles encontravam-se com outros pensadores que imaginavam um Deus guiando a sua criação unicamente por meio de leis naturais. Entre eles, estava a escritora Harriet Martineau, cujas histórias promoviam a reforma das leis de protecção social de acordo com as ideias de Malthus.
Nos meios científicos, ideias como a transformação de uma espécie em outra (transmutação) eram controversamente associadas com radicalismo político. Por isto, Darwin preferia a respeitabilidade de seus amigos mesmo quando não concordava plenamente com as ideias deles, tais como a crença de que a história natural devesse justificar religiões ou ordem social.
Em 17 de fevereiro de 1837, Lyell aproveitou o seu discurso presidencial na Geological Society para apresentar as descobertas de Owen em relação aos fósseis de Darwin, enfatizando as implicações do fato de que espécies extintas encontradas em uma região fossem relacionadas a outras que viviam actualmente na mesma região.
Neste mesmo encontro, Darwin foi eleito para o conselho da Geological Society. Ele já tinha sido convidado por FitzRoy para contribuir com o seu diário e notas pessoais para a sessão de história natural do livro que o capitão estava escrevendo sobre a viagem do Beagle. Darwin também estava trabalhando em um livro sobre a geologia da América do Sul.
Ao mesmo tempo, ele especulava sobre a transmutação de espécies no caderno de anotações que ele tinha iniciado no Beagle. Outro projecto que ele iniciou na mesma época foi a organização dos relatórios dos vários especialistas que haviam trabalhado em suas colecções em um livro de múltiplos volumes chamado "Zoologia da viagem do H.M.S. Beagle" (Zoology of the Voyage of H.M.S. Beagle).
Darwin concluiu o seu diário em 20 de Junho e, em Julho, iniciou seu livro secreto sobre transmutação, onde desenvolveu a hipótese de que, apesar de cada ilha de Galápagos ter sua própria espécie de tartaruga, todas elas eram originárias de uma única espécie que tinha se adaptado à vida nas diferentes ilhas de diferentes modos.
Sob a pressão de concluir Zoologia e corrigir as revisões de seu diário, a saúde de Darwin deteriorou. Em 20 de Setembro de 1837, ele sofreu palpitações do coração e foi passar um mês no campo para se recuperar. Ele visitou Maer Hall onde sua tia inválida estava sob os cuidados de sua irmã Emma Wedgwood e entreteve seus parentes com as histórias de suas viagens.
Após o seu retorno do campo, ele evitava tomar parte de eventos oficiais que poderiam lhe tomar um tempo precioso. Contudo, por volta de Março de 1838, William Whewell o recrutou como secretário da Geological Society. Mas logo a sua doença o forçou a novamente deixar seu trabalho e ele seguiu para Escócia para "fazer geologia". Ali, visitou Glen Roy para ver um fenómeno conhecido como "estradas" (roads) que ele (incorrectamente) identificou como praias que se elevaram.

Charles casou com a sua prima Emma Wedgwood.

Completamente recuperado, ele retornou a Shrewsbury. Raciocinando cientificamente sobre a sua carreira e ambições, ele fez uma lista com as colunas "Casar" e "Não casar". Entradas na coluna pro-casamento incluíam " companhia constante e um amigo na velhice ... melhor que um cão de qualquer modo," enquanto listado entre as desvantagens estavam "menos dinheiro para livros" e "terrível perda de tempo". Os prós venceram.
Ele discutiu a ideia de casar com o pai e então foi visitar sua prima Emma em 29 de Julho de 1838. Ele não propôs casamento mas, contrariando os conselhos do pai, contou-lhe sobre as suas ideias de transmutação de espécies. Enquanto os seus pensamentos e trabalho continuavam em Londres, durante o Outono, sua saúde voltou a definhar e ele passou a sofrer repetidas crises.
Em 11 de Novembro ele pediu Emma em casamento e, uma vez mais, lhe falou de suas ideias. Ela aceitou mas permaneceria sempre preocupada que os lapsos de fé de Darwin acabariam por pôr em risco a possibilidade de, como ela acreditava, se encontrarem após a morte.
Darwin considerou o raciocínio de Malthus de que a população humana aumenta mais rapidamente que a produção de alimentos, levando-a a uma competição e tornando qualquer esforço de caridade inútil. Ele viu naquela ideia uma forma de explicar - (a) seus achados sobre espécies extintas que se relacionavam mais com outras não extintas encontradas na mesma região, -(b) a similaridade entre espécies próximas umas das outras, -(c) suas dúvidas derivadas da criação de animais e -(d) sua incerteza quanto a existência de uma "lei de harmonia" na natureza.
No fim de Novembro de 1838, ele começou a comparar o processo de selecção de características feito por criadores de animais com uma natureza Malthusiana seleccionando variantes aleatoriamente de forma que "toda a parte de uma nova característica adquirida é colocada em prática e aperfeiçoada", e pensou nisto como "a mais bela parte da minha teoria" de como novas espécies se originam. Ele estava procurando uma casa e acabou por encontrar "Macaw Cottage" na rua Gower, Londres, e então mudou seu "museu" para lá em Dezembro.
Ele já mostrava sinais de cansaço e Emma lhe escreveu sugerindo que ele descansasse, comentando quase profeticamente "Não adoeça mais meu querido Charley até que eu esteja aí para cuidar de você". Em 24 de Janeiro de 1839, Darwin foi eleito membro da Royal Society e apresentou seu artigo sobre as "estradas" de Glen Roy

Casamento e filhos

Em 29 de Janeiro de 1839, Darwin casou com sua prima Emma Wedgwood em Maer. Depois de primeiro morar em Gower Street, Londres, o casal mudou para Down House em Downe em 17 de Setembro de 1842.
Os Darwin tiveram dez filhos, três dos quais morreram prematuramente. Muitos deles e de seus netos alcançaram notabilidade. Eis os nomes dos seus filhos:
William Erasmus Darwin (1839-1914)
Anne Elizabeth Darwin (1841 - 1851)
Mary Eleanor Darwin (1842 -1842)
Henrietta Emma "Etty" Darwin (1843-1929)
George Howard Darwin (1845 -1912)
Elizabeth "Bessy" Darwin (1847-1926)
Francis Darwin (1848 -1925)
Leonard Darwin (1850 -1943)
Horace Darwin (1851 -1928)
Charles Waring Darwin (1856 -1858)
Muitos dos seus filhos sofreram de doenças ou fraquezas e o temor de Darwin de que isto se devesse ao fato de que ele e Emma eram primos foi expresso em seus textos sobre os efeitos do acasalamento entre indivíduos de linhagens mais próximas (inbreeding) ou mais distantes (crossing).

Evolução por selecção natural

Temendo tanto as críticas científicas quanto as religiosas, Darwin passou décadas desenvolvendo as suas teorias evolutivas quase sempre em segredo.
Darwin era agora um eminente geólogo no meio científico formado por clérigos naturalistas, com uma renda segura e trabalhando secretamente em sua teoria. Ele tinha muito a fazer, escrevendo sobre todos os seus achados e supervisionando a preparação dos vários volumes da "Zoologia" que deveriam descrever as suas colecções. Ele estava convencido da ocorrência da evolução mas, desde muito tempo, sempre esteve consciente de que a ideia de transmutação de espécies era vista como uma blasfêmia, bem como era associada com agitadores democráticos radicais na Inglaterra; portanto, a publicação de suas ideias poderia significar a demolição de sua reputação e, consequentemente, a sua ruína.
Assim, ele fazia experimentos minuciosos com plantas e consultava frequentemente muitos criadores de animais, incluindo criadores de pombos e porcos, na tentativa de encontrar repostas convincentes para todos os contra-argumentos que ele conseguia antever.
Quando FitzRoy publicou seu livro sobre a viagem do Beagle em Maio de 1839, o diário e comentários de Darwin foram um grande sucesso. Mais tarde naquele ano, o diário foi publicado isoladamente em um livro que se tornou um sucesso de vendas hoje conhecido como "A Viagem do Beagle" (The Voyage of the Beagle). Em Dezembro de 1839, durante a primeira gravidez de Emma, a saúde de Darwin voltou a ficar comprometida e ele conseguiu avançar muito pouco em seus trabalhos no ano seguinte.
Darwin tentou explicar sua teoria para amigos mais próximos, mas eles demoraram a mostrar interesse e pensavam que uma selecção exige um seleccionador divino. Em 1842 a família se moveu para a sua casa no campo (Down House) para escapar da pressão de Londres. Ali, Darwin escreveu um pequeno texto esboçando a sua teoria que, em 1844, seria expandido para um documento de 240 páginas intitulado "Ensaio".
Darwin completou seu terceiro livro sobre geologia em 1846. Auxiliado por um amigo, o jovem botânico Joseph Dalton Hooker, ele iniciou um estudo aprofundado sobre cracas. Em 1847, Hooker leu o "Ensaio" e fez comentários que forneceram a Darwin a opinião externa que ele precisava.
Darwin temia publicar a teoria de forma incompleta considerando o fato de que as suas ideias sobre evolução poderiam ser altamente controversas se, de fato, alguma atenção fosse dada a elas. Outras ideias sobre evolução - especialmente o trabalho de Jean-Baptiste Lamarck - tinham sido consistentemente rejeitadas pela comunidade científica britânica e foram associadas à noção de radicalismo político. A publicação anónima de "Vestígios da História Natural da Criação" (Vestiges of the Natural History of Creation) em 1844 gerou outra controvérsia sobre radicalismo e evolução e foi severamente atacada pelos amigos de Darwin, o que assegurava que nenhum cientista de reputação iria querer estar associado com tais ideias.
Para tentar tratar a sua doença, Darwin foi a um spa em Malvern em 1849 e, para a sua surpresa, verificou que os dois meses de tratamento com água o ajudaram. Em seu estudo sobre cracas ele descobriu "homologias" que suportavam a sua teoria por mostrar que partes de um corpo levemente modificadas poderiam servir a funções diferentes em novos contextos. Foi então que a sua querida filha Annie adoeceu despertando novamente os seus temores de que sua doença pudesse ser hereditária. Após um longo sofrimento, ela morreu e Darwin perdeu toda a sua fé em um Deus benevolente.
Nesta época, ele conheceu o jovem naturalista, e livre-pensador, Thomas Huxley que se tornaria um amigo próximo e grande aliado. O trabalho de Darwin sobre cracas (Cirripedia) lhe valeu a medalha real da Royal Society em 1853, estabelecendo definitivamente a sua reputação como biólogo. Ele completou este estudo em 1854 e voltou a sua atenção para a sua teoria de transmutação de espécies.

Darwin vs Mendel

Mendel foi o primeiro geneticista conhecido. Com os seus estudos, por muito que contendo factores alienígenas incontroláveis, Mendel comprovou que geneticamente (termo ainda não referido por este) os factores e características passavam de pais para filhos, hereditariamente, na sua regra de 3:1. Esta explicação era a justificação necessária na teoria evolucionista de Darwin, para explicar a maneira como algumas características "evoluíam" e outras se extinguiam.
Porém, ainda que as teorias de Mendel se enquadrassem perfeitamente nas ideias de Darwin, na altura em que Mendel as começou a estudar, em nada auxiliaria na teoria evolutiva. Ainda não existiam meios de comprovar completamente os dados que Mendel obtinha nas suas experimentações (pelo que se explica os quase 35 anos que as suas descobertas permaneceram na escuridão), e o próprio Mendel não interligava as suas teorias com algo relacionado com evolução (enquadremos a situação no termo histórico da época, Mendel era um monge devotado, logo completamente Criacionista). Para não falar do facto de que na altura, era impossível Mendel aliar as suas descobertas a Darwin, ou Darwin aceitar as descobertas de Mendel. Não é por um cientista estar a escrever uma teoria evolucionária, que irá englobar nesta todas as ideias "tresloucadas" da altura. Sendo que se Darwin englobasse a teoria de Mendel na sua, ou se incluísse dados desta, era mais um argumento impossível de comprovar, e mais um motivo de polémica e de descrédito para o seu nome no seio da comunidade científica (algo que Darwin temia).
A genética e a evolução Darwiniana foram inimigos desde o início de ambos os conceitos. Ao mesmo tempo que Darwin afirmava que os seres podiam "evoluir" para outros seres, Mendel demonstrava que características individuais mantinham-se constantes. Enquanto as ideias de Darwin se baseavam em fundamentos erróneos e não testados sobre hereditariedade, as conclusões de Mendel foram fundadas em experimentação cuidada."
Se Darwin pudesse aceder aos trabalhos de Mendel já comprovados, tal poderia levar a que mudasse a sua teoria, adicionando factos e argumentos que se enquadram bem na teoria evolutiva, mas enquanto os conceitos de Darwin se baseavam em "variação, mutação, e "ligeira" hereditariedade", os de Mendel assentavam em "variação descontinua e hereditariedade extremamente acentuada, sem mutações".
Então, se Darwin tivesse tomado conhecimento das teorias de Mendel na altura, pouco poderia mudar, ou auxiliar na teoria evolutiva. Poderia ter encontrado alguma resposta para as suas perguntas, mas não existia na altura maneira de comprovar a genética que apenas começou a ganhar a sua importância no final do século XIX, vistas comprovadas as teorias de Mendel. Logo não existiria uma teoria tão sólida como a que apareceu futuramente (neo-Darwinismo) aliando a evolução à genética, com comprovações científicas e bases em experimentações cuidadosas. Na altura em que a teoria evolutiva foi publicada, mesmo com a ajuda dos trabalhos de Mendel, Charles Darwin nunca teria conseguido interpretar tantos factores, não atingindo uma teoria tão coesa como o Neo-Darwinismo, que aliou todas as áreas da Biologia, tornando a Genética e a Evolução irmãos de mãos dadas.

Anúncio e publicação da teoria

Darwin encontrou uma resposta para o problema de como géneros divergem ao fazer uma analogia com as ideias de divisão de trabalho na indústria. Variedades especializadas de um género, ao encontrarem nichos nos quais sua especialização é mais útil, forçariam a diversificação em espécies. Ele experimentou com sementes, testando a sua habilidade de sobreviver à água salgada, para determinar se uma espécie poderia se transferir para uma ilha isolada pelo mar. Ele também passou a criar pombos para testar a sua hipótese de que a selecção natural era comparável à "selecção artificial" usada por criadores de pombos.
Foi então que, na primavera de 1856, Lyell leu um artigo sobre a introdução de espécies escrito por Alfred Russel Wallace, um naturalista trabalhando no Bornéo. Ciente da similaridade entre este trabalho e o de Darwin, Lyell o pressionou para publicasse o quanto antes a sua teoria de forma a estabelecer precedência. Apesar de sua doença, Darwin iniciou o livro de três volumes intitulado "Selecção Natural" ("Natural Selection"), obtendo espécimes e informações de naturalistas como Asa Gray e o próprio Wallace.
Em Dezembro de 1857, quando trabalhava em seu livro, Darwin recebeu uma carta de Wallace perguntando se ele se aprofundaria na questão das origens do homem. Ciente dos temores de Lyell, Darwin respondeu: "Eu acho que irei evitar completamente este assunto, uma vez que ele é rodeado de preconceitos, embora eu admita que este é o maior e mais interessante problema para um naturalista".
Ele então encorajou Wallace a teorizar sobre o tema, dizendo "não há observações boas e originais sem especulação". Quando o seu manuscrito já alcançava 250 mil palavras, em Junho de 1858, Darwin recebeu de Wallace o artigo em que aquele descrevera o mecanismo evolutivo que concebera. Wallace também solicitara a Darwin que o enviasse a Lyell. Darwin assim o fez, embora estivesse chocado que ele tivesse sido "prevenido" do fato. Embora Wallace não tivesse solicitado a publicação, Darwin se ofereceu para enviar o artigo a qualquer revista que ele desejasse.
Ele descreveu o que se passava para Lyell e Hooker. Estes concordaram em uma apresentação conjunta na Lynnean Society, em 1 de Julho, do artigo intitulado "Sobre a Tendência das Espécies de formarem Variedades; e sobre a Perpetuação das Variedades e Espécies por Meios Naturais de Selecção" (On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection). Infelizmente, o filho de Darwin faleceu e ele não pode comparecer à apresentação.
O anúncio inicial da teoria atraiu pouca atenção. Ela foi mencionada brevemente em algumas resenhas, mas para a maioria dos revisores era apenas mais uma entre muitas variações de pensamento evolutivo. Nos treze meses seguintes Darwin sofreu com sua saúde precária e fez um enorme esforço para escrever um resumo de seu "grande livro sobre espécies". Recebendo constante encorajamento de seus amigos cientistas, ele finalmente terminou o texto e Lyell cuidou para que o mesmo fosse publicado por John Murray.
O livro recebeu o título "Sobre a origem das espécies por meio de selecção natural" (On the Origin of Species by Means of Natural Selection) e, quando foi colocado à venda em 22 de Novembro de 1859, esgotou o estuque de 1250 cópias rapidamente. Naquela época, o termo "evolucionismo" implicava em criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras "evolução" ou "evoluir", embora o livro terminasse anunciando que "um número incontável das mais belas e maravilhosas formas evoluíram e estão evoluindo".
O livro só mencionava brevemente a ideia de que seres humanos também deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin escreveu de forma propositadamente atenuada que "luz será lançada no tocante à origem do homem e sua história".

Reação

O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que ele acompanhou atentamente, obtendo corte de jornais de milhares de resenhas, críticas, artigos, sátiras, paródias e caricaturas. Críticos foram rápidos em apontar as implicações não discutidas no livro de que "homens fossem descendentes de macacos" ("men from monkeys"). Entretanto, houve resenhas favoráveis, entre elas, uma publicada no The Times escrita por Huxley que incluía críticas a Richard Owen, um expoente do meio científico que Huxley estava tentando "destronar". Owen pareceu inicialmente neutro mas então escreveu um artigo condenando o livro.
O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo os antigos tutores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, reagiu contra o livro, embora ele tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens naturalistas. Foi quando sete ensaios e resenhas feitas por sete teólogos anglicanos liberais declararam que milagres eram irracionais e atraíram a atenção para si desviando-a de Darwin.
O confronto mais famoso ocorreu em um encontro da Associação Britânica para o Avanço da Ciência em Oxford. O professor John William Draper fez uma longa apresentação sobre Darwin e progresso social e, então, Samuel Wilberforce, o bispo de Oxford, atacou as ideias de Darwin. Em um acalorado debate, Joseph Hooker defendeu Darwin com tenacidade e Thomas Huxley se estabeleceu como o "bulldog de Darwin" - o mais veemente defensor da teoria evolutiva no palco Vitoriano.
Conta-se que tendo sido questionado por Wilberforce se ele descendia de macacos por parte de pai ou de mãe, Huxley murmurou: "O Senhor o deixou em minhas mãos" e respondeu que "preferia ser descendente de um macaco que de um homem educado que usava sua cultura e eloquência a serviço do preconceito e da mentira" (isto é contestado, veja Wilberforce and Huxley: A Legendary Encounter). Logo se espalhou pelo país a história de que Huxley teria dito que preferia ser um macaco a um bispo.
Muitas pessoas sentiam que a visão de Darwin da natureza acabava com a importante distinção entre homem e animais. O próprio Darwin não defendia suas ideias em público, embora ele lesse avidamente tudo sobre o debate. Ele se encontrava frequentemente doente e apenas fazia comentários através de cartas e correspondência. Seu círculo central de amigos cientistas - Huxley, Hooker, Charles Lyell e Asa Gray - activamente colocavam seu trabalho em discussão nos palcos científico e público, defendendo-o de seus muitos críticos e ajudando-o a ganhar o respeito que lhe valeu a medalha Copley da Royal Society em 1864.
A teoria de Darwin também foi usada como base para vários movimentos da época e tornou-se parte da cultura popular. O livro foi traduzido para muitos idiomas e teve numerosas reimpressões. Ele tornou-se um texto científico acessível tanto para aos novos e curiosos cidadãos da classe média quanto para os trabalhadores e foi aclamado como o mais controverso e discutido livro científico de todos os tempos.

Últimos anos de vida

Apesar dos sucessivos problemas de saúde que acometeram Darwin nos seus últimos vinte e dois anos de vida, ele continuou trabalhando avidamente. Ele passou a se dedicar aos aspectos mais controversos do seu "grande livro" que ainda estavam por ser completados: a evolução da espécie humana a partir de animais mais primitivos, o mecanismo de selecção sexual que poderia explicar características de não tão óbvia utilidade além de mera beleza decorativa, bem como sugestões para as possíveis causas subjacentes ao desenvolvimento da sociedade e das habilidades mentais humanas. Seus experimentos, pesquisa e escrita continuaram.
Quando a filha de Darwin adoeceu, ele deixou de lado o seu trabalho e experimentos com sementes e animais para acompanhá-la em seu tratamento no campo. Ali, ele iniciaria o seu interesse por orquídeas selvagens que se desenvolveria em um estudo inovador sobre como as flores serviam para controlar a polinização feita pelos insectos e garantir a fertilização cruzada. Como já observara com as cracas, partes homólogas serviam a diferentes funções em diferentes espécies. De volta ao lar, ele adoeceu novamente em um quarto repleto de experimentos e plantas trepadeiras. Ainda assim, continuou o seu trabalho no livro "Variação" (Variation), que cresceu até ocupar dois volumes, o que o forçou a deixar de lado "A descendência do Homem e Selecção em relação ao Sexo". Uma vez impresso, o livro foi muito procurado.
A questão da evolução humana tinha sido amplamente discutida pelos seus simpatizantes (e críticos) logo depois da publicação da "Origem das Espécies" mas a contribuição do próprio Darwin para o tema só veio uma década mais tarde com os dois volumes de "A descendência do Homem e Selecção em relação ao Sexo" em 1871. No segundo volume, Darwin introduziu por completo o seu conceito de selecção sexual e explicou a evolução da cultura humana, as diferenças entre os sexos, a diferenciação entre raças bem como a bela plumagem dos pássaros. Um ano mais tarde, Darwin publicou seu último grande trabalho, "The Expression of the Emotions in Man and Animals", que era focado na evolução da psicologia humana e sua continuidade com o comportamento animal. Ele desenvolveu a sua ideia de que a mente humana e culturas foram desenvolvidas por meio de selecção natural e sexual, uma abordagem que foi revivida com a emergência da psicologia evolutiva. Como ele concluiu em a "Descendência do Homem", Darwin achava que apesar de todas as "qualidades nobres" e "capacidades sublimes" da humanidade: "O homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva" costumava dizer Dawin.

Visão religiosa

Embora vários membros da família de Darwin fossem pensadores livres, abertamente lhes faltando crenças religiosas convencionais, ele inicialmente não duvidava da verdade literal da Bíblia. Ele frequentava uma escola da igreja da Inglaterra e, mais tarde, em Cambridge, estudou teologia Anglicana. Nesta época, ele estava plenamente convencido do argumento de William Paley de que o projecto perfeito da natureza era uma prova inequívoca da existência de Deus. Contudo, as suas crenças começaram a mudar durante a sua viagem no Beagle.
Para ele, a visão de uma vespa paralisando uma larva de borboleta para que esta servisse de alimento vivo para seus ovos parecia contradizer a visão de Paley de projecto benevolente ou harmonioso da natureza. Enquanto abordo do Beagle, Darwin era bastante ortodoxo e poderia citar a Bíblia como uma autoridade moral. Apesar disso, ele via as histórias no velho testamento como falsas e improváveis.

A morte da filha de Darwin, Annie, em 1851 foi o evento que minou definitivamente a crença de Darwin em um Deus benevolente.
Ao retornar, ele investigou a questão de transmutação de espécies. Ele sabia que seus amigos naturalistas e clérigos pensavam em transmutação como uma heresia que enfraquecia as justificativas morais para a ordem social e sabiam que tais ideias revolucionárias eram especialmente perigosas em uma época em que a posição estabelecida da igreja da Inglaterra estava sob constante ataque de dissidentes radicais e ateus.
Enquanto desenvolvia secretamente a sua teoria de Selecção Natural, Darwin chegou mesmo a escrever sobre a religião como uma estratégia tribal de sobrevivência, embora ele ainda acreditasse que Deus era o legislador supremo. Sua crença continuou diminuindo com o passar do tempo e, com a morte de sua filha Annie em 1851, Darwin finalmente perdeu toda a sua fé no cristianismo.
Ele continuou a ajudar a igreja local e colaborar com o trabalho comunitário associado à igreja mas, aos domingos, ia caminhar enquanto sua família ia para o culto. Em seus últimos anos de vida, quando perguntado sobre a visão que tinha a respeito da religião, ele escreveu que nunca tinha sido um ateu no sentido de negar a existência de Deus e, portanto, se descreveria mais correctamente como um agnóstico.
Charles Darwin contou em sua biografia que eram falsas as afirmações de que seu avô Erasmus Darwin teria clamado por Jesus em seu leito de morte. Darwin concluiu dizendo que "Era tal o estado de sentimento cristão neste país [em 1802].... Nós podemos apenas esperar que nada deste tipo prevaleça hoje". Apesar desta crença, histórias muito parecidas circularam logo após a morte de Darwin, em particular, uma que afirmava que ele havia se convertido logo antes de morrer. Estas histórias foram disseminadas por alguns grupos cristãos até ao ponto de se tornarem lendas urbanas, embora as afirmações tenham sido refutadas pelos filhos de Darwin e sejam consideradas falsas por historiadores.

Legado

A teoria de Darwin de que evolução ocorreu por meio de selecção natural mudou a forma de pensar em inúmeros campos de estudo da Biologia à Antropologia. Seu trabalho estabeleceu que a "evolução" havia ocorrido: não necessariamente por meio das selecções natural e sexual (isto, em particular, só foi comummente reconhecido após a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel no início do século XX e o desenvolvimento da Síntese Moderna).
Outros antes dele já haviam esboçado a ideia de selecção natural: em sua vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de William Charles Wells e Patrick Matthew que eles (e praticamente todos os outros naturalistas da época) desconheciam quando ele publicou a sua teoria. Contudo, é claramente reconhecido que Darwin foi o primeiro a desenvolver e publicar uma teoria científica de Selecção Natural e que trabalhos anteriores ao seu não contribuíram para o desenvolvimento ou sucesso da Selecção Natural como uma teoria estável.
Apesar da grande controvérsia que marcou a publicação do trabalho de Darwin, a evolução por selecção natural provou ser um argumento poderoso contrário às noções de criação divina e projeto inteligente comuns na ciência do século XIX. A ideia de que não mais havia uma clara separação entre homens e animais faria com que Darwin fosse lembrado como aquele que removeu o homem da posição privilegiada que ocupava no universo. Para alguns de seus críticos, entretanto, ele continuou sendo visto como o "homem macaco" frequentemente desenhado com um corpo de macaco.

Reconhecimento

Ainda durante a vida de Darwin, muitas espécies de seres vivos e elementos geográficos foram baptizados em sua homenagem, entre eles, o Monte Darwin, nos Andes, em celebração ao seu vigésimo quinto aniversário. A capital do Northern Territory na Austrália também foi baptizada com o seu nome em comemoração à passagem do Beagle por ali, em 1839. No mesmo território, foram baptizados com o seu nome uma universidade e um parque nacional.
As 14 espécies de tentilhões que ele estudou em Galápagos são chamadas "tentilhões de Darwin" em honra ao seu legado. Em 1964, foi inaugurado em Carmbridge o Darwin College em honra à sua família e, parcialmente, porque os Darwin eram os donos do terreno usado.
Em 1992, Darwin foi posicionado em décimo sexto lugar na As 100 maiores personalidades da História, compilada pelo historiador Michael H. Hart. Darwin também figura na nota de dez libras introduzida pelo banco da Inglaterra em 2000 em substituição a Charles Dickens.
Sua barba impressionante e difícil de ser copiada foi apontada como um dos factores que contribuíram para a escolha. Darwin também aparece em quarto lugar na 100 Greatest Britons, uma lista compilada por meio de voto popular pela BBC.

Eugenia

Seguindo a publicação da "Origem das Espécies", o primo de Darwin, Francis Galton, aplicou as ideias de Darwin à sociedade, de forma a promover o conceito de "melhorias hereditárias". Ele iniciou este trabalho em 1865, completando-o em 1869. Em "The Descent of Man", Darwin concordou que Galton tivesse demonstrado que "talento" e "genialidade" em humanos eram provavelmente herdados mas acreditava que as mudanças sociais que ele propunha eram muito utópicas.
Nem Galton nem Darwin concordavam que o Estado devesse interferir nestas questões. Acreditavam que, no máximo, a hereditariedade deveria ser considerada na escolha de cônjuges. Em 1883, depois da morte de Darwin, Galton começou a chamar a sua filosofia social de Eugenia. No século XX, movimentos de eugenia ganharam popularidade em vários países e foram associados a programas de controlo de reprodução tais como leis de esterilização compulsória. Tais movimentos acabaram sendo estigmatizados após serem usados na retórica da Alemanha Nazista em suas metas de alcançar "pureza" racial.

Darwinismo Social

Em 1944 o historiador americano Richard Hofstadter aplicou o termo "Darwinismo Social" para descrever o pensamento desenvolvido durante os séculos XIX e XX a partir das ideias de Thomas Malthus e Herbert Spencer, que aplicaram as noções de evolução e sobrevivência do mais apto às sociedades e nações. Estas ideias caíram em descrédito após serem associadas ao racismo e ao imperialismo. Note que na época de Darwin a diferença entre o que mais tarde seria chamado de "darwinismo social" e simplesmente "darwinismo" não era clara. Contudo, Darwin não acreditava que sua teoria científica implicasse em qualquer teoria particular de governo ou ordem social.
O uso do termo "Darwinismo Social" para descrever as ideias de Malthus não é muito adequado uma vez que Malthus morreu em 1834, portanto antes que a teoria de Darwin tivesse sido concebida. Além disso, de fato, a teoria de Darwin é que foi inspirada em um ensaio de Malthus de 1838, Princípio da População. O "progressivíssimo" evolutivo de Spencer e suas ideias políticas e sociais também foram muito influenciadas pelas ideias de Malthus e seus livros sobre economia (de 1851) e evolução (de 1855) são ambos anteriores à publicação da "Origem das Espécies" (de 1859).
Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX

(Registado aqui - Ano de 2009) Fonte:- Wikipédia


A História da Nossa Senhora de Fátima (21)

Efemérides

1916 - Primavera, Verão e Outono - Aparições do Anjo.
1917 - Nos dias 13 dos meses de Maio, Junho, Julho, Setembro e Outubro - Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria; em 19 de Agosto, nos Valinhos.
04.04.1919 - Morre o vidente Francisco Marto, em Aljustrel.
28.04.1919 - Início da construção da Capelinha das Aparições.
20.02.1920 - Morre a vidente Jacinta Marto, no Hospital de Dª Estefânia, em Lisboa
13.10.1921 - É permitida a celebração da Missa, pela primeira vez, junto à Capelinha das Aparições.
06.03.1922 - A Capelinha das Aparições é destruída, sendo restaurada um ano depois
03.05.1922 - Provisão do Bispo de Leiria, mandando instaurar o processo canónico sobre os acontecimentos de Fátima
13.10.1922 - Inicia-se a publicação da "Voz de Fátima"
26.06.1927 - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, a uma cerimónia oficial na Cova da Iria, depois da bênção das estações da Via-Sacra, desde o Reguengo do Fetal (11 km)
13.05.1928 - Lançamento da primeira pedra da Basílica
13.10.1930 - Pela Carta Pastoral "A Divina Providência", o Bispo de Leiria declara "dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria" e permite oficialmente o culto de Nossa Senhora de Fátima
13.05.1931 - Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima
12.09.1935 - Trasladação dos restos mortais de Jacinta Marto, do cemitério de Vila Nova de Ourém para o de Fátima.
13.05.1942 - Grande peregrinação para assinalar o 25º aniversário das Aparições
31.10.1942 - Pio XII, falando em português pela rádio, consagra o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção velada da Rússia, segundo o pedido de Nossa Senhora
13.05.1946 - Coroação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições (coroa oferecida pelas mulheres portuguesas), pelo Cardeal Masella, Legado Pontifício
01.05.1951 - Trasladação dos restos mortais de Jacinta Marto, do cemitério de Fátima para a Basílica do Santuário
13.10.1951 - Encerramento do Ano Santo (Universal), em Fátima, pelo Cardeal Tedeschini,
Legado Pontifício
13.03.1952 - Trasladação dos restos mortais de Francisco Marto, do cemitério de Fátima para a Basílica do Santuário
07.07.1952 - Consagração dos Povos da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pelo Papa Pio XII
07.10.1953 - Sagração da Igreja do Santuário de Fátima
12.11.1954 - O Papa Pio XII concede o título de Basílica menor à Igreja do Santuário
13.05.1956 - O Cardeal Roncalli, Patriarca de Veneza, futuro Papa João XXIII, preside à Peregrinação Internacional Aniversaria
01.01.1960 - Início do Sagrado Lausperene no Santuário de Fátima; 21.11.1964 - Ao encerrar a 3ª sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, o Papa Paulo VI anuncia diante dos 2.500 padres conciliares, a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima
13.05.1965 - Entrega da Rosa de Ouro pelo Cardeal Fernando Cento, legado Pontifício, durante a Peregrinação Internacional Aniversaria
13.05.1967 - O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja
13.05.1977 - A Peregrinação do 60º aniversário da 1ª Aparição foi presidida pelo Cardeal Humberto Medeiros, Arcebispo de Boston, legado Pontifício
10.07.1977 - Peregrinação a Fátima do Cardeal Albino Luciani, Patriarca de Veneza, depois Papa João Paulo I.
19.09.1977 - Elevação de Fátima à categoria de Vila
12/13.05.1982 - O Papa João Paulo II vem em peregrinação a Fátima agradecer o ter escapado com vida, um ano antes, na Praça de S. Pedro, e, de joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria
25.03.1984 - Na Praça de S. Pedro, no Vaticano, diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima ida expressamente da Capelinha das Aparições, João Paulo II faz, uma vez mais, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em união com todos os Bispos do Mundo
2/13.05.1991 - O Santo Padre João Paulo II vem pela segunda vez a Fátima, como peregrino, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro, no Vaticano, presidindo à Peregrinação Internacional Aniversaria
04.06.1997 - A Assembleia da República Portuguesa eleva a Vila de Fátima à categoria de cidade
13.05.2000 - Beatificação de Francisco e Jacinta Marto
13.02.2005 - Falecimento da Irmã Lúcia
02.04.2005 - Falecimento de João Paulo II.

Jacinta, Francisco e Lúcia

**

Nossa Senhora de Fátima e os Pastorinhos

Jacinta e Francisco. Pequenas crianças que, com sua prima Lúcia, guardavam o rebanho à sombra das azinheiras de um lugar chamado Cova da Iria. Um dia mudou as suas vidas. O dia em que viram a "Senhora vestida de branco". Uma experiência de fé e transcendência confirmada pelo milagre, à vista de todos, no "dia em que o sol bailou"

O dia 13 de Maio de 2000 também foi histórico. O Papa João Paulo II veio a Fátima. Beatificar as duas crianças. Ajoelhar aos pés da Senhora do Rosário. Anualmente, mais de seis milhões de pessoas seguem o seu exemplo e chegam à Cidade da Paz.

A 12 e 13 de Maio, milhares de peregrinos rumam ao Altar do Mundo para se ajoelharem aos pés de Nossa Senhora de Fátima, numa das mais impressionantes manifestações de fé, paz e espiritualidade a que o mundo assiste todos os anos desde 1917.
A história de Fátima está permanentemente associada à existência de três crianças: Lúcia e seus primos, Francisco e Jacinta Marto. A doçura e fé inocente de pequenos e humildes pastores levou-os a vislumbrar a mais santa das imagens: a de Nossa Senhora.
A 13 de Maio de 1917, na Cova da Iria, a poucos quilómetros de Fátima, vislumbraram um clarão, onde agora se localiza a Capela das Aparições. A Virgem pediu-lhe que rezassem muito pelo bem do mundo, e anunciou que voltaria durante os próximos meses, a todos os dias 13. A última Aparição ocorreu no mês de Outubro, sendo presenciada por cerca de 70.00 peregrinos que assistiram ao Milagre do Sol.
Fátima é hoje por muitos considerada como o Altar do Mundo, onde cheira a promessas e velas queimadas e onde acorrem milhões de peregrinos movidos pela maior força do mundo: a Fé.

Fátima, cidade da Paz. Terra de Milagres e Aparições.

(Registado aqui - Ano de 2008)


A Gripe A (H1N1) (22)

Cada vez mais na ordem do dia, esta Gripe A - ano de 2009 - que teve a sua origem no México. Esta Pandemia causada por uma variante do Vírus Influenza do Vírus A, de origem suína (Porcina) (subtipo H1N1) está afectar o mundo inteiro, com o aparecimento diariamente de novos casos. São muitos os riscos de contagio, por isso, muitos os cuidados a ter, entre eles um dos mais importante é lavar as mãos muitas vezes ao dia, gesto simples que pode eventualmente evitar a gripe A.
Segundo a ciência médica, parece que o pior estará para vir lá mais para o Outono, apelando os serviços de saúde do países do mundo inteiro, no sentido dos cuidados a ter pelas pessoas, que por vezes um simples gesto pode ser importante para evitar o contagio.

Esta infecção respiratória causada pelo vírus Influenza pode afetar milhões de pessoas a cada ano. É altamente contagiosa e ocorre mais no final do outono, inverno e início da primavera. Diferentemente do resfriado que, na maioria das vezes, se dissemina pelo contato direto entre as pessoas, o vírus Influenza se dissemina, principalmente, pelo ar. Quando a pessoa gripada espirra, tosse ou fala, gotículas com o vírus ficam dispersas no ar por um tempo suficiente para ser inaladas por outra pessoa.
A gripe é uma doença com início súbito e mais grave que o resfriado comum. O período de incubação - tempo entre o contágio e o início dos sintomas da doença - é de 1-2 dias.

Sintomas:

Febre - Calafrios - Suor excessivo e Tosse seca (pode durar mais de duas semanas) - Dores musculares e articulares (podem durar de 3 a 5 dias) - Fadiga (pode levar mais de duas semanas para desaparecer) - Mal estar - Dor de cabeça - Nariz obstruído - Irritação na garganta

Aqui se documentam PERGUNTAS E RESPOSTAS a ter em conta:

1 .- P: Quanto tempo pode durar o vírus vivo em uma superfície?
R: Até 10 horas.
2. -P: Qual a utilidade do álcool para limpar as mãos?
R: Deixa o vírus inativo e mata-o.
3 .- P: Qual é o meio mais eficaz de infecção deste vírus?
R: O ar não é a forma mais eficaz de transmissão do vírus, o fator mais importante para a fixação do vírus é a umidade, (revestimento do nariz, boca e olhos), o vírus não voa e não atinge mais de um metro distância.
4 .- P: É fácil a infectar-se em aviões?
R: Não é um meio propício.
5 .- P: Como posso evitar a infecção?
R: Não levar as mãos ao rosto, olhos, nariz e boca. Não ter contato com pessoas doentes. Lavar as mãos mais de 10 vezes por dia.
6 .- P: Qual é o período de incubação do vírus?
R: Em média 5 a 7 dias e os sintomas aparecem quase que imediatamente.
7 .- P: Quando você deve começar a tomar medicação?
R: Se tomada até 72 horas depois, as perspectivas são muito boas, a
melhora é de 100%.
8.- P: Qual é a forma como o vírus entra no corpo?
R: Contato ao dar a mão ou beijar na bochecha. Ele penetra pelo nariz, boca e olhos.
9 .- P: O vírus é letal?
R: Não, o que provoca a morte é a complicação da doença causada pelo vírus, que é pneumonia
10 .- P: Quais os riscos dos familiares de pessoas que morreram?
R: Elas podem ser portadoras e formam uma cadeia de transmissão.
11 .- P: A água nas piscinas transmite o vírus?
A: Não, porque ele contém substâncias químicas e clorados
12 .- P: O que faz o vírus para provocar a morte?
R: Uma cascata de reações, tais como insuficiência respiratória, a pneumonia grave é a causa da morte.
13 .- P: Quando pode iniciar o contágio, mesmo antes ou só quando os sintomas ocorrem?
R: Desde que se tenha o vírus antes dos sintomas
14 .- P: Qual é a probabilidade de recaída com a mesma doença
R: 0%, pois fica-se imune ao vírus.
15 .- P: Onde é que o vírus se encontra no meio ambiente?
R: Quando uma pessoa contagiada tosse ou espirra , o vírus pode permanecer em superfícies lisas, como portas, dinheiro, papéis, documentos, desde que haja umidade. Uma vez que não se pode esterilizar o ambiente é extremamente recomendada higiene das mãos.
16 .- P: Se eu for para um hospital particular podem cobrar-me o remédio?
R: Não, existe um acordo de não cobrar, porque o governo o está proporcionando a todas as instituições de saúde públicas e privadas.
17 .- P: O vírus ataca mais os asmáticos?
R: Sim, esse pacientes são mais sensíveis, mas este é um germe novo, todos são igualmente suscetíveis.
18 .- P: Qual é a população que este vírus está atacando?
R: 20 a 50 anos de idade.
19 .- P: A máscara é útil para cobrir a boca?
R: Há algumas melhores do que outras, mas se você for saudável é contraproducente, pois o vírus, por seu tamanho, atravessa-a como se ela não existisse e usando a máscara, é criado dentro da área do nariz e da boca um microclima úmido favorável ao desenvolvimento do vírus. Mas se você já está infectado, melhor usá-la para evitar infectar outras pessoas, neste caso ela é relativamente eficiente.
20 .- P: Posso fazer exercício ao ar livre?
R: Sim, o vírus não vai para o ar e não tem asas.
21 .- P: Existe alguma vantagem em tomar vitamina C?
R: Não serve de nada para evitar a infecção por este vírus, mas ajuda a resistir aos sintomas.

22 .- P: Quem está a salvo da doença ou quem é menos suscetível?
R: Não há ninguém a salvo, o que ajuda é a higiene dentro de casa, escritório, utensílios e não ir a lugares públicos.
23 .- P: Será que o vírus se move?
R: Não, o vírus não tem nem pernas nem asas, só com um empurrão para entrar no interior do corpo.
24 .- P: Os bichos de estimação podem propagar o vírus?
R: Este vírus não, talvez alguns outros vírus.
25 .- P: Se eu for a um velório de alguém que morreu deste vírus posso infectar-me?
R: NÃO.
26 .- P: Qual é o risco de mulheres grávidas com o vírus?
R: As mulheres grávidas têm o mesmo risco de qualquer pessoa, mas é por dois, elas podem tomar antivirais em caso de infecção, mas com rigorosa supervisão médica.
27 .- P: O feto pode ter lesões se uma mulher grávida é infectada por este vírus?
R: Não sabemos o que pode acontecer, pois é um vírus novo.
28 .- P: Posso tomar ácido acetilsalisílico (aspirina)?
R: Não é recomendado, pode causar outras doenças, a menos que tenha sido receitado para problemas coronários, nesse caso, deve-se continuar.
29 .- P: Existe alguma vantagem em tomar antivirais antes dos sintomas?
R: Não é bom.
30 .- P: As pessoas com HIV, diabetes, aids, câncer, etc. podem ter mais complicações do que uma pessoa saudável, quando do contágio pelo vírus?
R: Sim.
31 .- Q: A gripe convencional poderia tornar-se Influenza A?
R: NÃO.
32 .- P: O que mata o vírus?
R: O sol, mais de 5 dias no ambiente, o sabão, os antivirais específicos, o álcool gel.
33 .- P: O que fazer para prevenir infecções, nos hospitais, para outros pacientes que não têm o vírus?
R: Isolamento
34 .- P. O álcool gel é eficaz?
R: Sim, muito eficaz.
35 .- P: Se eu sou vacinado contra a gripe sazonal eu estou segura?
R: Não serve de nada, ainda não há vacina para o vírus.
36 .- P: Este vírus está sob controle?
A: Não totalmente, mas estão sendo tomadas medidas agressivas de contenção.
37 .- P: O que acontece com a mudança de alerta 4 para 5?
R: Fase 4 não é diferente da fase 5, só significa que o vírus se propagou de pessoa a pessoa em mais de 2 países, e a fase 6, é que se propagou para mais de 3 países.
38 ..- P. Quem foi infectado por este vírus e está saudável, é imune?
R: Sim.
39 .- P: As crianças que têm tosse e constipações podem estar com a gripe A?
R: É pouco provável, as crianças são pouco afetadas.
40 .- P: Quais medidas as pessoas que trabalham devem tomar?
R: Lave as mãos várias vezes ao dia.
41 .- P: Eu posso pegá-lo ao ar livre?
R: Se as pessoas estão infectadas e tossem ou espirram perto de você, pode acontecer, mas o ar é um meio de pouco contágio.
42 .- P: Pode você comer porco?
R: Sim você pode e não há risco de contágio.
43 .- P: Qual é o fator determinante para saber que o vírus já está sob controle?
R: Embora a epidemia esteja controlada agora, no inverno boreal (hemisfério norte) pode retornar e provavelmente não haverá vacina ainda.

(Registado aqui - Ano de 2009)


A história da descoberta do espaço (23)

A característica do desenvolvimento tecnológico actual, também a conquista espacial tem se desenvolvido a passos largos. Os primórdios dos foguetes actuais foram construídos há mais de mil anos na China. Semelhantes aos fogos de artifício de hoje, tinham a finalidade de diversão e de sinalização. No início do século um cientista russo, Konstantin Tsiolkovsky, defendeu a ideia de que foguetes com proponentes líquidos poderiam chegar ao espaço. O primeiro lançamento de um foguete desse tipo foi realizado por um americano, Robert Goddard, em 1926.
O grande avanço dessa tecnologia, porém, começou na década de 30 com o desenvolvimento do foguete V2 por militares alemães, onde se destacou o génio de Wernher von Braun. Em 1944, perto do fim da II Guerra, essa nova arma foi usada para atacar Paris, Londres e Antuérpia. O V2 chegava a alcançar 160 km de altitude, sendo assim o primeiro objecto construído pelo homem a alcançar o espaço. O fim da II Guerra nos deixou dois grandes legados científico-militares: a bomba atómica e os foguetes de proponentes líquidos.

A UNIÃO SOVIÉTICA

Em 1957 a União Soviética surpreendeu o mundo ao lançar o primeiro satélite artificial de nosso planeta, o Sputnik 1, uma esfera de alumínio com menos de 50 cm de diametro e quatro antenas que transmitiam ininterruptamente sinais de rádio para a Terra.

O Sputinik 1 levou instrumentos para medir a temperatura e a densidade da alta atmosfera e nos enviou esses dados por 21 dias, até que suas baterias se esgotaram. Depois de passar 96 dias em órbita o Sputnik 1 reentrou na atmosfera e incendiou-se, devido ao atrito com o ar.
Seres humanos sobreviveriam no espaço? A resposta a essa pergunta também foi-nos dada pela União Soviética. Um novo Sputnik levou ao espaço a cadela Laika, que não sofreu nenhum efeito nocivo por uma semana, até que o suprimento de ar que levava se esgotou e ela morreu. Foi também a União Soviética que colocou o primeiro homem no espaço: Yury Gagarin, em 12 de Abril de 1961. A bordo da nave Vostok 1, Gagarin gastou 108 minutos para dar uma volta completa em torno de nosso planeta. Como ainda não se conheciam bem os efeitos da falta de gravidade sobre o ser humano, o vôo de Gagarin foi totalmente controlado da Terra.
A União Soviética continuava liderando a "Conquista Espacial". Em Outubro de 1964 a Voskhod 1 foi a primeira nave a transportar mais de uma pessoa (três) ao espaço. Em 18 de Março de 1965, a Voskhod 2, com duas pessoas a bordo, registou o primeiro "passeio" espacial. Aleksey Leonov foi a primeira pessoa a sair de uma nave espacial e "flutuar" no espaço, onde ficou por dez minutos.
Em 1959 a União Soviética havia dado início à "conquista da Lua" com o projecto Luna, que enviou várias naves ao nosso satélite natural. A Luna 1 foi a primeira nave a ir além da Lua e entrar em órbita do Sol; a Luna 2 foi o primeiro objecto construído pelo homem a alcançar o solo lunar; ainda em 1959 a Luna 3 foi a primeira sonda a fotografar a face oculta da Lua (a que nunca é vista da Terra); a Luna 9 fez o primeiro pouso suave na Lua e nos enviou imagens de TV de sua superfície; a Luna 10 entrou em órbita da Lua, tornando-se seu primeiro satélite artificial.
O projecto Luna se desenvolveu até 1976, mesmo depois da estada dos norte americanos em nosso satélite. Totalmente automatizadas, três sondas Luna recolheram amostras do solo lunar e as trouxeram à Terra, em 1970, 1972 e 1976. Após o pouso essas sondas estendiam um braço mecânico que perfurava a superfície da Lua para extrair solo e rocha. Esse material assim recolhido era colocado em uma cápsula no topo da nave, que fazia a viagem de volta com a amostra.

Laika, em 1957.
O primeiro ser vivo no espaço não foi um homem, mas a cadela russa Kudriavka, da raça laika. Ela subiu ao espaço em 3 de novembro de 1957 a bordo da nave espacial Sputnik II.

Yuri Gagarin (1934-1968)
Foi o primeiro homem no espaço, em um voo orbital de 48 minutos, a bordo da nave Vostok I. O voo de Gagarin ocorreu em 12 de Abril de 1961. Neste voo ele disse a famosa frase: "A Terra é azul, e eu não vi Deus".

OS ESTADOS UNIDOS

Do ponto de vista da ciência, havia a necessidade de se enviar uma nave tripulada à Lua? Mais que uma necessidade científica, pisar na Lua era um sonho da humanidade desde épocas imemoráveis. Em 1961, John Kennedy, então presidente dos Estados Unidos, prometeu que um norte americano pisaria no solo lunar antes do fim da década. O desenvolvimento científico e tecnológico acumulado estava prestes a nos propiciar a realização desse sonho. Teve início assim um dos maiores e mais fantásticos empreendimentos já realizados pelo homem. Naquela época ainda se sabia muito pouco sobre a superfície da Lua e nenhum americano tinha estado em órbita da Terra.

Lançamento de foguete Bumper 2 (baseado nas V-2) pelos EUA em Julho de 1950 em Cabo Canaveral.

Os cientistas norte americanos se viram frente a uma tarefa gigantesca. Em menos de dez anos deveriam construir um foguete com potência para levar à Lua uma nave grande e pesada o suficiente para comportar astronautas em seu interior. Essa nave após pousar na Lua deveria vencer a gravidade de nosso satélite e retornar com segurança à Terra. Isso além da escolha de um local seguro para o pouso.
Foram dois os programas predecessores do projecto Apollo. Entre Março de 1965 e Novembro de 1966 foram enviadas dez missões tripuladas ao espaço como parte do programa Gemini. O objectivo desse programa era testar e desenvolver técnicas que seriam necessárias para as missões Apollo, como os encontros espaciais e o acoplamento de duas naves. Entre Agosto de 1966 e Agosto de 1967 cinco naves do programa Lunar Orbiter entraram em órbita da Lua, com o objectivo da escolha de possíveis locais para pouso, assim como a realização de medidas de intensidade de radiação e densidade de poeira espacial nas proximidades da Lua. Essa poeira e essa radiação poderiam ser danosas, com efeitos imprevisíveis sobre o ser humano.

O PROJETO APOLLO

Para levar as naves Apollo ao espaço, foi desenvolvido um dos maiores e mais poderosos foguetes já construídos, o Saturno V, com três estágios e 110 metros de comprimento. Os dois primeiros estágios colocavam a Apollo no espaço, em órbita da Terra. A partir daí era accionado o terceiro e último estágio, colocando a nave na trajectória correcta em direcção à Lua.
A nave Apollo era composta por três partes: o módulo de comando, onde ficavam a tripulação (que mal tinha espaço para se mexer) e as provisões; o módulo de serviço, onde ficavam os motores, geradores eléctricos, equipamentos de sobrevivência dos tripulantes, etc; e o módulo lunar, que levava os astronautas à superfície da Lua.
Se o espaço no módulo de comando já era pequeno, no módulo lunar era menor ainda. Nele não havia assentos, os dois astronautas que desciam na Lua tinham espaço suficiente apenas para permanecer em pé. O módulo lunar por sua vez era constituído de duas partes: a superior com a cápsula de permanência dos astronautas e a inferior, que servia de plataforma de lançamento quando do retorno dos astronautas aos módulos de comando e de serviço, que ficavam em órbita da Lua.

AS MISSÕES APOLLO

O projecto Apollo começou de maneira trágica. Em 27 de Janeiro de 1967, quando os astronautas da Apollo 1 testavam os equipamentos do módulo de comando, uma faísca provocaram um incêndio. O interior da cápsula estava cheio de oxigénio puro, que é altamente inflamável, fazendo com que o fogo se espalhasse violentamente. Os três não conseguiram escapar.
Lançada em 21 de Dezembro de 1968 a Apollo 8 foi a primeira nave tripulada a sair da gravidade da Terra, entrando em órbita lunar em 24 de Dezembro. Durante as dez voltas que deu em torno da Lua seus tripulantes observaram possíveis futuros locais de pouso. Nunca o ser humano havia estado tão longe. Faltavam agora apenas os testes com o módulo lunar antes de pisarmos na Lua.
A Apollo 9 testou manobras de separação e acoplamento na órbita da Terra, enquanto que a Apollo 10 completou os testes necessários para a descida do homem na Lua. O módulo de comando desta última ficou em órbita de nosso satélite, enquanto dois de seu tripulantes, no módulo lunar, desciam a apenas 15 km da superfície da Lua.
Em 20 de Julho de 1969, presenciávamos uma das cenas mais emocionantes proporcionadas pela ciência em todos os tempos. Em todo o mundo cerca de um bilhão de pessoas assistiram pela televisão ao pouso do módulo lunar da Apollo 11, baptizado de "eagle", no solo de nosso satélite. Duas horas após o pouso, Neil Armstrong saiu da nave e entrou para a história como o primeiro homem a pisar na Lua, sendo logo seguido por seu companheiro Edwin Aldrin. Os dois passaram 22 horas na Lua, sendo dessas, 2 horas e 40 minutos fora da nave.
A primeira pedra nas proximidades de nossa ilha foi assim conquistada.

O HOMEM NA LUA

A Lua sempre atraiu a atenção do homem, e este interesse ficou registado na poesia, na literatura e na ficção científica. Há duzentos anos, em uma famosa obra de ficção intitulada "De la Terre à la Lune" (1865), Júlio Verne escreve sobre um grupo de homens que viajou até a Lua usando um gigantesco canhão. Na França, Georges Melies foi um dos pioneiros do cinema, e em seu filme "Le voyage dans la Lune" (1902) acabou criando um dos primeiros filmes de ficção científica em que descrevia uma incrível viagem à Lua.
Com a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, os EUA e a URSS capturaram a maioria dos engenheiros que trabalharam no desenvolvimento do foguete V-2.
Particularmente importante para os EUA foi a captura de Wernher von Braun, um dos principais projectistas alemães, que participou activamente do programa de mísseis balísticos dos EUA e depois dos primeiros passos do programa espacial estadunidense (tendo sido, inclusive, o líder da equipe que projectou o lançador Saturno V que levou as naves Apollo para a Lua).
Historicamente, a exploração espacial começou com o lançamento do satélite artificial Sputnik pela URSS a 4 de Outubro de 1957, no Cosmódromo de Baikonur (base de lançamento de foguetes da URSS), em Tyuratam, no Cazaquistão. Este acontecimento provocou uma corrida espacial pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA que culminou com a chegada do homem à Lua.

O lançamento da Sputnik e a colocação do primeiro homem no espaço devem-se, em grande parte, ao talento do engenheiro soviético Sergei Korolev, o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, que conseguiu convencer Nikita Khrushchov, na época o líder da URSS, a investir no programa espacial. Foi ele quem primeiro teve a ideia de levar (realmente) homens à Lua.
Quatro meses após o lançamento da Sputnik I, os EUA responderam com seu primeiro satélite, o Explorer I, em 31 de Janeiro de 1958.
O número de satélites artificiais terrestres e sondas espaciais lançados pelos EUA e pela URSS multiplicaram-se nos primeiros anos da corrida espacial. Aos Sputniks da URSS seguiram-se, além do Explorer I, as Vanguard I, II e III dos EUA, e uma grande quantidade de satélites de comunicação, meteorológicos e espiões. Por volta da metade da década de 1960 ambos, EUA e URSS, haviam lançado tantos satélites que se tornaria inconveniente indicá-los a todos num artigo generalista como este. Além das Sputniks, os soviéticos haviam lançado 12 satélites da série Cosmos, e os EUA haviam lançado 16 satélites Explorers e mais 38 satélites de reconhecimento Discoverer, só para citar alguns.

Os feitos iniciais da URSS na corrida espacial, que incluem o primeiro satélite artificial - o Sputnik - e o primeiro homem no espaço - Yuri Gagarin, desafiaram os EUA, cujo programa espacial ainda dava os primeiros passos - o primeiro estadunidense iria ao espaço só em 5 de Maio de 1961, mesmo assim apenas em um voo sub-orbital.
Em Julho de 1958 é criada a agência espacial dos EUA, a Nasa, responsável por coordenar todo o esforço estadunidense de exploração espacial e administrar o programa espacial dos EUA.
Muito do atraso inicial do programa espacial dos EUA pode ser atribuído a um erro estratégico de investir inicialmente nos lançadores Vanguard, mais complexos e menos confiáveis que os lançadores Redstone (baseados nas antigas V2 alemãs). Isto acarretou que a capacidade de lançamento estadunidense era de 5 kg no momento em que a Sputnik I, de 84 kg mas com capacidade de 500 kg, foi recém lançada pela URSS.
No famoso discurso na Universidade Rice suas palavras foram: We choose to go to the moon. We choose to go to the moon in this decade and do the other things, not because they are easy, but because they are hard ("Nós decidimos ir a Lua. Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis").
A partir de então, os EUA colocaram em marcha um ambicioso programa espacial tripulado que iniciou com o Projecto Mercury, que usava uma cápsula com capacidade para um astronauta em manobras em órbita terrestre, seguido pelo Projeto Gemini com capacidade para dois astronautas, e finalmente o Projeto Apollo, cuja espaço na nave tinha capacidade de levar três astronautas e pousar na Lua.
Os primeiros astronautas a circum-navegar a Lua foram os tripulantes da Apollo 8, Frank Borman, James A. Lovell, Jr. e William A. Anders, na noite de Natal de 1968.
Por problemas em suas missões Zond (que usavam a nave Soyuz modificada para circum-navegação da Lua), os soviéticos não foram capazes de levar homens à órbita da Lua antes dos EUA, e nunca mais o fariam. Apenas missões Zond não tripuladas, Zond 5 e Zond 6, o fizeram em Setembro e Novembro de 1968. Após isto, ainda houve as missões não tripuladas Zond 7 e Zond 8 que circum-navegaram a Lua em 1969 e 1970, já após os bem sucedidos vôos tripulados dos EUA para a Lua.
Os EUA foram bem sucedidos em seu objectivo de alcançar a Lua antes da URSS, em 1969, com a missão Apollo 11. Para atingir este objectivo, o Projecto Apollo envolveu um fantástico esforço de US$ 20 bilhões, 20 mil companhias que desenvolveram/fabricaram componentes e peças, e 300 mil trabalhadores.

O PRIMEIRO HOMEM NA LUA

A missão Apollo 11 pousou na superfície lunar em 20 de Julho de 1969, em um local chamado "Sea of Tranquility" (Mar da Tranquilidade). Neil Armstrong e Edwin Aldrin tornaram-se os primeiros homens a caminhar no solo lunar.
Depois da Apollo 11, outras seis missões Apollo foram lançadas, sendo que cinco delas pousaram na Lua (no total de doze astronautas que caminharam na Lua).
Ficou famosa a frase do primeiro astronauta a pisar na Lua, Neil Armstrong: "Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade".
Neil Alden Armstrong nasceu a 5 de Agosto de 1930, astronauta dos Estados Unidos, piloto de testes e aviador naval que escreveu seu nome na história do século XX e da Humanidade ao ser o primeiro homem a pisar na Lua, como comandante da missão Apollo 11, em 20 de Julho de 1969.

Nascido no estado norte-americano de Ohio, antes de se tornar astronauta Neil Armstrong foi aviador da Marinha, tendo combatido na Guerra da Coreia como piloto de caça. Após a guerra, ele retornou aos Estados Unidos e se tornou piloto de testes de empresas fabricantes de aviões, testando mais de 900 tipos de aeronaves diferentes durante a década de 1950, incluindo o famoso X-15, o primeiro avião do mundo a voar na estratosfera terrestre.
Armstrong interessou-se pela NASA cinco ou seis meses depois da abertura das inscrições para a formação de um novo grupo de astronautas, em 1962, e foi escolhido para o chamado Grupo dos Nove, denominação decorrente do modo como eram conhecidos os primeiros astronautas norte-americanos seleccionados em 1960 para o Projeto Mercury, o Grupo dos Sete, tornando-se o primeiro astronauta norte-americano civil.
Os primeiros dois anos de Armstrong e do novo grupo na NASA foram dedicados ao treinamento e ao acompanhamento da fabricação dos motores, foguetes e espaço-nave que se destinariam aos projectos Gemini e Apollo. Em Março de 1966, ele realizou seu primeiro voo ao espaço como comandante da Gemini VIII, em companhia do astronauta David Scott, que anos depois comandaria a Apollo 15 e também pousaria na Lua. A missão, problemática, era a junção no espaço com um foguete Agena não-tripulado, como teste para as futuras missões Apollo, em que a nave de comando precisaria se conectar e se separar do Módulo Lunar. Problemas de estabilidade no foguete, que começou a rodar sem controle sobre si mesmo após o engate das duas espaço-naves, causaram o aborto e o encerramento mais rápido da missão.
Após esta primeira missão, Armstrong, a mulher dele e um grupo de astronautas e dirigentes da NASA acompanharam o Presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson numa viagem de relações públicas pela América do Sul, visitando 11 países e 14 cidades, com Armstrong impressionando por fazer suas saudações aos povos visitados na língua local. No Brasil, ele chegou a falar sobre sua admiração pelos pioneiros experimentos de Alberto Santos Dumont.

O primeiro passo na Lua

Em Dezembro de 1968, Donald Slayton, antigo astronauta do Projeto Mercury e então Chefe do Comité de selecção de astronautas do Projecto Apollo, ofereceu a Armstrong o comando da Apollo 11, a missão que desceria primeiro na Lua. Esta escolha surgiu de uma reunião semanas antes, entre os principais directores do programa Apollo, que decidiram que Armstrong seria o primeiro na Lua por causa de seu perfil parecido com o grande herói americano Charles Lindbergh, um homem de características discretas e essencialmente técnicas, sem grandes egos.

Camera de TV externa do ML Eagle
mostra Neil Armstrong pisando
pela primeira vez a Lua

O astronauta Buzz Aldrin fincando
a bandeira dos Estados Unidos.
Fotografia de Neil Armstrong
urante a missão Apollo 11

"Buzz" Aldrin ao lado do Módulo Lunar - Apollo 11

Famosa frase de Neil Armstrong ao pisar na Lua

Ficou famosa a frase do primeiro astronauta a pisar na Lua, Neil Armstrong: "Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade".
Foi a sua frase épica, ao pisar pela primeira vez na superfície lunar, é uma das mais conhecidas na história, mas só veio à cabeça de Neil poucos momentos antes de descer da nave, já pousado na Lua.

Além dos importantes experimentos científicos que ali fizeram, ele e o piloto do ML, Aldrin, fincaram na Base da Tranquilidade uma bandeira metálica dos Estados Unidos e colocaram uma placa junto à perna do Módulo Lunar Eagle, assinada pelos astronautas e pelo presidente americano Richard Nixon: "Aqui os homens do planeta Terra puseram pela primeira os pés na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz em nome de toda a humanidade".
Após a volta da Lua e um período de 21 dias de quarentena na Terra, Armstrong e a tripulação da Apollo 11 fizeram uma torne mundial por dezenas de países, sendo recebidos em triunfo, das trincheiras dos soldados americanos no Vietname à União Soviética, onde foi recebido pelo Alexei Kossygin, conheceu a primeira mulher a ir ao espaço Valentina Tereshkova e foi o primeiro ocidental a visitar o Centro de Treinamento de Cosmonautas Yuri Gagarin, no cosmódromo de Baikonur, Cidade das Estrelas, até então um dos locais mais secretos da antiga União Soviética.
Depois de anunciar que não mais iria ao espaço após a saga da Apollo 11, Neil Armstrong retirou-se da NASA em fins de 1971 e tornou-se professor de engenharia na Universidade de Cincinnati, rejeitando ofertas milionárias de grandes empresas para trabalhar como relações públicas ou em cargos de directoria, assim como a oferta de todos os partidos políticos que desejavam tê-lo como candidato a qualquer coisa, (ao contrário dos ex-astronautas John Glenn e Harrison Schmitt que entraram na política e se elegeram senadores).
Desde então, e depois de ter casado pela segunda vez, Neil Armstrong passou a levar uma vida discreta, aparecendo somente em solenidades do governo americano relativas a tecnologia espacial e em palestras sobre o passado e o futuro da conquista do espaço.

Existe uma pequena cratera na Lua, perto do local onde aterrou a Apollo 11, chamada Armstrong em sua homenagem.
Neil Armstrong, quando jovem, foi escoteiro. Em homenagem ao escutismo, ele levou para a Lua o brasão símbolo da Organização Mundial do Movimento Escoteiro, que está lá até hoje ao lado da bandeira dos EUA.

Ano 2000 - Neil Alden Armstrong

Em Outubro de 1978, recebeu do Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, a Medalha de Honra Espacial do Congresso, criada em 1969 para premiar astronautas responsáveis por feitos excepcionais para a nação e a Humanidade, a maior honraria civil outorgada a um astronauta pelo governo norte-americano. Ele foi o primeiro a recebê-la.

(Registado aqui - Ano de 2008)


O Muro de Berlim - "Berliner Mauer" (24)

O Muro de Berlim foi uma barreira física, construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético.

Berlim fora conquistada pelo Exército Vermelho em maio de 1945. De comum acordo, acertado pelo tratado de Yalta e confirmado pelo de Potsdam, entre 1944-45, não importando quem colocasse a bota ou a lagarta do tanque em primeiro na capital do III Reich, comprometia-se a dividi-la com os demais aliados.
Desta maneira, apesar dos soviéticos tomarem antes a cidade, e também um expressivo território ao seu redor, tiveram que ceder o lado ocidental dela para os três outros membros da Grande Aliança, vitoriosa em 1945. Assim Berlim viu-se administrada, a partir de 8 de Maio de 1945, em quatro sectores: o russo, maioritário, o americano, o inglês e o francês.
Com o azedar da relação entre os vencedores, em 1948 as quatro zonas reduziram-se a duas: a soviética e a ocidental. Em seguida, Stalin decidiu-se por um bloqueio total contra a cidade em represália ao Plano Marshall, que visava promover o reerguendo económico da Europa destroçada pela guerra.
Todas as estradas de rodagem e de ferro que ligavam Berlim com a Alemanha Ocidental foram então fechadas pelos soviéticos, na tentativa de fazer com que os aliados ocidentais desistissem da sua parte na cidade. Ou saíam ou os berlinenses morreriam de fome e frio.
A população de Berlim, ex-capital do Reich alemão, com mais de três milhões de pessoas, padeceu uma experiência ímpar na história moderna: viu a cidade ser dividida por um imenso muro. Situação de verdadeira esquizofrenia geopolítica que cortou-a em duas partes, cada uma delas governada por regimes políticos ideologicamente inimigos.

Mapa da Divisão da cidade de Berlim (1945)

Abominação provocada pela guerra fria, a grosseira parede foi durante anos o símbolo da rivalidade entre Leste e Oeste, e, também, um atestado do fracasso do socialismo real em manter-se como um sistema atraente para a maioria da população alemã.
Construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de o atravessar.

O muro já em contrução (1961)

Os planos da construção do muro eram um segredo do governo da RDA. Poucas semanas antes da construção, Walter Ulbricht, líder da RDA na época, respondeu assim à pergunta de uma jornalista da Alemanha Ocidental:
"Vou interpretar a sua pergunta da maneira que na Alemanha Ocidental existem pessoas que desejam que nós mobilizemos os trabalhadores da capital da RDA para construir um muro. Eu não sei nada sobre tais planos, sei que os trabalhadores na capital estão ocupados principalmente com a construção de apartamentos e que suas capacidades são inteiramente utilizadas. Ninguém tem a intenção de construir um muro!"
Assim, Walter Ulbricht foi o primeiro político a referir-se a um muro, dois meses antes da sua construção.
Os governos ocidentais tinham recebido informações sobre planos drásticos, parcialmente por pessoas de conexão, parcialmente pelos serviços secretos. Sabia-se que Walter Ulbricht havia pedido a Nikita Khrushchov, numa conferência dos Estados do Pacto de Varsóvia, a permissão de bloquear as fronteiras a Berlim Ocidental, incluindo a interrupção de todas as linhas de transporte público.
Depois desta conferência, anunciou-se que os membros do Pacto de Varsóvia intentassem inibir os actos de perturbação na fronteira de Berlim Ocidental, e que propusessem implementar um guarda e controle efectivo.
No dia 11 de Agosto de 1963, a Volkskammer confirmou os resultados desta conferência, autorizando o conselho dos ministros a tomar as medidas necessárias. O conselho dos ministros decidiu dia seguinte 12 de Agosto, usar as forças armadas para ocupar a fronteira e instalar gradeamentos fronteiriços.
Na madrugada do dia 13 de Agosto de 1961, as forças armadas bloquearam as conexões de trânsito a Berlim Ocidental. Eram apoiadas por forças soviéticas, preparadas à luta, nos pontos fronteiriços para os sectores ocidentais. Todas as conexões de trânsito ficaram interrompidas no processo (mas, poucos meses depois, linhas metropolitanas passavam pelos túneis orientais, mas não servindo mais as estações fantasma situadas no oriente).

Bem cedo ainda da manhã do dia 13 de Agosto de 1961, a população de Berlim, próxima à linha que separava a cidade em duas partes, foi despertada por barulhos estranhos e exagerados. Ao abrirem suas janelas, depararam-se com um inusitado movimento nas ruas a sua frente.
Vários Vopos, os milicianos da RDA (República Democrática da Alemanha), a Alemanha comunista, com seus uniformes verde-ruço, acompanhados por patrulhas armadas, estendiam de um poste a outro um interminável arame farpado que alongou-se, nos meses seguintes, por 37 quilómetros dentro da zona residencial da cidade. Enquanto isso, atrás deles, trabalhadores desembarcavam dos caminhões descarregando tijolos, blocos de concreto e sacos de cimento. Ao tempo em que algum deles feriam o duro solo com picaretas e britadeiras, outros começavam a preparar a argamassa. Assim, do nada, começou a brotar um muro, o pavoroso Mauer, como o chamavam os alemães.
Até o ano de 1961, os cidadãos berlinenses podiam passar livremente de um lado para o outro da cidade. Porém, a partir desse Agosto de 1961, com o aceiramento da Guerra Fria e com a grande migração de berlinenses do lado oriental para o ocidental, o governo da Alemanha Oriental resolveu então construir um muro dividindo os dois sectores. Decretou também leis proibindo a passagem das pessoas para o sector ocidental da cidade.
O muro, que começou então a ser construído, não respeitou casas, prédios ou ruas. Policiais e soldados da Alemanha Oriental impediam e até mesmo matavam quem tentasse ultrapassar o muro. Muitas famílias foram separadas da noite para o dia. O muro chegou a ser reforçado por quatro vezes. Possuía cercas eléctricas e valas para dificultar a passagem. Havia cerca de 300 torres de vigilância com soldados preparados para atirar.

Reacções da Alemanha ocidental

Ainda no mesmo dia, o chanceler da Alemanha ocidental, Konrad Adenauer, dirigiu-se à população pelo rádio, pedindo calma e anunciando reações ainda não definidas a serem implementadas junto com os aliados. Adenauer tinha visitado Berlim havia apenas duas semanas. O Prefeito de Berlim, Willy Brandt, protestou energicamente contra a construção do muro e a divisão da cidade, mas sem sucesso. No dia 16 de Agosto de 1961 houve uma grande manifestação com 300.000 participantes em frente do Schöneberger Rathaus, em Berlim Ocidental, para protestar contra o muro. Brandt participou nessa manifestação. Ainda em 1961, fundou-se em Salzgitter a Zentrale Erfassungsstelle der Landesjustizverwaltungen a fim de documentar violações dos direitos humanos no território da Alemanha Oriental.

Reações dos aliados

As reacções dos Aliados ocidentais vieram com grande demora. Vinte horas depois do começo da construção do muro apareceram as primeiras patrulhas ocidentais na fronteira. Demorou 40 horas para reservar todos os direitos em Berlim ocidental em frente do comandante soviético de Berlim Oriental. Demorou até 72 horas para o protesto ser oficial em Moscovo.
Por causa desses atrasos sempre circulavam rumores que a União Soviética havia declarado aos aliados ocidentais de não afectar seus direitos em Berlim ocidental. Seguindo as experiências no Bloqueio de Berlim, os Aliados sempre consideravam Berlim ocidental em perigo, e a construção do muro manifestou esta situação. Foram 28 longos anos, de 1961 a 1989, a cidade de Berlim dividida, uma vergonha para o mundo
.

Nos 28 anos da existência do Muro morreram muitas pessoas. Não existem números exactos e há indicações muito contraditórias, porque a RDA sistematicamente impedia todas as informações sobre incidentes fronteiriços. No dia 17 de Agosto de 1962, Peter Fechter de sangrou no chamado corredor da morte, à vista de jornalistas ocidentais, sendo a primeira vitima. A segunda vítima foi Günter Litfin que foi baleado pela polícia dia 24 de Agosto de 1961 ao tentar escapar perto da estação Friedrichstraße. Em1966, foram mortas duas crianças de 10 e 13 anos. O último incidente fatal ocorreu no dia 8 de Março de 1989, oito meses antes da queda, quando Winfried Freudenberg, de 32 anos, morreu na queda de seu balão de gás de fabricação caseira no bairro de Zehlendorf, quando tentava transpor o muro.
Estima-se que na RDA 75.000 pessoas foram acusadas de serem desertores da república. Desertar da república era um crime que, segundo o artigo §213 do código penal da RDA, era punido com até 2 anos de prisão. Pessoas armadas, membros das forças armadas ou pessoas que carregavam segredos nacionais eram mais severamente punidas, se considerado culpado de escape da república, por pelo menos 5 anos de prisão.
Também houve guardas fronteiriços que morreram por causa de incidentes violentos no muro. A vítima mais conhecida era Reinhold Huhn, que foi assassinado por um Fluchthelfer (pessoas que ajudavam cidadãos do Leste a passar a fronteira, ilegalmente). Estes tipos de incidentes eram utilizados pela RDA para a sua propaganda, e para posteriormente justificar a construção do muro de Berlim.
Em 9 de Novembro de 1989, com a crise do sistema socialista no leste da Europa e o fim deste sistema na Alemanha Oriental, ocorreu a queda do muro. Cidadãos da Alemanha foram para as ruas comemorar o momento histórico e ajudaram a derrubar o muro. O acto simbólico representou também o fim da Guerra Fria e o primeiro passo na reintegração da duas Alemanhas.

Trabalhos da contrução do Muro (1961)

O Muro de Berlim começou a ser derrubado na noite de 9 de Novembro de 1989 depois de 28 anos de existência. O evento é conhecido como a "Queda do muro". Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, se pedia a liberdade de viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.

No dia da "Queda do Muro de Berlim" o povo em festa (1989)

O impulso decisivo para a queda do muro foi um mal-entendido entre o governo da RDA. Na tarde do dia 9 de Novembro houve uma conferência de imprensa, transmitida ao vivo pela televisão da Alemanha Oriental. Günter Schabowski, membro do Politburo do SED, anunciou uma decisão do conselho dos ministros de abolir imediatamente e completamente as restrições de viagens ao Oeste. Esta decisão deveria ser publicada só no dia seguinte, para anteriormente informar todas as agências governamentais. Pouco depois deste anúncio houve notícias sobre a abertura do Muro na rádio e televisão ocidental.
Milhares de pessoas marcharam aos postos fronteiriços e pediram a abertura da fronteira. Nesta altura, nem as unidades militares, nem as unidades de controlo de passaportes haviam sido instruídas. Por causa da força da multidão, e porque os guardas da fronteira não sabiam o que fazer, a fronteira abriu-se no posto de Bornholmer Strabe, às 23 h, mais tarde em outras partes do centro de Berlim, e na fronteira ocidental. Muitas pessoas viram a abertura da fronteira na televisão e pouco depois marcharam à fronteira. Como muitas pessoas já dormiam quando a fronteira se abriu, na manhã do dia 10 de Novembro havia grandes multidões de pessoas querendo passar pela fronteira.
Os cidadãos da RDA foram recebidos com grande euforia em Berlim Ocidental. Muitas boatos perto do Muro espontaneamente serviram cerveja gratuita, houve uma grande celebração na Rua Kurfürstendamm, e pessoas que nunca se tinham visto antes cumprimentavam-se. Cidadãos de Berlim Ocidental subiram o muro e passaram para as Portas de Brandenburgo, que até então não eram acessíveis aos ocidentais. O Bundestag interrompeu as discussões sobre o orçamento, e os deputados espontaneamente cantaram o hino nacional da Alemanha.

Processos pelas mortes do muro

Com a "Queda do Muro de Berlim" e já com a reunificação da Alemanha Ocidental e Oriental, foi levado em frente um longo processo judicial que ficou conhecido por Schießbefehl para punir os responsáveis das leis e quem atirou em todas as pessoas que tentaram cruzar o Muro entre 1961 e 1989, processo que demorou até Outono de 2004. Entre os responsáveis acusados, estavam o presidente do Conselho de Estado, Erich Honecker, o sucessor dele, Egon Krenz e os membros do Conselho Nacional de Defesa Erich Mielke, Willi Stoph, Heinz Keßler, Fritz Streletz e Hans Albrecht e ainda o presidente regional do partido SED em Suhl. Além disso, foram acusados alguns generais, como o chefe das forças fronteiriças, Klaus-Dieter Baumgarten e vários soldados que eram parte do Exército Popular Nacional (NVA) ou das forças fronteiriças da RDA.
Como resultado dos processos, 11 dos acusados foram condenados à prisão, 44 foram condenados a uma pena, que foi suspensa condicionalmente, 35 acusados foram absolvidos. Entre estes, Albrecht, Streletz e Keßler foram condenados a vários anos de prisão. O último processo acabou dia 9 de Novembro de 2004, exactamente 15 anos depois da derrubada do Muro, com uma sentença condenatória.

Memoral em memórias das vitimas do Muro (1999)

(Registado aqui - Ano de 2008)


A História do Dia dos Finados (25)

O Dia de Finados é o dia da celebração da vida eterna das pessoas queridas que já faleceram. É o Dia do Amor, porque amar é sentir que o outro não morrerá nunca.
Desde o século I os cristãos rezam pelos falecidos; costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio.
No século IV já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. Desde o século V a Igreja dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava.
Desde o século XI, os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos. Desde o século XIII, que o Dia dos fiéis defuntos é comemorado no dia 2 de Novembro, porque no dia 1º de Novembro é a festa de "Todos os Santos".
O Dia dos finados é movido pelas saudades dos parentes ou pessoas conhecidas falecidas, se faz nesse dia visita os cemitérios e até mesmo se enfeitam os túmulos de pessoas saudosas para as pessoas. Procedendo-se rezando-se pelos mortos e acendendo velas em favor das almas dos que partiram.

Alguns apontamentos

Segundo a religião católica, a manifestação religiosa no Dia dos Finados, representa a salvação para a maioria dos mortos que estão no purgatório, para assim saírem mais depressa desse lugar, por isso, as campas são enfeitadas com flores, acendem-se velas, rezam-se orações. Crêem os católicos que quando a pessoa morre, sua alma comparece diante do arcanjo São Miguel, que pesa em sua balança as virtudes e os pecados feitos em vida pela pessoa. Quando a pessoa não praticou más acções, seu espírito vai imediatamente para o céu, onde não há dor, apenas paz e amor. Quando as más acções que a pessoa cometeu é erros pequenos, a alma vai se purificar no purgatório.
Os espíritas crêem na reencarnação. Reencarnam repetidamente até se tornarem espíritos puros. Não crêem na ressurreição dos mortos. Os hinduístas crêem na transmigração das almas, que é a mesma doutrina da reencarnação. Só que os ensinam que o ser humano pode regredir noutra existência e assim voltar a este mundo como um animal ou até mesmo como um insecto, carrapato, piolho, barata, como um tigre, como uma cobra, etc., os budistas crêem no Nirvana, que é um tipo de aniquilamento.
As testemunhas de Jeová crêem no aniquilamento. Morreu a pessoa está aniquilada. Simplesmente deixou de existir. Existem 3 classes de pessoas: os ímpios, os injustos e os justos. No caso dos ímpios não ressuscitam mais. Os injustos são todos os que morreram desde Adão. Irão ressuscitar 20 bilhões de mortos para terem uma nova oportunidade de salvação durante o milénio. Se passarem pela última prova, poderão viver para sempre na terra. Dentre os justos, duas classes: os ungidos que irão para o céu, 144 mil. Os demais viverão para sempre na terra se passarem pela última prova depois de mil anos. Caso não passem serão aniquilados.
Os adventistas crêem no sono da alma. Morreu o homem, a alma ou o espírito, que para eles é apenas o ar que a pessoa respira, esse ar retorna à atmosfera. A pessoa dorme na sepultura inconsciente.
Jesus ensinou em Jo 5.28,29 que todos os mortos ressuscitarão. Só que haverá dois tipos de ressurreição; para a vida, que ocorrerá mil anos antes da ressurreição do Juízo Final. A primeira ressurreição se dará por ocasião da segunda vinda de Cristo, no arrebatamento. (1 Ts 4.16,17; 1 Co 15.51-53). E a ressurreição do Juízo Final como se lê em Apocalipse 20.11-15.

A celebração dos Finados em Loriga

O Dia dos Finados é por todo o lado celebrado com muita recordação dos ente queridos que já partiram desta terra dos vivos. Loriga não foge à regra onde este dia é também conhecido pelo Dia de Todos os Santos.
As sepulturas no cemitério são arranjadas com muito carinho, com flores, velas, lampiões, lamparinas, num cenário de verdadeira fé e pesar, com as pessoas junto das campas dos seus familiares, recolhidas numa verdadeira manifestação de saudade, respeito e sentida dor.
Nesta data dedicada aos "Finados", tradicionalmente, deslocam-se a Loriga muitas pessoas que estão longe, para assim também desta forma e junto das campas dos seus ente queridos, se unirem no espírito de saudade e recordação.
Neste dia do culto dedicado aos defuntos, por hábito, as pessoas deslocam-se à Igreja Matriz, juntando-se em Procissão, que o Pároco faz muito perto do final do dia, véspera do dia 1 de Novembro, numa romagem de saudade ao cemitério local, que se enche de gente, chorando os seus familiares mortos, unindo o passado e futuro num só presente.
No dia 1 de Novembro e durante todo o dia, as famílias e amigos, voltam novamente até ao cemitério, visitando de novo as campas dos entes queridos, no mesmo sentimento de saudade e de recordação.

Cemitério de Loriga - Dia dos Finados

(Registado aqui - Ano de 2009)


Registo da Resenha História
De um Clube Português
no Estrangeiro (26)

Grupo Desportivo "Os Dezassete" hoje Clube Português de Wahlstedt

Introdução

Num extracto de pensamentos, ocorre-me registar a história de um dos muitos dos grupos portugueses espalhados pelo mundo, pelo simples facto de eu ter sido (em certa maneira) um dos seus fundadores, por isso mais relacionado para nele falar, por se tratar acima de tudo de uma presença bem viva da cultura e da identidade portuguesa nesta cidade de Wahlstedt onde está sediado.

I - Comunidade Portuguesa em Wahlstedt

A emigração portuguesa para a Alemanha, começou a ser uma realidade em meadas da década de 60 do século passado. Foi em 17 de Março de 1964 que os governos de Portugal e da Alemanha assinaram o "Acordo Relativo ao Recrutamento e Colocação de Portugueses na República Federal da Alemanha" começando a partir de então a verificar-se a chegada à Alemanha de portugueses, se bem que em princípio a saída dos portugueses de Portugal, estava ainda sujeita e a um certo condicionalismo e não destinada a toda a população em geral.
Com a Guerra do Ultramar bastante activa, a proibição de saída do Portugal a indivíduos de mais de 16 anos de idade era um facto a ter em conta. Só era permitido a saída do país a pessoas com o serviço militar já cumprido, a indivíduos de profissões não classificadas e às pessoas com idades a rondar os 30 anos.
O registo dos primeiros portugueses a chegarem aqui à pequena cidade de Wahlstedt, situada no norte da Alemanha verificou-se no ano de 1965, na altura a força trabalhadora estrangeira nesta cidade era italiana e espanhola. Esses primeiros portugueses vieram com o destino de trabalho para a firma de vidro "GlasWerk" uma filial da poderosa empresa Veba-Glas que tinha a sua sede em Essen. Esta filial em Wahlstedt estava em verdadeira expansão, por isso a necessidade de mão-de-obra estrangeira, não sendo de estranhar que nos anos seguintes fossem chegando cada vez mais portugueses a esta cidade, sendo de relevância o período de 1970 até 73, com o registo de chegadas dos portugueses em grande número, que veio superar em muito todas as outras comunidades estrangeiras existentes já nesta cidade de Wahlstedt.

Esta situação foi-se mantendo depois com a vinda das famílias e assim durante muitos anos a comunidade portuguesa em Wahlstedt chegou a atingir números para além das três centenas de pessoas, que por estranho que pareça ainda agora (2001) a comunidade portuguesa continua a ser a maior da chamada geração da emigração como força de trabalho. Os portugueses aqui chegados oriundos das mais variadas zonas de Portugal, tinham sempre presente as suas regiões e seus usos e costumes, tudo isso enraizado no espírito da cultura portuguesa.
Alguns num espírito mais aberto e de iniciativa, tinham no pensamento a ideia do associativismo, no objectivo de uma união no mesmo ideal de manter bem presente a cultura portuguesa. Houve logo em alguns a ideia de criar um Centro português, a exemplo do que já se registava em Hamburgo, onde já existia uma Associação Portuguesa, a primeira a ser fundada na Europa e que para todos era já uma referência.
Decorria então o ano de 1971, na altura nesta cidade de Wahlstedt, as maiores comunidades eram os portugueses e espanhóis, que conviviam praticamente de "braço dado". Nesse prisma, uniram esforços e resolveram então criar um Centro misto português e espanhol, dando-se assim à fundação do Centro Cultural de Wahlstedt de Portugueses e Espanhois.
Este Centro começou a dar os primeiros passos, com muitos dos portugueses e espanhóis a aderirem com entusiasmo ao projecto e pouco depois havia já um considerado número de sócios inscritos, onde entretanto, foi aprovada a quotização mensal de 5,00 DM e a nomeação de um órgão directivo composta por portugueses e espanhóis.
Quando tudo parecia correr bem, começam a surgir os obstáculos, primeiro com a dificuldade de conseguirem arranjar instalações adequadas para instalar a respectiva sede. Depois a dificuldade por parte dos consulados de Portugal e de Espanha, no total reconhecimento deste Centro misto, pelo facto de ser misto e não se enquadrar na norma associativa dos dois países.

Mesmo sem conseguirem uma sede própria e com os associados a cumprirem com os seus deveres de quotização, ficou na memória algumas festas efectuadas algumas de certa projecção, nomeadamente, na passagem do ano de 1974, que ficou a ser recordada por muito tempo, que apesar de nela estarem presentes os representantes consulares de Portugal e da Espanha, foi na verdade o principio do fim do Centro Cultural de Wahlstedt de Portugueses e Espanhois.

Foi nesse ano de 1974 mais precisamente em Setembro, que eu cheguei a Wahlstedt, ao ter conhecimento da existência de um Centro português e espanhol, nunca cheguei a compreender muito bem o que levou as pessoas a criar uma associação nesse formato. Logo após a minha chegada e ao ter conhecimento do entusiasmo que foi, quando da fundação do Centro dois ou três anos atrás, certo de logo me aperceber de uma certa descrença entre os associados portugueses e espanhóis em relação aos moldes como o Centro ia sendo gerido. A falta de instalações parecia ser um dos motivos principais, mas também um dos motivos relevantes era a notória falta de motivação para levar em frente o projecto idealizado.
Essa euforia do entusiasmo que chegou a existir, deixou de ter força e lugar, porque nos primeiros meses do ano de 1975, começou a ter forma a conclusão, de que o projecto estava definitivamente comprometido, deixando mesmo de ter "pernas para andar" por isso a todo o momento ser inevitável a sua extinção, o que veio a acontecer nesse mesmo ano de 1975, quando deixou de ter organização, que por estranho que pareça e perante a evidência, nunca foi oficialmente extinto, como devia ter sido feito, situação que nunca foi bem esclarecida.
A não dissolução do Centro como devia ter sido feito, agravado de a direcção em funções não ter resolvido os assuntos inerentes e da sua responsabilidade, ficou depositado numa agência bancária da cidade uma razoável quantia monetária, dinheiro que ali se manteve durante largos anos, só sendo resolvido essa situação na década de 1990 e por iniciativa do Clube Português de Wahlstedt na altura já assim designado.

Apesar da sua extinção e existindo durante apenas 3 a 4 anos, na verdade muito pouco tempo, a este Centro se ficou a dever a colocação da escola portuguesa nesta cidade de Wahlstedt, onde entretanto começava a despontar uma segunda geração, escola que ainda hoje (2001) continua a funcionar.

II - Nascimento do associativismo português em Wahlstedt

Em 1975 a comunidade portuguesa na cidade de Wahlstedt, crescia a olhos vistos, em alguns portugueses tinha ficado a frustração a nível do associativismo, ao ter-se extinto o Centro, pareceu ficar em alguns a ideia de se possível formar algo, tendo no pensamento também os dinheiros, entretanto, ainda existentes do Centro extinto que se encontravam depositados numa agência bancária da cidade.
Assim sendo, nos anos de 1975 e 76, alguns portugueses começaram a reunir-se em Bares da cidade, onde jogavam à sueca e pelo meio algumas conversas de enquadramento associativismo e o pensamento de iniciativas que se pudessem por em prática.
Nessa altura eu próprio comecei também a fazer parte desse reduzido grupo, não como efectivo, mas apenas presente uma ou outra vez, que no entanto, era já bem visível a ideia de andar para a frente a nível comunitário. Nessa ideia, alguns dos que ali se encontravam diariamente resolveram fazer ali naquele Bar um encontro mais alargado com outros portugueses, tendo para o efeito sido efectuado convites verbais, no entanto, por motivos diversos apenas ali nos reunimos nesse dia 6 ou 7 no total, encontro esse ocorrido num belo dia de sol.
Numa das mesas desse bar ali estava-mos então reunidos esses poucos portugueses, dando continuidade a outros encontros anteriores ali efectuados, foi definido o objectivo de reunir mais colegas e no alargamento do grupo de jogar as cartas para passatempo dos tempos livres e de convívio. Assim nessa finalidade em vista, foi a ideia deste encontro ali nesse dia, tendo um dos presentes sugerido que primeiro de tudo era preciso deixar os Bares, para isso era fundamental arranjar-se uma habitação própria, tendo logo ali alguns se colocarem como voluntários no sentido de se conseguir um local próprio e de inteira necessidade para o fim em vista.
Aproveitando o facto de o antigo alojamento pertencente à firma GlasWerk, onde precisamente trabalhavam a maioria dos portugueses, ter começado a ficar praticamente desabitado, foi solicitado à Gerência desta, a cedência de um dos quartos dessa habitação para nos tempos livres ali nos reunirmos para os nossos jogos de cartas, tendo sido imediatamente atendido esse pedido.
Pouco tempo depois, começaram-se a efectuar obras de restauro dessa divisão, onde este grupo se veio a fixar e a permanecer alguns anos sem encargos de qualquer espécie. Em principio apenas um pequeno grupo cerca de seis a oito portugueses, mas logo a seguir aderiram outros mais, unicamente e vocacionados para jogar as cartas e passatempo.

III - Fundação do "Grupo Desportivo os Dezassete"

Como se disse, depois de devidamente restaurado esse quarto e com aderência de mais alguns portugueses que chegou a totalizar 17, foi fixado uma quotização a pagar, na finalidade de aos poucos apetrechar esta habitação com alguns artigos necessários para essas horas ali de convívio.
A partir do meio do ano de 1977, diariamente e mais concretamente nas tardes, ali nos reunia-mos para os nossos jogos de cartas e passatempo. Passou-se a ter algumas bebidas, foi depois adquirido um frigorífico, rádio e outros apetrechos que se foram adquirindo; sistematicamente através dos tempos.
Entretanto, já com o grupo de certa forma em comunidade, foi definido uma orgânica administrativa, sendo deliberado criar um órgão social, sendo formada uma direcção que ficou assim designada:- Presidente, Tesoureiro e Secretário.
Surgiu então a ideia de se dar um nome ao grupo, o que viria a acontecer sendo dado o nome de
Grupo Desportivo "Os Dezassete". Este nome escolhido teve em conta o número dos que faziam parte do grupo nessa altura, decorria então o final de 1978 e princípios de 1979, mas na ideia ficou sempre presente de que a verdadeira fundação vinha do ano 1977, quando da reunião no Bar da cidade que originou formar-se um Grupo mais alargado (considerando assim como grupo de instalação) quando o pensamento, a ideia, a iniciativa e o projecto, são as referências necessárias para tudo que se deseja criar e construir.
No entanto, tendo em conta de dar uma mais real oficialização, foi oportunamente e resolvido entre todos os associados que já faziam parte, atribuir a 1979, ano da data da fundação do
Grupo Desportivo "Os Dezassete".

Passou-se a ter estatutos que foram enviados pelo Consulado português em Hamburgo, depois de os termos solicitado. Estatutos que de uma maneira geral se enquadravam a todas as associações portuguesas já existentes.
Como não havia encargos pontuais de espécie alguma e, ainda na finalidade de evitar-se lucros parados (estando ainda no pensamento dinheiros existentes do antigo Centro extinto) os meios lucrativos (valores monetários) do
Grupo Desportivo "Os Dezassete", eram entregues aos associados, ao fim de cada ano.
Também todos os anos era efectuado um almoço convívio de todos os Sócios, que normalmente se realizava em restaurantes da cidade, sendo nesse dia também efectuado a votação, para o órgão da direcção que era eleita anualmente, votação esta feita por todos os sócios presentes, ficando a direcção formada mediante o a por pontuação do número dos votos que cada um respectivamente auferia, assim designados:- Presidente, Tesoureiro e Secretário.
Alguns anos depois, apesar de alguns irem saindo do Grupo, regresso a Portugal ou simplesmente desistindo de associado, outros foram entretanto aderindo tornando-se um Grupo maior e, por conseguinte com um maior número de associados.
Assim sendo, foram aparecendo outras ideias não tardando mesmo que começasse a surgir no pensamento uma viragem no aspecto cultural de maneira que o Grupo fosse alargado a todos os portugueses e mesmo às famílias, para que passasse a ser uma referência na comunidade portuguesa radicada nesta cidade de Wahlstedt.
Para tal era também preciso o alargamento habitacional, sendo pedido à firma proprietária do imóvel, outras dependências que continuavam ainda desocupadas, tendo a Gerência dessa firma cedido a esta nova pretensão.
Assim, de apenas uma pequena divisão passou-se a ter quase toda a totalidade das instalações dessa habitação (antigo alojamento) que com obras de restauro passou-se a ter ao dispor, primeiro, uma ampla sala, cozinha, sala de dança e arrecadações e algum tempo depois outra ampla sala foi disponibilizada e que passou a ser para o convívio diário, bem como, um grande espaço exterior relvado.

A partir de então passou-se a ter ao dispor:- Duas amplas Salas designadas (Números 1+2) uma ampla sala de dança, cozinha, um grande espaço exterior, chamado quintal, respectivas casas de banho, e ainda diversas arrecadações disponíveis no primeiro andar do imóvel. Tudo isto sem encargos pontuais de espécie alguma e com o continuado seguimento da cedência a título de empréstimo e provisório, por parte da referida firma.
Se a existência a nível habitacional era uma realidade progressiva, já no aspecto associativismo a realidade passou a ser um pouco negativa, conhecendo-se então tempos complicados. Por um lado enquanto uns preferiam impor a sua ideia desportiva e unicamente de passatempo de jogar as cartas, outros iam optando pelo caminho mais difícil de se impor na ideia cultural, que na realidade talvez fosse o mais importante para a comunidade emigrante.
Outros houve, no entanto, que se queriam impor a nível pessoal, e aqui começou a operar os modos divisíveis, onde a falta de entendimento e de uma certa falta de diálogo entre as pessoas, foram-se conhecendo tempos muito complicados e de certa forma impróprios de uma comunidade do mesmo país.
Hoje pensando-se um pouco melhor, talvez tudo isso se ficaria a dever, aos tempos que decorriam, à pouca formação de a maioria não saber o que era associativismo, por isso ignorarem os deveres e direitos e, ainda o facto talvez mais significativo da não existência de estatutos à altura e adaptados à realidade do Grupo, onde acima de tudo sobressaia o facto e o mais importante que era, o não haver encargos pontuais e por isso não existirem responsabilidades, que de certa forma noutras circunstâncias poderiam ter que conviver como responsáveis.
Perante a realidade da dimensão que o
Grupo Desportivo "Os Dezassete" passou a ter, tanto a nível habitacional e de associados, passou a imperar a força da maioria e nesse caso a mudança orgânica e administrativa e também e, o mais importante na alteração do respectivo nome, esta talvez mesmo a necessidade mais de acordo com a realidade a viver-se então. Assim numa Assembleia Geral realizada em 12 de Março de 1992, foi APROVADO por maioria a alteração do nome para o actual Clube Português de Wahlstedt, apesar de estarem em proposta outros nomes. Sendo deliberado que passasse a constar dos estatutos destinados ao novo Clube um artigo que foi designado como Artigo Nr.1, que dava como respectivo fundador, o Grupo Desportivo "Os Dezassete".

IV - Fundação do Clube Português de Wahlstedt

O Clube Português de Wahlstedt, está sediado no norte da Alemanha, mais precisamente numa pequena cidade chamada do mesmo nome:- Wahlstedt. Consta no Artigo Nr.1 dos seus Estatutos aprovados em 12 de Março de 1992, ter como fundador o Grupo Desportivo "Os Dezassete", que por sua vez tinha sido fundado em meadas da década de 70 do século XX por um pequeno grupo de portugueses. Com a mudança do nome e por conseguinte com a constituição do novo Clube Português de Wahlstedt, passou a ter-se a certeza que um passo mais em frente estava dado para bem do associativismo e da comunidade portuguesa radicada em Wahlstedt.

A actividade do Clube passou a ser vocacionada ao nível cultural, recreativo, humanitário e desportivo, mas e mais importante de tudo foi ter levado bem em frente a orientação de convívio associativo, amigo e familiar.
Em 1993, foram então elaborados os novos e próprios estatutos, uma lacuna que parecia existir até então, desajustados e não se enquadrando à realidade da evidência, porque era mais que visível que a falta de uns estatutos apropriados era o mal dos muitos problemas que continuavam a existir.
O regido do Estatutos foram feitos e elaborados por mim, estando eu certo dos problemas que afectavam o Clube, depois de um estudo aprofundado. Foi então marcada uma Assembleia Geral onde foram lidos por artigo e por alíneas a totalidade dos Estatutos, com o respectivo esclarecimento, quando alguém solicitava um melhor esclarecimento nalguma dúvida.
Foram ainda elaborado e aprovados pelos Associados, várias notas adicionais aos Estatutos, para uma melhor orientação tendo em conta que o Clube, estando em dependências da firma GlasWerk, tinha também obrigações para com os trabalhadores da referida firma, proprietária do imóvel.

Passou também a haver um melhor arquivo, os Sócios passaram a ter direitos e deveres a cumprir, começou também a haver um melhor entendimento, a existir mesmo mais diálogo, tudo isso de acordo com os Estatutos e Notas adicionais.
Certo é, que o clube instalado à mais de duas décadas em instalações da firma GlasWerk e numa situação provisória, nunca foi de comum acordo dos associados, determinado em Assembleia Geral, de tornar oficializado e legalizado o Clube, perante os organismos governativos e entidades administrativas locais, o mesmo aconteceu a nível governativo português.

No entanto, e apesar dessa situação nunca ter sido oficializada, foi sempre a preocupação dos dirigentes do Clube, estarem bem reconhecidos e sempre em pleno contacto institucional com o Consulado da área de jurisdição, bem como, com a Embaixada na Alemanha o que veio sempre acontecer.
Foram também empreendidos esforços no sentido duma abertura para o exterior a todos os níveis, por isso, hoje com orgulho se poder dizer sermos bem reconhecidos a nível local, regional e por toda Alemanha, nos mais variados aspectos governativos, populacional, organismos e até pela comunicação social.
O Clube Português de Wahlstedt, chegou a ter mais de uma centena de sócios efectivos, que incluindo o agregado familiar, chegou a ultrapassar a soma de mais de 140 pessoas a auferirem benefícios em festas ou outros eventos destinados aos Associados.
Entretanto, os Estatutos iam sofrendo progressivas alterações, adaptando-se aos tempos que iam decorrendo e que foram importantes e necessários para uma melhor justiça social. Registando-se como exemplo em as senhoras (Cônjuges) passarem à condição de Associadas, passando dessa forma o Clube a ter um maior número de Sócios efectivos. Por esse motivo, anos depois chegou a ter como presidente uma senhora o que foi dessa forma uma transformação grande e de registo na história do clube.
Como se disse anteriormente, e será prematuro voltar a dizer, a existência deste nosso clube não tem sido totalmente pacífica ao longo da sua existência. Conflito e desnorteio de uns, compreensão e harmonia de outros, algumas confusões de mal entendidos, enfim, coisas próprias da nossa cultura e do povo que somos, mas que no fundo foi prevalecendo a ideia e o objectivo de que a existência do nosso Clube era uma referência portuguesa e, um bem positivo para todos aqueles que pertenciam ao Clube, ou que vieram depois a pertencer, assim como, uma porta aberta ao dispor para toda a comunidade portuguesa nesta cidade de Wahlstedt.

Considerando que temos apenas como despesas a manutenção das dependências, a compra dos respectivos apetrechos, que por isso nos pertencem, artigos de consumo, etc., assim como, sem se pagar renda, luz e mesmo aquecimento, não há dúvida que somos nós os Sócios a auferir todos as regalias e proveitos deste nosso clube, por isso nos poderemos também considerar privilegiados e talvez uma das poucas Associações portuguesas por esse mundo fora nesta situação.
Os valores monetários que entram e com os quais o clube vive, são relacionados às receitas da quotização, diárias, dias do "Disco" e convívios e ainda as Festas normalmente programadas em dias especiais do ano.
O encargo pontual do Clube resume-se à Taxa de televisão, ao telefone e uma ou outra despesa não pontual. Neste prisma e tendo em conta de o Clube não ter encargos pontuais elevados, o verdadeiro objectivo tem sido oferecer aos Associados e suas famílias todos os benefícios possíveis. Assim ao longo do ano o Clube oferece aos seus associados:- o Almoço anual do Clube, Festa da Passagem do Ano, oferta de festa para os pais, mães e crianças, apoios de solidariedade, e até de quando em vez uma ou outra excursão turística a outros pontos aqui na Alemanha.
Os Corpos Gerentes do Clube, eram eleitos por um período de um ano, recentemente foi alterado o artigo dos estatutos, passando a ser eleitos por um período de dois anos. A votação é feita para cada um dos órgãos do Clube:- Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal. O nome mais votado em cada uma dessas listas, escolhe os restantes elementos para formar esse órgão directivo.
O Clube através dos tempos tem vivido sempre com o presente e velho dilema da falta de candidatos, para fazerem parte dos órgão sociais, o que demonstra por vezes a pouca motivação e falta de interesse ou mesmo capacidade, tem valido, no entanto, a carolice de alguns, que vão-se candidatando com algum esforço, para que o Clube não desapareça, no sentido de que continue a ser uma presença viva da nossa cultura nesta cidade em que estamos radicados.
A existência de uma Associação portuguesa onde quer que exista, é de extrema necessidade tornando menos dolorosas as saudades com o nosso país e ainda uma aproximação mais estreita entre regiões e terras de Portugal, bem como manter-se bem presente a razão da nossa identidade e da nossa cultura, mas mais importante ainda será para as gerações de portugueses que se vão seguindo, sintam sempre a presença de um país de seus antepassados que muito fizeram pela terra que mesmo longe dela a tinham sempre presente.

O Clube Português de Wahlstedt é assim uma das muitas associações portuguesas espalhadas pelo mundo da emigração, em que a finalidade principal dos seus dirigentes, por mais problemas que se façam sentir, é tudo superarem, porque há uma certeza de manter bem viva a continuidade dum panorama de existência estre as pessoas, num verdadeiro espirito de convívio, amizade e fraternidade.

Notas Complementares

Datas Significativas
- 1976 - Primeiro encontro do Grupo num dos Bares da cidade (reunião de instalação)
- 1977-1978 - O Grupo instala-se numa das divisões do antigo "Alojamento" (escolhido o nome a atribuir ao Grupo)
- 1979 - Ano atribuído à fundação do Grupo Desportivo "Os Dezassete" (desconhecida a data concreta/dia e mês)
- 1992 - Alteração do nome para Clube Português de Wahlstedt
- 1993 - Elaboração dos Estatutos do Clube e Notas Adicionais

Notas do Autor

1.- Lamenta-se o facto de através dos tempos e sistematicamente ter desaparecido muita da escrita relacionada, primeiro ao primitivo Grupo Desportivo "Os Dezassete" e depois também relacionada ao Clube Português de Wahlstedt, que assim por esse facto nos leva a não poder-mos registar datas concretas e, que hoje seriam de importância vital para uma melhor actualização e registo da história deste Clube e da comunidade portuguesa nesta cidade de Wahlstedt.
2.- A partir de 1992, o processo de arquivo começou a ser mais eficaz, por isso, desde então passou a ser possível conhecer-se todos os registos, que ainda se tem devidamente arquivado.
3. - No resumo total vamos pois considerar como datas os anos para assim nos centralizarmos no tempo.

Cumpre-me a mim, Adelino Manuel Martins de Pina, ter esta iniciativa de fazer o registo da história de um clube português no estrangeiro, tendo em conta de ser já dos poucos desses tempos já longínquos, para que desta forma esta narração fique registada para a posteridade e, como registo histórico da emigração portuguesa no mundo.
Adelino Manuel M. de Pina
2001

Este "Registo da Resenha História de um Clube Português no Estrangeiro" foi objecto de um trabalho elaborado e enviado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesa no Estrangeiro - que contribuiu para que o Clube Português de Wahlstedt fosse distinguido com a atribuição de um subsídio.

(Registado aqui - Ano de 2010)


A História da Electricidade (27)

A história da electricidade foi marcada pela evolução técnica e pelos desenvolvimentos científicos, estendendo-se a variados campos da ciência e a inúmeras aplicações de ordem prática. Apresentamos aqui uma pequena abordagem a essa história, rica de acontecimentos e descobertas, desde os seus primórdios na antiguidade grega até ao princípio do século XX. Trata-se de uma pequena descrição de acontecimentos, invenções e curtas biografias dos homens que estiveram na base dessa evolução.
A palavra Electricidade provém do latim electricus, que significa literalmente "produzido pelo âmbar por fricção". Este termo tem as suas origens na palavra grega para âmbar elektron. O filósofo, astrónomo e matemático grego Thales de Mileto (634 a.C. - 548 a.C.), ao esfregar um pedaço de âmbar numa pele de carneiro, observa que este atrai pedaços de palha, testemunhando uma manifestação de electricidade estática.
Teofrasto de Ereso (séc. 3 a.C.), outro filósofo grego, descobre que diversos materiais diferentes dos utilizados por Thales de Mileto possuíam as mesmas características.

No início do primeiro milénio, Séneca Lúcio Anneo (nasceu em Córdova, Itália, em 5 a.C., morreu em Roma em 65 d.C.), um escritor e filósofo latino distingue três tipos de raios, nomeadamente: "raios que incendeiam, os que destroem e o que não destroem".
Em 1600, William Gilbert dedica-se ao estudo destes fenómenos e verifica que outros corpos possuem a mesma propriedade do âmbar. Designa-os com o nome latino 'electrica'. Mais tarde publica a obra que o irá imortalizar - 'De Magnete'.
A partir do século XVII, começam estudos para uma melhor percepção do fenómeno da electricidade, nomeadamente a electrificação por atrito demonstrada por uma máquina inventada por Otto von Guericke em 1672.
Os marcos na história da descoberta e controlo da electricidade começam por volta de 1729 com a descoberta por Stephen Gray da condução da electricidade, distinguindo entre condutores e isolantes eléctricos, bem como da indução electrostática.
Em 1733, Charles François de Cisternay du Fay e o padre Nollet distinguem duas espécies de electricidade (a vítrea e a resinosa) e enunciam o princípio da atracção e repulsão das cargas eléctricas.
Em Outubro de 1745, o holandês Ewald Georg von Kleist descobre que a electricidade é controlável e inventa a garrafa de Leiden (as primeiras experiências tomam lugar em Leiden, Holanda), a percursora do condensador. O condensador é descoberto independentemente por Ewald Georg von Kleist e por Pieter von Musschenbroek. O condensador consistia numa máquina com a capacidade para armazenar cargas eléctricas e era constituído por dois corpos condutores separados por um isolante fino.
Em 1750, Benjamin Franklin descobre que os relâmpagos são o mesmo que descargas eléctricas e propõe a ideia de pára-raios que afastariam os raios das habitações, tornando estas mais seguras e menos sujeitas a fogos. Em 1752, Franklin apresenta os resultados da sua experiência com "papagaios de seda" à Royal Society.
Por influência de Franklin, um dos seus grandes apoiantes nas pesquisas sobre electricidade, Joseph Priestley publica em 1767 uma obra com o título 'The History and Present State of Electricity' onde faz uma compilação das teorias da época, que vai levá-lo a entrar para a Royal Society.
Charles Augustin de Coulomb publica em 1785, estudos sobre medição das forças de atracção e repulsão entre dois corpos electrizados (Lei de Coulomb), inventando aquilo que veio a ficar conhecido por balança de Coulomb.
Em 1788, James Watt constrói a primeira máquina a vapor, importante invento impulsionador da 1ª Revolução Industrial.
Em sua honra, foi dado o seu nome à unidade de potência eléctrica - watt [W].
Em 1799, é fundado o Royal Institution of Great Britain que vem apoiar o campo de investigação da electricidade e magnetismo.
Neste mesmo ano Alessandro Volta prova que a electricidade pode ser produzida utilizando metais com diferentes polaridades separados por uma solução salina. Volta utilizou discos de cobre e zinco separados por feltro embebido em ácido sulfúrico para produzir este efeito.
Alessandro Volta ajuda a explicar a experiência de Luigi Aloisio Salvai em 1786, colocando entre dois metais a perna de uma rã morta produzindo contracções nesta.
Ao agregar estes discos uns por cima dos outros, Volta cria a primeira Pilha Eléctrica, a primeira forma controlada de electricidade contínua e estável. Em sua honra, foi dado o seu nome à unidade de medida de potencial eléctrico - volt [V].
Em 1802, Humphry Davy experimenta no campo da electrólise e separa o sódio e o potássio.
Dez anos mais tarde, Joseph Baptiste Fourier apresenta a sua teoria sobre a condução do calor através de corpos sólidos.
Em 1815, a refracção da luz é explicada por Augustin-Jean Fresnel que estabelece também a teoria da luz polarizada.
Em 1819, Hans Christian Oersted detecta e investiga a relação entre a electricidade e o magnetismo (electromagnetismo).
André Marie Ampère desenvolve em 1820 o estudo e estabelece as leis do electromagnetismo. Em sua honra, foi atribuído o seu nome à unidade de medida de intensidade de corrente eléctrica - ampere [A].
Também em 1820, Pierre Simon Laplace, que desenvolveu uma importante actividade científica em variados domínios, formula o cálculo da força magnética. Neste mesmo ano, Jean Baptiste Biot enceta estudos que viriam a resultar na Lei de Biot-Savart sobre campos magnéticos.
Em 1827, Joseph Henry começa uma série de experiências electromagnéticas e descobre o conceito de indução eléctrica, construindo o primeiro motor eléctrico.
No mesmo ano, Georg Simon Ohm, ao trabalhar no campo da corrente eléctrica desenvolveu a primeira teoria matemática da condução eléctrica nos circuitos. O trabalho não recebeu o merecido reconhecimento na sua época, tendo a famosa Lei de Ohm permanecido desconhecida até 1841, ano em que recebeu a medalha Conpely da Royal Britannica. Em sua honra, o seu nome foi atribuído à unidade de resistência eléctrica ohm [?].
George Gérmen publica em 1828 a sua obra mais importante intitulada 'Experiência de aplicação da análise matemática à teoria da electricidade e ao magnetismo' que resultou de um estudo mais aprofundado do trabalho desenvolvido por Poisson.
Em 1831, Michael Faraday descobre o fenómeno da indução electromagnética, e explica ser necessária uma alteração no campo magnético para criar corrente pois a sua mera existência não é suficiente. Faraday descobre que a variação na intensidade de uma corrente eléctrica que percorre um circuito fechado, induz uma corrente numa bobine próxima. É também observada uma corrente induzida ao introduzir-se um imã nessa bobine. Estes resultados tiveram uma rápida aplicação na geração de corrente eléctrica.
Em 1834, Karl Friederich Gauss, um dos mais notáveis matemáticos de todos os tempos, produz com o contributo de Wilhelm Eduard Weber e a partir de estudos matemáticos, o primeiro telégrafo electromagnético bem sucedido.
Antigo aluno e amigo pessoal de Laplace, Siméon-Denis Poisson publica em 1835 uma obra sobre termodinâmica onde expõe a sua teoria matemática do calor e na qual aparece pela primeira vez a integral que leva o seu nome.
Em 1838, Samuel Finley Breese Morse conclui o seu invento do telégrafo, que passou a ser adoptado industrialmente.
Cinco anos mais tarde, James Prescott Joule determina o equivalente mecânico do calor expressando o seu convencimento de que sempre que se emprega uma força mecânica se obtém um equivalente exacto em calor.
Em 1852, Gabriel Stokes dá a primeira explicação sobre o fenómeno da fluorescência observando o efeito da luz ultravioleta sobre o quartzo.
William Thompson (Lord Kelvin), cujos estudos científicos foram influenciados por Joule, inventa em 1858 um instrumento destinado a medir pequenas correntes eléctricas, o galvanómetro. Havia também já apresentado anteriormente um trabalho sobre termodinâmica onde estabelecia o principio da dissipação da energia.
No ano seguinte, Gustav Robert Kirchhoff realiza análises espectrais da luz que viriam a formar a base da interpretação do raio luminoso e da teoria quântica.
Em 1860, Antonio Pacinotti constrói a primeira máquina de corrente contínua com enrolamento fechado em anel e nove anos mais tarde Zénobe Gramme apresenta a sua máquina dínamo-eléctrico, aproveitando o enrolamento em anel.
Na Gare du Nord em Paris, é instalado em 1875 um gerador para abastecer as lâmpadas da estação. Foram fabricadas máquinas a vapor para movimentar os geradores, incentivando quer a invenção de turbinas a vapor quer a utilização de energia hidroeléctrica. A primeira central hidroeléctrica é instalada nas cataratas do Niagara em 1886.
A distribuição de electricidade é feita inicialmente em condutores de ferro, seguindo-se o cobre e posteriormente, em 1850, fios isolados por uma goma vulcanizada.
Em 1873, é realizada pela primeira vez a reversibilidade das máquinas eléctricas, através de duas máquinas Gramme a funcionar, uma como geradora e a outra como motora.
Neste mesmo ano é publicado o Tratado sobre Electricidade e Magnetismo por James Clerk Maxwell.
Este tratado, juntamente com as experiências levadas a efeito por Heinrich Rudolph Hertz em 1885 sobre as propriedades das ondas electromagnéticas geradas por uma bobine de indução, demonstra que as ondas de rádio e luz são ambas ondas electromagnéticas, diferindo estas duas apenas na sua frequência.
Apesar de já em 1860 o italo-americano Antonio Meucci ter inventado um rudimentar método de telecomunicações, é um funcionário seu que anos mais tarde, em 1876, Alexandre Graham Bell patenteia o primeiro telefone com utilização prática, dois anos depois de a patente de Meucci ter caducado.
Thomas Alvas Edison faz, em 1879, uma demonstração pública da sua lâmpada da incandescência, pondo fim à iluminação tradicional (por chama de azeite, gás, etc.), que foi rapidamente substituída pela de origem eléctrica.
No mesmo ano, Ernst Werner von Siemens põe a circular o primeiro comboio movido a energia eléctrica na exposição de Berlim.
Na década subsequente ensaiam-se os primeiros transportes de energia eléctrica em corrente contínua. Máquinas eléctricas como o alternador, o transformador e o motor assíncrono são desenvolvidas ao ser estabelecida a supremacia da corrente alterna sobre a corrente contínua.
É instalado o primeiro serviço público de carros eléctricos em Berlim em 1881 e construída a primeira rede de distribuição eléctrica em corrente contínua em Godalming, Inglaterra.
Por esta altura, ficou célebre uma polémica que viria a ser conhecida pela 'guerra das correntes', com Edison por um lado, a liderar os defensores da corrente contínua e Nikola Tesla, criador da corrente alterna, a defender as virtudes desta nova modalidade de corrente, contando para isso com o importante apoio de George Westinghouse.
Antigo aluno de Maxwell, John Henry Poynting estabelece em 1884 a equação que determina o valor do fluxo da energia electromagnética, conhecida por vector de Poynting.
Em 1887, Albert Abraham Michelson realiza com o seu colega Edward Williams Morley a denominada experiência Michelson-Morley para estudar o movimento da Terra através do éter, meio que se julgava necessário para a propagação da luz e que existiria no espaço, utilizando para isso um instrumento inventado por si, o interferómetro.
Em 1892, Charles Proteus Steinmetz descobriu a histerese magnética, que descreve a dissipação de energia ocorrida num sistema, quando submetido a uma força magnética alternada. Desenvolveu as teorias no âmbito da corrente alterna que tornaram possível a expansão da industria nos Estados Unidos da América.
Um ano depois, George Francis Fitzgerald e Hendrik Antoon Lorentz ao estudarem os resultados da experiência de Michelson-Morley, descobrem as contracções de Lorentz-Fitzgerald, fenómeno que ocorre nos corpos em movimento à medida que estes são submetidos a um acréscimo de velocidade.
Guglielmo Marchese Marconi aproveita estas ideias para dez anos mais tarde utilizar ondas de rádio no seu telégrafo sem fio. Em 1901 é transmitida a primeira mensagem de rádio através do oceano Atlântico.
O russo Alexander Stepanovich Popov constrói em 1895, um aparelho que podia detectar ondas de rádio e ser utilizado como receptor de sinais, nascendo assim a primeira antena.
Ainda no mesmo ano, John William Strutt (Lord Rayleigh) descobre o gás Argon existente no ar na percentagem de 1% e que é utilizado no enchimento de lâmpadas eléctricas.
Em 1897, Joseph Jone Thompson descobre o electrão, partícula de carga negativa presente no átomo.
Oliver Heaviside prevê em 1902, a existência de uma camada ionizada da atmosfera, também conhecida por ionosfera, que permitia a transmissão de sinais de rádio à volta do mundo e sem a qual, de outro modo se perderiam no espaço.
Albert Einstein, um dos mais célebres físicos da História, apresenta em 1905 a sua teoria especial da relatividade que abriria novos caminhos para o desenvolvimento da física.
Em 1907, Ernest Rutherford, Niels Bohr e James Chadwick estabelecem a actual definição de estrutura do átomo, até então considerada a mais pequena porção de matéria não divisível.

(Registado aqui - Ano de 2011)


A História da Emigração Portuguesa na Alemanha (28)

Não obstante da existência de fluxos emigratórios (não por meios legais) de portugueses para Alemanha, mais concretamente para o norte deste país, antes de 1964, a acentuada emigração portuguesa para a Alemanha, como termos oficializados, começou a ser uma realidade em 17 de Março de 1964, quando os governos de Portugal e da Alemanha assinaram o "Acordo Relativo ao Recrutamento e Colocação de Portugueses na República Federal da Alemanha".
A partir de então começou-se a ver os primeiros portugueses a partir para Alemanha, para logo depois se tronar bem real um êxodo emigratório com destino àquele país (que esteve bastante ativo durante nove anos até 1973) tratando-se de trabalhadores qualificados ou não, o destino era na maioria dos casos destinada à atividade industrial, na altura em grande expansão nesse país, mas também para a construção civil e para outras atividades, pois na realidade a falta de mão-de-obra, era uma enorme carência com que se debatia Alemanha, por isso, ser grande a necessidade de recrutamento de mão-de-obra em outros países, incluindo Portugal, que deram um contributo importante para o chamado "Milagre Económico Alemão".
É certo também, que era tempos, em que a saída dos portugueses de Portugal, estava a um certo condicionalismo e não destinada a toda a população em geral, tendo muito a ver com a Guerra do Ultramar bastante ativa, a proibição de saída do Portugal a indivíduos de mais de 16 anos de idade era um facto a ter em conta. Só era permitido a saída do país a pessoas com o serviço militar já cumprido, a indivíduos de profissões não classificadas e às pessoas com idades a rondar os 30 anos.

Estando nessa altura, bem presente uma emigração clandestina, nomeadamente, recorrendo ao sistema do "Salto" nome popularmente dado ao meio clandestino, para assim conseguir a concretização do objetivo para chegar à França, começaram então muitos portugueses a ver com a assinatura desse acordo entre os governos de Portugal e da Alemanha, uma saída mais ambiciosa para procurarem um meio de vida melhor, não tardando que se fosse tendo cada vez mais conhecimento de potenciais emigrantes, no desejo de a sair com destino à Alemanha, onde os esperava maior oferta de postos de trabalho, melhores remunerações, melhores condições de vida, melhor assistência social na doença e na velhice, motivação mais que suficiente que levou muitos portugueses a concentraram-se na ideia de emigrar para Alemanha.
Deve-se também dizer, que ao princípio, parecia haver uma certa desconfiança, pois a maioria das pessoas tinham alguns receios, não se convenciam e não pareciam terem bem a certeza, de verem o governo ditador absolutista português de um momento para outro, tão benevolente para com o povo.
De qualquer das formas, aos poucos foi-se notando cada vez mais pessoas a recorrerem ao instituto do emprego, fazendo a inscrição e na procura de um contrato, sabendo-se de cada mais pessoas interessadas e assim durante ainda esse ano de 1964, terem sido largas centenas de portugueses a rumar para a Alemanha.
Naquela época, quem quisesse emigrar era necessário recorrer à Junta da Emigração (JE) inserida no instituto do emprego, obter um passaporte válido para sair do País, tinha também de e preencher uma série de requisitos. Ter o serviço militar cumprido, apresentar uma certidão do registo criminal, documentar o grau de escolaridade, entregar uma certidão de nascimento, comprovar o estado civil e assinar uma declaração em que se responsabilizava pelo bem-estar da família.

Os contratos assinados entre o interessado e empresa de destino, consistia na maioria dos casos de duração de um ano, findo este, estavam então livres para poderem procurar outros empregadores, que lhes desse mais regalias. Antes das assinaturas dos contratos, os potenciais emigrantes eram sujeitos a inspeção de saúde, centralizados em Lisboa, só depois sim, era recebida a luz verde para embarcar.
O transporte na maioria dos casos de comboio fretados para o efeito, viagem de cerca de 3.000K. que durava dois dias, com a chegada à Alemanha, à estação de comboios da cidade de Colónia, onde ai então, era cada qual enviado para as respetivas empresas do destino, continuando a viagem, mas a partir de então já com intérpretes, que os levavam às respetivas firmas, viagens pela Alemanha que muitos por vezes, ainda tinham que andar o dia todo para chegar ao destino definitivo.
Na verdade a emigração para Alemanha somente abrangia gente para trabalhar, abranger o agregado familiar tinha de certa forma termos de condicionalidade, aliás, a restrições existentes impossibilitava isso mesmo, por isso, com a partida do casal, muitos desses na altura já com filhos, eram obrigados a deixá-los em Portugal com as famílias. Assim numa primeira fase e só depois de terem condições condignas e se sentirem mais confiantes, muitos tiveram a preocupação de irem buscar os seus filhos para junto deles, no entanto, muitos outros optaram por os manter sempre no seu país, pelo facto de muitos também terem em pensamento a perspetiva temporária.
Durante nove anos e nos termos do acordo, saíram de Portugal milhares de portugueses com destino à Alemanha, em Setembro de 1973, dá-se a primeira crise internacional do petróleo e por conseguinte uma profunda alteração na europa, com a grave crise económica internacional a ter reflexos nas economias dos países europeus, que como era natural veio atingir a emigração, com deflagrar de uma politica de "porta fechada" nos países do destino normalmente procurados pelo fluxo emigratório, que a partir de então começa logo a descer consideravelmente aquele o êxodo da saída dos portugueses para Alemanha.
Apesar de tudo isso, nos anos seguintes a comunidade portuguesa na Alemanha, por estranho que pareça, foi sempre crescendo, só que desta vez era a vinda para Alemanha dos agregados familiares, esposas e filhos, que vindo como turistas e depois de serem submetidos às respetivas inspeções iam ficando, engrossando assim a comunidade portuguesa naquele país.
Como certeza, a comunidade portuguesa na Alemanha chegou a ultrapassar os 130.000 portugueses, números oficializados, que passaram a fazer parte do historial da emigração portuguesa neste país ao longo dos anos da sua história.

Convêm dizer que a emigração para Alemanha e para os outros países europeus, ao contrário dos emigrantes para lá do oceano, que tinham na emigração uma perspetiva definitiva e de integração, os portugueses que abandonavam a sua terra e o seu país para os países europeus, devido ao especto geográfico, nunca cortaram com as suas origens e tinham mesmo uma perspetiva temporal limitada, quer concretiza-se ou não os seus objetivos, por isso, no pensamento parecia sempre estar presente o regresso. Assim, nesse prisma, a origem da manutenção das relações regulares com a terra natal, à qual de uma maneira geral parecem a ela ficarem sempre ligados, foi sempre um mote para que a emigração portuguesa na Alemanha, não tivesse a nível geral uma total integração nesse país de acolhimento.
Com a previsão da entrada do nosso país no Mercado Comum europeu nos primeiros anos da década de 1980, um fenómeno no âmbito da emigração se fez sentir, desta feita o regresso para muitos.
Pelo facto do levantamento dos fundos dos descontos sociais na Alemanha, possível no seu levantamento, antes da integração de Portugal na EU em Janeiro de 1986, também pelo incentivos monetários dos chamados "subsídios de regresso" aliciados pela nova política do governo alemão para regressarem aos seus países, também ainda pelo facto de muitas famílias terem, entretanto, realizado o seu projeto na europa, muitos portugueses começaram a regressar a Portugal, regressando assim às suas origens, só que desta vez não eram só eles que regressavam eram também seus filhos nascidos na Alemanha, uma situação nova e de exigência com a integração dos seus filhos, a uma nova terra e a um outro meio, conhecendo então muitos uma outra realidade e preocupações, com muitos dos regressados mais tarde se aperceberem da frustração do regresso, sendo então bem visível o arrependimento e um novo pensamento de emigrar.

Na última década do século XX, com Portugal dentro do chamado comboio da europa, o estatuto de emigrante passou a não ser o mesmo, como foi nesses tempos da verdadeira emigração. Com uma política europeia sem existência de fronteiras e por isso de livre circulação de cidadãos dentro da Comunidade, apesar da existência de restrições na procura de trabalho em cada um desses países membros, voltou a estar presente nos portugueses uma forte motivação para partirem para Alemanha, principalmente os filhos que ali tinham nascido, porque esses muitos nunca conseguiram uma total integração, sabendo que na Alemanha poderiam ter melhores condições de vida.
Hoje em dia, passado mais de quatro décadas, não deixa de ser curioso o facto de continuar a existir emigração para Alemanha, onde foram através dos tempos chegando portugueses, procurando tal como no passado, uma vida melhor que apesar de hoje em dia o seu país, já nada a ter a ver com os tempos passados, continuar no entanto, a viver em crises económicas que faz continuar a existir o pensamento de emigrar.

***

Armando Rodrigues de Sá

A história da emigração portuguesa na República Federal da Alemanha, é na verdade grandiosa, muito se poderia contar, escrever e recordar histórias sem fim, mas há um acontecimento que ficou bem gravado e que vale sempre recordar, que consta mesmo do museu e centro de documentação dedicado à emigração na Alemanha, bem como a sua fotografia fez parte dos manuais escolares germânicos por isso, fazendo parte da história alemã, que provavelmente muitos nunca ouviram falar em Portugal. Pois bem, trata-se do português Armando Rodrigues de Sá, que ficou muito conhecido na Alemanha, quando na sua chegada a este país ao ser considerado o número milionésimo gastarbeiter - que traduzido em alemão quer dizer trabalhador convidado.
Armando Rodrigues de Sá, tinha nascido em Vale de Madeiros, concelho de Viseu, a 4 de Janeiro de 1926. Aos 19 anos casou-se com Maria Emília Pais. Ela tinha 15 anos. Segundo quanto se sabe o namoro e o casamento nunca foi de total agrado do pai da jovem, porque sendo gente abastada com muitas terras, não conseguia aceitar ver a sua filha casada com o Armando, filho de pais pobres. O que é certo, é o amor ter prevalecido e casaram. Tiveram dois filhos. João e Rosa. Armando trabalhava na Companhia Portuguesa de Fornos Elétricos. Era carpinteiro. E apesar de ter emprego decidiu tentar a sorte na Alemanha, porque na altura havia já muita gente da sua zona a emigrar para esse país.
Armando Rodrigues de Sá, foi pois considerado o trabalhador estrangeiro, com o número de "um milhão" é uma história rica que vale a pena e deve ser sempre contada nas crónicas relacionadas à emigração na Alemanha.

Recordamos aqui a crónica da época:

"Estava tudo a postos. As bandeiras. Os cartazes de boas vindas. A banda. Os empresários. Os fotógrafos. As câmaras de televisão. Faltavam apenas os "convidados". Um em especial. Era dia 10 de Setembro de 1964. Naquela manhã, chegavam à estação de Deutz, em Colónia, na Alemanha, dois comboios com 1106 trabalhadores estrangeiros: 933 espanhóis e 173 portugueses. E ao contrário do que acontecia habitualmente, iam ter direito a um comité de boas vindas. Motivo: assinalar a chegada do milionésimo gastarbeiter - trabalhador convidado.
A primeira locomotiva entrou na estação pouco depois das 8h. A segunda cerca de duas horas mais tarde. Assim que o comboio parou, os passageiros desceram para o cais, intrigados com tanto aparato. Um intérprete começou então a percorrer as filas de trabalhadores e a gritar com um sotaque germânico: "Armando Rodrigues, Armando Rodrigues".
Ao fundo da plataforma, Armando Rodrigues de Sá, 38 anos, não sabia o que fazer. "Ficou assustado, achou que era a PIDE". Nervoso, tentou esconder-se. Por alguma razão que desconhecia poderiam querer prendê-lo. Ou enviá-lo de volta para Portugal, tal como tinha acontecido a 24 parceiros de viagem que não tinham os papéis em ordem e que acabaram por ficar na fronteira.
A contragosto - e incentivado pelos companheiros de viagem que gritaram "está aqui, está aqui" - o carpinteiro português avançou. "Então o intérprete explicou-lhe que era o operário um milhão a chegar à Alemanha e que o governo tinha um prémio para ele.
Levado para o centro da plataforma, Armando Rodrigues de Sá, foi rodeado pelos representantes dos industriais alemães. A banda começou a tocar. Os fotógrafos aproximaram-se e dispararam as máquinas. Os operários gritaram vivas a Portugal e a Espanha. As câmaras de televisão captaram as imagens da festa. Apesar dos dois dias de viagem, o homenageado distinguia-se dos demais: de camisa, casaco e chapéu da cabeça, contrariava a imagem que havia sobre os povos do sul da Europa. Aos poucos, a tensão do seu rosto desapareceu. Foi substituída por um largo sorriso quando lhe deram para a mão - para além de um bouquet de flores e de um diploma que assinalava a ocasião - uma mota nova, da marca Zundap.
Ele nem sabia "andar" de motorizada, mas lá lhe pegou com a mão e acabou de se sentar nela, mas só para tirar fotografias". Envergonhado, agradeceu, e disse aos jornalistas que a recepção atenuava a dor da separação da família, mulher e dois filhos, que deixou em Portugal."

Deve-se também recordar que Armando Rodrigues de Sá, esteve na Alemanha durante seis anos, despachou para Portugal a moto Zundap que recebeu. Em 1970 foi vítima de um acidente de trabalho, a montar uns painéis de madeira apanhou com um no estômago. De regresso a Portugal o carpinteiro nunca mais esteve totalmente bem. Passado alguns anos foi-lhe diagnosticado um cancro. Passou os anos seguintes em tratamentos. Foi operado em Lisboa e ainda regressou para casa, veio a falecer a 5 de Junho de 1979.

*****

A vila de Loriga, situada nas fraldas da Serra da Estrela; a localidade do concelho de Seia mais emigratória e com loriguenses nas quatro partes do mundo, fazendo assim parte da história da emigração. Desde sempre pareceu estar no sangue do povo loriguense um desejo enorme de emigrar, onde ressalva duas fases de emigração, a brasileira e europeia num mesmo potencial económico e social, que no entanto, não se poderá dizer na respetiva integração nesses países de acolhimento, que enquanto, além-mar a integração foi na generalidade, para a europeia não foi bem assim.

Recordar-se a emigração loriguense para Alemanha, deve dizer-se que quando os loriguenses começaram a ter conhecimento do "Acordo Relativo ao Recrutamento e Colocação de Portugueses na República Federal da Alemanha" viram assim uma oportunidade a explorar, ao principio ficaram com algumas reserva e a desconfiança era também grande, tendo tudo também a ver, por Loriga ser uma localidade industrial, por isso, todos os cuidados eram poucos, sendo tudo feito pela calada, como se dizia na gíria, mas aos poucos foram tendo mais informação dessa realidade, não tardando pois que alguns loriguenses se inscrevessem nos centros de emprego, numa ansiedade de arranjar contrato de trabalho, algum tempo depois partiram para Alemanha os primeiros loriguenses tudo isso nas meadas desse ano da assinatura do acordo, que como se disse tinha sido assinado a 17 de Março de 1964.

(Registado aqui - Ano de 2012)


Set/1999 - net/prod.© c.Site AMMPina